Roma, Apr 4, 2019 / 13:00 pm
O Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, condenou o contínuo abuso contra o direito à liberdade religiosa em muitas partes do mundo, por isso insistiu aos meios de comunicação que ressaltem a perseguição religiosa onde quer que aconteça.
"Apesar de tantos esforços para promover e reforçar o direito humano fundamental da liberdade religiosa, atualmente estamos testemunhando uma deterioração constante, poderíamos dizer inclusive de um assalto a este direito inalienável em muitos locais do mundo", disse o Cardeal Pietro Parolin.
O Purpurado participou de um simpósio sobre liberdade religiosa realizado na Embaixada dos Estados Unidos junto à Santa Sé, onde afirmou que a compreensão adequada dos direitos humanos deve estar enraizada em uma autêntica antropologia que coloque a fé religiosa como o centro da pessoa humana.
No simpósio intitulado "Permanecer juntos para defender a Liberdade Religiosa Internacional", o Cardeal Parolin disse aos participantes que a realidade da perseguição religiosa global é geralmente ignorada.
"Apesar da forte proteção que a liberdade religiosa tem no marco do direito internacional, incluindo a sua clara apresentação na Declaração Universal dos Direitos Humanos e no Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, estamos testemunhando graves violações deste princípio fundamental que muitas vezes ocorrem impunemente e que, às vezes, recebem pouca ou nenhuma atenção da mídia", afirmou.
O Secretário de Estado do Vaticano destacou a importância dos jornalistas na defesa da liberdade religiosa e declarou que "aumentar a conscientização pública sobre a realidade da perseguição religiosa, particularmente através da rapidez dos meios digitais que temos disponíveis, continua sendo um passo útil para abordar as violações" a este direito.
O Cardeal disse que "os envolvidos na área dos meios de comunicação e das comunicações sociais devem trazer à luz as realidades que ameaçam o bem comum da família humana".
Os direitos humanos e a liberdade religiosa têm sido uma área muito debatida da política externa do Vaticano nos últimos doze meses. Um acordo recente com o governo comunista chinês, mediado em parte pelo Cardeal Parolin, cedeu alguns aspectos relacionados com as nomeações episcopais em Pequim, com a esperança de facilitar o controle comunista sobre a Igreja nesse país.
Sam Brownback, embaixador da Liberdade Religiosa Internacional nos Estados Unidos, expressou que a China "continua violando o direito sagrado à liberdade religiosa que está na sua Constituição e também consagrado na Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU".
O Cardeal Parolin também falou sobre o aumento dos "novos direitos" em uma cultura que perdeu de vista as raízes da natureza humana na lei natural.
"O apoio de princípios da lei natural, da família e os problemas da vida por parte dos crentes religiosos está sendo atacado", advertiu o Purpurado. Assinalou também que a sociedade secular não considera as crenças religiosas como sendo uma parte essencial da natureza humana.
"Alguns dos chamados 'novos direitos humanos' tendem, às vezes, a entrar em conflito com os direitos humanos fundamentais reconhecidos universalmente, incluindo a liberdade religiosa e o direito à vida", afirmou o Cardeal Parolin.
"Por exemplo, o exercício da liberdade religiosa, especialmente na praça pública, com respeito à instituição do casamento ou em relação ao direito inviolável de toda vida humana, muitas vezes enfrentam os chamados 'novos direitos' que tendem a apresentar-se, ou invadir, em completa contradição com esses direitos humanos fundamentais", acrescentou.
Indicou que, "quando se fala em liberdade religiosa, nunca devemos perder de vista as bases antropológicas desse direito. Fazê-lo é correr o risco de compreender a liberdade religiosa como algo secundário da pessoa humana, como algo que é concedido a partir de 'fora' da pessoa, inclusive pelo Estado, e não como um dom dado por Deus, de fato, um dom enraizado na dimensão transcendente da natureza humana".
"Claramente – continuou o Cardeal –, as autoridades civis têm o dever de proteger e defender a liberdade religiosa, mas não no sentido de ser seu autor, mas seu custódio".
A autoridade vaticana também enfatizou que a autêntica liberdade religiosa requer um lugar na praça pública, e que se deve resistir às tentativas de secularização para forçar a saída da fé da vida pública.
"A liberdade religiosa certamente significa ter o direito de adorar a Deus, individualmente e em comunidade, como as nossas consciências impõem. No entanto, a liberdade religiosa, por sua natureza, transcende os locais de culto e o círculo privado de indivíduos e famílias", afirmou.
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