15 de dezembro de 2024 Doar
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Cristeros comemoram 90 anos da reabertura dos templos católicos no México

Antiga (esquerda) e nova Basílica de Guadalupe (direita) na Cidade do México. Crédito: David Ramos | ACI Prensa.

Por ocasião dos 90 anos dos acordos entre a Igreja e o Estado, que colocaram fim à Guerra Cristera e que permitiram reabrir os templos católicos ao culto no México, a Guarda Nacional Cristera organiza uma peregrinação especial à Basílica de Guadalupe no próximo sábado, 29 de junho.

Começando no cruzamento da Avenida Euzkaro com a Calçada de Guadalupe, na Cidade do México, às 15h45 (hora local), os peregrinos irão à Villa de Guadalupe. Às 17h, participarão da celebração da Santa Missa na Antiga Basílica de Guadalupe (hoje Templo Expiatório de Cristo Rei).

A Guarda Nacional Cristera tem suas raízes na Guerra Cristera, do início do século XX.

Em diálogo com o Grupo ACI, Juan José Ramírez, conselheiro da Guarda Nacional Cristera, assinalou que a organização foi criada em 1928, estabelecida pelo general Enrique Gorostieta Velarde, líder histórico das forças que se levantaram com armas contra o governo anticlerical de Plutarco Elías Calles.

As tensões entre a Igreja e o Estado que desencadearam a Guerra Cristera remontam à metade do século XX, quando o governo de Benito Juárez, com as Leis de Reforma, retirou propriedades da Igreja Católica no México.

O conflito se agravaria com a Constituição de 1917, que não reconhecia uma série de direitos da Igreja, como sua personalidade jurídica, restringia o culto público e limitava o número de sacerdotes, entre outras medidas. Quando Plutarco Elías Calles chegou ao poder, promulgou a Lei sobre a tolerância de cultos, conhecida como "Lei Calles", para tornar efetivos os artigos constitucionais contra a Igreja.

Assim, os sacerdotes estavam mesmo proibidos de usar suas vestimentas religiosas na rua e as congregações religiosas foram suprimidas, assim como o ensino da religião nas escolas.

A intransigência de Calles levou à decisão da Igreja de suspender o culto nos templos em 31 de julho de 1926. Este seria o fator determinante para que em diversas cidades do país, de forma espontânea e sem uma organização central, as pessoas se levantassem em armas contra o governo mexicano.

A Guerra Cristera terminou oficialmente em 21 de junho de 1929, com a assinatura dos acordos entre o Arcebispo mexicano Dom Leopoldo Ruiz y Flores, como delegado apostólico do Papa Pio XI, e o então presidente, Emilio Portes Gil.

No entanto, ignorando os acordos, as autoridades continuaram perseguindo e matando oficiais e soldados cristeros durante os anos seguintes.

Apenas em 1992, com a reforma da Constituição do México, permitiram que a Igreja tivesse sua personalidade jurídica.

O conselheiro da Guarda Nacional Cristera explicou ao Grupo ACI que, precisamente devido às perseguições que ocorreram após a assinatura dos acordos entre a Igreja e o Estado, apenas em 1951 que a Guarda Nacional Cristera, convocada pelo sucessor de Gorostieta, o general Jesús Degollado Guízar, se reuniria novamente.

Desde então, disse, a Guarda Nacional Cristera já não tem um fim bélico, mas um fim "mais espiritual e de aproximação da sociedade civil".

"O nosso chefe nacional, José Alfredo Jiménez Martín, diz que nossa metralhadora é o Santo Rosário nesta época", assegurou.

Nas décadas seguintes, a Guarda Nacional começaria a promover a construção de ermidas em lugares onde foram martirizados tanto santos, beatos, como heróis cristeros.

Além disso, com o Cardeal Jesús Posadas Ocampo, Arcebispo de Guadalajara assassinado, "houve um impulso forte e terminou com a beatificação, em 1992, de 22 sacerdotes e 3 leigos".

O que a Guarda Nacional promove agora, destacou, é que recordem e que as consciências despertem "para esse acontecimento que está muito oculto".

Atualmente, a organização tem como capelão geral Dom Jorge Alberto Cavazos, Bispo de San Juan de los Lagos.

Juan José Ramírez explicou que, embora a eficácia dos acordos assinados entre Igreja e Estado em 1929 seja questionável por causa do não cumprimento do governo, a data sim é propícia para "recordar que alguma coisa aconteceu e não devemos permitir que volte a acontecer".

Esta peregrinação, assinalou, contará com a presença de descendentes da família de São José Sánchez del Río e de vários heróis da Guerra Cristera.

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