5 de dezembro de 2024 Doar
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Este santo previu como será o fim do mundo: Era chamado o "Anjo do Apocalipse"

Parte do afresco do Juízo Final de Michelangelo, na Capela Sistina. | Wikipédia / Domínio público

Este ano, completam-se 600 anos da morte de São Vicente Ferrer, o santo espanhol que foi chamado pelo Papa Pio II de "O Anjo do Apocalipse" por sua maravilhosa pregação sobre o juízo final e o anticristo.

"O Anjo do Apocalipse voa nos céus para anunciar o dia do juízo final, para evangelizar os habitantes da terra", escreveu Pio II na Bula de canonização de São Vicente Ferrer, um dominicano que morreu no dia 5 de abril de 1419.

Em um artigo publicado por Joseph Pronechen, de 'National Catholic Register', recordam-se alguns acontecimentos milagrosos na vida de São Vicente, para compreender melhor a importância do que disse sobre o fim dos tempos.

São Vicente pregava em espanhol ou latim, mas sempre conseguia que todos entendessem. Uma vez, depois de dar três sermões aos mouros, conseguiu a conversão de 8 mil deles. Em outra ocasião, conseguiu a conversão de um grupo de 14 rabinos após a sua pregação.

O grande santo espanhol intercedeu para que, no total, 28 pessoas voltassem à vida depois de terem morrido. Na confissão, podia ler as almas. Em uma ocasião, disse para uma mãe que seu filho seria Papa, isso aconteceu com Calixto III.

Durante um período de fome em Barcelona, ​​ anunciou que dois barcos chegariam carregados de trigo. Ninguém acreditou nele, mas, naquele mesmo dia, os barcos chegaram. Também conseguiu a conversão de muitos, apenas com a oração do Terço.

A pregação sobre o juízo final

Em sua pregação sobre o juízo final, o Anjo do Apocalipse explicou que Jesus não virá como veio na primeira vez, pobre e humilde, mas "com tanta majestade e poder que todo mundo tremerá".

As pessoas dirão "às montanhas e aos rochedos: 'Caí sobre nós e escondei-nos da face daquele que está sentado no trono e da ira do Cordeiro' (Ap 6, 16). No entanto, Jesus disse: 'Quando começarem a acontecer essas coisas, reani­mai-vos e levantai as vossas cabeças; porque se aproxima a vossa libertação' (Lc 21, 28). A Santa Mãe sentará com ele. Jesus separará os povos das nações como um pastor separa as ovelhas das cabras", dizia o santo que conhecia a Bíblia de cor.

São Vicente também advertiu: "Nesse dia, será melhor ser uma ovelha de Jesus Cristo do que um Papa, um rei ou um imperador".

Em seus sermões, o santo descreveu cinco atitudes das ovelhas para distingui-las: "inocência simples, grande misericórdia, paciência firme, verdadeira obediência e penitência valiosa".

Uma ovelha, dizia o santo, não ataca com seus chifres como um touro "nem morde com seus dentes como um lobo, nem com suas patas como um cavalo... se quiser ser uma ovelha de Cristo, não deve bater em ninguém com os chifres do conhecimento ou do poder, já que os advogados atacam com os chifres do poder, juristas, defensores ou homens que têm grande conhecimento. Os comerciantes enganando os outros. Os senhores e os bandidos com os chifres do poder, ameaçando e insultando e extorquindo, com calúnias e ameaças e coisas semelhantes. Escutem o que o Senhor diz da boca de Davi: 'Abaterei todas as potências dos ímpios, enquanto o poder dos justos será exaltado'. (Salmo 74, 11)".

O santo encorajava a não buscar vingança e a ter paciência, e a ser obedientes verdadeiramente, ordenando os pensamentos, as palavras e as ações de acordo com a vontade de Deus.

Sobre a penitência, São Vicente disse que "é necessária, para submeter os pecados e colocar o propósito de não recair, confessar e fazer uma satisfação. E desta maneira a penitência faz do homem uma ovelha de Cristo".

O fim do mundo e o anticristo

Em uma carta que escreveu ao Papa Bento XIII em 1412, São Vicente fala sobre o fim do mundo e afirma que Deus oferece sinais "para que as pessoas sejam advertidas diante da tribulação por meio desses sinais. Através da oração e das boas obras, possa obter do tribunal da misericórdia a reversão da sentença contra elas dada por Deus, o juiz nas cortes celestiais, ou pelo menos, que a penitência e a emenda de vida, os preparem para a iminente aflição".

Três das "grandes e terríveis aflições" serão "o anticristo, um homem diabólico, a destruição pelo fogo do mundo terreno e o juízo universal. E com essas tribulações, o mundo chegará ao fim".

São Vicente explica que, "no tempo do anticristo, o Sol de justiça (Deus) será obscurecido pela interposição dos bens materiais e riquezas que o anticristo venera no mundo. Assim, o brilho da fé em Jesus Cristo e o resplendor das vidas boas já não brilharão entre os cristãos".

"Porque deverão perder seus domínios, os governantes temporais, reis e príncipes serão colocados ao lado do anticristo. Da mesma forma, os prelados que temem perder sua dignidade, e os religiosos e sacerdotes que querem ganhar honras e riquezas, irão esquecer-se da fé de Cristo e aderir-se ao anticristo. Ele será um homem verdadeiro, mas tão orgulhoso que não desejará apenas o domínio universal em todo o mundo, mas também exigirá ser chamado de Deus e insistirá em receber o culto divino", explicou São Vicente, em sua carta.

"Certamente haverá sinais do Sol de justiça, mas escurecerão no coração dos cristãos, já que destes corações não surgirá a luz da fé, toda pregação sobre uma vida melhor acabará, por causa da interposição de nuvens de bens temporais".

São Vicente também lembra que os bens do mundo são transitórios e que somente "os celestiais são eternos. Só com eles é possível ser forte".

Na Igreja, alertou o Anjo do Apocalipse "voltaram ao orgulho, à pompa e à vaidade... a misericórdia e a liberalidade foram trocadas pela simonia, a usura e o roubo; a castidade se converterá em devassidão, sujeira e corrupção; o brilho da virtude foi trocado pela inveja e pela maldade; a moderação se tornou gula e voracidade; a paciência deu lugar à ira, à guerra e às divisões entre os povos, e a diligência foi substituída pela negligência".

Quando o Evangelho de Mateus diz que "as estrelas cairão do céu", São Vicente indica que se refere aos doutores e mestres de teologia que "cairão do céu, ou seja, das alturas da fé (Daniel 11,36). Cristo permite isso por causa das vidas escandalosas e malvadas e pelos muitos pecados" de alguns.

Por tudo o que disse, exortou São Vicente, "façam penitência agora, perdoem as ofensas, façam a restituição de bens mal obtidos, vivam confessando sua religião. Se fosse verdade que em pouco tempo esta cidade seria destruída pelo fogo, não mudaria todos os seus bens por algo que pudesse levar contigo?".

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