23 de novembro de 2024 Doar
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Em nova entrevista, Papa responde sobre mulheres, migrantes e reforma da Cúria

Papa Francisco. Crédito: Daniel Ibáñez (ACI)

O Papa Francisco concedeu uma entrevista a uma emissora mexicana na qual respondeu perguntas sobre a situação das mulheres, dos migrantes, do diálogo inter-religioso, entre outras coisas, sua relação com os meios de comunicação, a reforma da Cúria Romana, o recente acordo com a China ou os escândalos de abuso.

Na entrevista que concedeu à rede de televisão Televisa, cuja transcrição foi publicada hoje, 28, na edição em espanhol do Vatican News, o Papa voltou a rechaçar a construção de um muro na fronteira dos EUA com o México, e também de outro que se está levando entre Espanha e Marrocos nas cidades de Ceuta e Melilha: "É terrível, e possui arames farpados, é cruel"..

Sobre o fenômeno das migrações, no México e em outros lugares do mundo, denunciou a existência de um "maltrato econômico". "Cada vez há menos ricos (...). Menos ricos com a maioria da fortuna do mundo. E cada vez há mais pobres com menos do que o mínimo para viver".

Explicou também que a razão pela qual os migrantes costumam ser um tema frequente de seus discursos é porque "é uma prioridade hoje no mundo".

Também disse que "por enquanto" não vai viajar para o México, apesar do convite do Presidente Andrés Manuel López Obrador, embora tenha reconhecido que gostaria de regressar a esse país, porque "é inesquecível".

Assinalou também que não se deve compactuar com o tráfico de drogas para erradicar a violência: "Isso me parece muito mal... É como se eu, para ajudar na evangelização de um país, fizesse um pacto com o diabo..., ou seja, há pactos que não devem ser feitos".

Na entrevista, o Papa Francisco também falou sobre a violência contra as mulheres. Indicou que embora hoje ocupe posições importantes, no imaginário coletivo a mulher "está em segundo lugar". Advertiu que, "do segundo lugar passar a objeto de escravidão não precisa muito"; e da escravidão ao assassinato, precisa de muito pouco.

Sobre os casos de bispos envolvidos em escândalos de abusos, o Pontífice reconheceu à jornalista que nem todas as informações chegam à mesa do Papa. "Obviamente nós temos que consertar isso e eu faço esforços para consertar quando há essas coisas", assinalou.

O Papa esclareceu que a causa pela qual não é informado "nem sempre é corrupção, às vezes é estilo curial, mas é um estilo que deve ser ajudado a corrigir".

No caso de ex-cardeal e ex-arcebispo de Washington, Theodore Edgar McCarrick, condenado por abuso sexual de menores e adultos, e demitido do estado clerical, o Papa insistiu enfaticamente que "de McCarrick eu não sabia nada, obviamente, nada, nada".

Do mesmo modo, refletiu sobre a cúpula realizada em fevereiro sobre a proteção de menores. Sua impressão foi a de uma "comunhão eclesial muito grande". Além disso, reafirmou-se em sua conclusão que por trás dos casos de abuso está o diabo: "Vemos aqui o espírito do mal, que incita tudo isso. E eu digo a verdade, eu não posso explicar o problema da pedofilia, sem ver o espírito do mal aí. Sou um crente e Jesus nos ensinou que o diabo é assim".

O Papa Francisco também afirmou seu compromisso com a vida e contra o aborto. "O aborto não é um problema religioso no sentido de que, porque sou católico, não posso abortar, é um problema humano! É um problema de eliminar uma vida humana. Ponto".

A jornalista também lhe perguntou sobre se ele havia mudado sua forma de pensar desde quando era arcebispo de Buenos Aires até agora que é Papa, e que antes o consideravam como conservador e agora o acusam de liberal. Francisco respondeu categoricamente: "Sou conservador".

Na entrevista, Francisco também falou sobre o diálogo inter-religioso e o islamismo. Ressaltou que "o Islã entrou na Europa novamente, sejamos realistas, e o Islã é também uma realidade que não podemos ignorar". "Acho que somos irmãos, todos viemos de Abraão e, neste aspecto, sigo as linhas do Concílio: dar as mãos, judeus, islâmicos, dar as mãos o máximo possível".

"Evidentemente, o Islã está fortemente ferido por grupos extremistas, por esses grupos intransigentes e fundamentalistas. Também nós, os cristãos, temos grupos fundamentalistas, pequenos grupos fundamentalistas, que obviamente não são guerrilheiros. Mas aí sim, ajudá-los com a proximidade para que mostrem o melhor que eles têm, que não é precisamente a guerrilha".

Na parte final da entrevista, o Papa explicou a situação com a China. "Com a China, as relações são muito boas, muito boas. Com este acordo já... no outro dia, dois bispos chineses me visitaram, um que vinha da Igreja oculta e outro que vinha da Igreja nacional. Já reconhecidos como irmãos, vieram aqui nos visitar. Esse é um bom passo. Eles sabem que precisam ser bons patriotas e cuidar do rebanho católico. Depois, com a China nós temos um intercâmbio cultural impressionante. Inclusive inauguramos lá há pouco uma mostra de arte dos Museus Vaticanos".

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