HAVANA, Apr 22, 2019 / 14:00 pm
Pe. Yosvany Carvajal, pároco da Catedral de Havana (Cuba) e diretor do Centro Cultural Padre Félix Varela, destacou a religiosidade dos fiéis cubanos na Semana Santa e afirmou que a tarefa da Igreja é dizer que a salvação se encontra em Jesus e não em ideologias.
"Esta é a tarefa da Igreja: dizer que a salvação se encontra somente em Jesus, que dá respostas concretas e precisas ao homem que busca a verdade. As ideologias não salvam as pessoas, as ideologias são ideias. São um corpo de ideias que existem em diferentes sistemas políticos; mas a salvação definitiva do homem se encontra apenas naquele verdadeiro homem e verdadeiro Deus que veio para nos falar de um amor para sempre, um amor que salva", afirmou em declarações publicadas em 21 de abril por Vatican News.
Durante a entrevista, o sacerdote destacou a participação dos fiéis nas celebrações da Semana Santa, porque embora a Igreja em Cuba seja pequena e pobre, também é "uma Igreja viva" com esperança no Ressuscitado que venceu a morte, o pecado e o mal.
Os feriados religiosos foram proibidos publicamente em Cuba após o triunfo da revolução de Fidel Castro. No entanto, o Natal voltou a ser feriado em 1997, como uma concessão a pedido de São João Paulo II antes de sua visita em janeiro de 1998.
Da mesma forma, durante sua visita a Cuba em março de 2012, Bento XVI fez o mesmo pedido para a Sexta-feira Santa. O governo comunista permitiu sua celebração de maneira excepcional em 2012 e 2013, e declarou feriado oficial a partir de 2014.
Pe. Carvajal assegurou que "o povo cubano participa muito. Em todos os lugares se veem sinais cristãos, também de religiosidade popular. Vê-se que tudo isso está vivo, presente no povo. A Sexta-feira Santa é o dia em que há uma participação maior porque as pessoas querem vir e adorar a Cruz".
"Nestes dias da Sexta-Feira Santa, Domingo de Ramos, Domingo da Ressurreição, é muito maior a participação do povo simples, também de outras religiões. Esta religiosidade está muito viva no povo simples cubano: é uma religiosidade intrinsecamente católica", indicou.
Além disso, o sacerdote assinalou que a Igreja em Cuba "é uma Igreja que também acompanha as pessoas que sofrem, especialmente nestes dias por causa da política de embargo".
Isto em referência ao anúncio do governo dos Estados Unidos do fim da suspensão do Título III da lei Helms-Burton, que vai endurecer o embargo na ilha e também permitirá reivindicar aos tribunais norte-americanos as propriedades desapropriadas pelo regime comunista, apesar da oposição da União Europeia.
Padre Carvajal também recordou as visitas que São João Paulo II, Bento XVI e Francisco fizeram a Cuba, que "ajudaram muito a Igreja a não ter medo".
Sobre a realidade cubana, o sacerdote assinalou que "a população está passando por momentos difíceis porque não sabe o que vai acontecer. A situação econômica não é fácil, mas o cubano é um povo alegre" que nunca perde "o sentido da alegria de viver".
"As pessoas agora se encontram nessa situação difícil, após as medidas anunciadas pelo governo dos Estados Unidos. Existe preocupação. Mas, com a mensagem do Evangelho, devemos sempre anunciar a alegria e a esperança do triunfo definitivo de Cristo. Devemos sempre continuar neste caminho do anúncio da reconciliação e do diálogo como a única via possível de buscar o verdadeiro bem", afirmou.
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