MADRI, Jun 6, 2019 / 15:00 pm
O porta-voz e Secretário-Geral da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), Dom Luis Argüello, participou de um café-da-manhã informativo organizado pelo Fórum Europa, onde falou sobre a proteção da vida em todas as suas fases e destacou que "a morte nunca é a solução".
O porta-voz da CEE, Dom Luis Argüello recordou a posição da Igreja em relação à defesa com "radicalidade da dignidade da vida humana" diante da extensão da cultura dominante de que "é preferível não nascer para sofre, ou que é preferível morrer a continuar vivendo para sofrer ou fazer sofrer".
"É claro que é importante levar em consideração o sofrimento das pessoas, mas isso aparece como critério de categoria moral e neste ponto acontece o desvio", assegurou.
Por isso alertou sobre o aumento dos "critérios emocionais" quando não se tem critérios para "afirmar o fundamento da dignidade humana" ou "para o discernimento do bem".
"Afirmar com radicalidade a dignidade da vida, a defesa e o compromisso com a vida em todos os momentos tem duas linhas vermelhas que estão no momento do nascimento e no da morte", explicou o Prelado e destacou a necessidade de que esta defesa da vida e da "dignidade da pessoa" se realize "com todas as consequências".
Nesse sentido, Dom Argüello recordou o caso da menina holandesa de 17 anos, Noa Pothoven, que morreu no último domingo, 2 de junho, depois de solicitar a eutanásia às autoridades. Embora o pedido tenha sido rejeitado, a jovem morreu por não ingerir alimentos por vários dias.
Pothoven sofria de estresse pós-traumático, anorexia e depressão, por ter sido vítima de abusos sexuais.
"Na própria Holanda, a eutanásia é proposta para os idosos que estão cansados de viver. Como se mede isso? Especialmente numa época na qual pagar as pensões é complicado, na qual o estado de bem-estar social tem que ver como economiza", afirmou.
Nesse empenho por "afirmar a radicalidade da dignidade da vida humana", pediu que aumentem os esforços para "acompanhar a solidão e pela busca de cuidados paliativos".
Recordou também que no ano passado, quando foi proposta uma ampliação da atual lei da eutanásia na Holanda, o Colégio de Médicos deste país incentivou a buscar, "além de uma ajuda social e de companhia, também uma ajuda espiritual. O Colégio de Médicos da Holanda disse que uma perspectiva transcendente da existência nos faz olhar a vida".
"Como podemos pensar ainda que ser a favor da vida e contra a morte provocada é algo de pessoas medievais? E não estou falando de levar pessoas para a cadeia, mas de defender a vida, promover a vida e dizer que a morte não é a solução para os problemas. A morte não é a solução", destacou.
Exumação dos restos mortais de Franco e o novo governo da Espanha
Entre outros temas atuais que Dom Argüello falou no café-da-manhã informativo do Fórum da Europa, esteve a exumação do ditador Francisco Franco do Vale dos Caídos.
O Supremo Tribunal determinou recentemente a suspensão cautelar da exumação dos restos mortais de Franco do Vale dos Caídos e atualmente não há acordo entre a família do ditador e o governo da Espanha para seu novo enterro.
Por isso, Dom Argüello assegurou que, "como não houve um acordo, os tribunais têm de falar e o Abade [Ndr: da abadia beneditina que faz parte do Vale dos Caídos] disse que aceitará o que os tribunais digam".
Sobre a formação do novo governo da Espanha, após as eleições gerais de 26 de abril, o Prelado recordou que "a sociedade espanhola somos todos, os que ganham e os que perdem".
Além disso, fez um apelo ao próximo governo para levar em consideração "o bem-comum de todos os espanhóis", embora tenha explicado que o conceito de bem-comum "tenha sido substituído pelo interesse geral que se mede pelo interesse particular de quem domina em um dado momento".
Pediu também aos futuros líderes da Espanha que não olhem para um "horizonte pequenino de 4 anos e parcial de uns sobre os outros", mas a "buscar o bem comum" e "olhar em perspectiva, não de curto, mas de médio e longo prazo".
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