24 de dezembro de 2024 Doar
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Diante da escassez de sacerdotes, arcebispo sugere “novo” modelo pastoral

Foto referencial. Crédito: Martha Calderón | ACI

Dom Eric de Moulins-Beaufort, Arcebispo de Reims e presidente da Conferência Episcopal Francesa (CEF), propôs voltar ao modelo das "missões do passado", para sair em busca dos fiéis e assim enfrentar a escassez de vocações sacerdotais.

"É necessário voltar a pensar nos lugares onde celebramos a Missa aos domingos, com as forças concretas que temos à nossa disposição. Penso em um ministério mais itinerante, seguindo o modelo das missões do passado. Poderíamos estar algumas semanas em um lugar, depois em outro. Não se pode propor a mesma coisa para todos os lugares ou sempre", explicou o Prelado em entrevista concedida ao jornal do Vaticano L'Osservatore Romano (LOR).

Diante de diversos desafios como os protestos de coletes amarelos – um movimento social de protesto que se formou na França em outubro de 2018 –, ou a cada vez menor participação de fiéis na Missa de domingo, o Prelado disse que é necessário "mostrar proximidade à nossa sociedade", além de "sair para buscar as pessoas e não esperar que as pessoas venham".

O Arcebispo explicou que em Reims só há 79 sacerdotes para atender uma população de mais de 180 mil habitantes. Destes sacerdotes, 27 têm menos de 70 anos, dos quais apenas sete estão abaixo dos 50 anos. Além disso, há apenas um seminarista.

"Eu esperava enfrentar este desafio porque é o caso de muitas dioceses na França. Também em Paris, onde fui bispo auxiliar entre 2008 e 2018, tivemos grandes contingentes de sacerdotes no período pós-guerra. Agora, há muitos idosos e muitos outros morreram. Não é possível continuar com o sistema anterior de quando havia muitos presbíteros", assinalou.

Diante desta realidade, o Arcebispo de Reims sugeriu o seguinte: "Eu imagino um sacerdote em uma caminhonete, que chega a um determinado lugar: lá, os fiéis podem lhe informar sobre quem precisa visitar, qual doente visitar, a qual agente pastoral escutar", especialmente nas localidades mais afastadas e menores.

"Isso deve ser feito em um setor preciso e delimitado, não necessariamente para conhecer tudo, mas para estar corretamente informados e depois propor Missas, conferências, algum evento para jovens e crianças, se houver", continuou.

Na Arquidiocese de Reims, disse o Prelado, "estamos criando uma pequena equipe de sacerdotes que estarão encarregados de desenvolver essa missão junto com o bispo auxiliar. No entanto, a partir de janeiro, todos os sacerdotes serão convidados a se dedicar menos à gestão das paróquias para irem mais em busca do povo".

Deste modo, explicou, "estamos agindo de acordo com o que o Papa Francisco explicou muito claramente na Evangelii Gaudium".

Em 24 de novembro de 2013, foi apresentada no Vaticano a Exortação Apostólica do Papa Francisco, intitulada Evangelii Gaudium (A Alegria do Evangelho), sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual.

O texto tem uma extensão em português de 216 páginas e está dividido em uma introdução e cinco capítulos cujos títulos são: "A transformação missionária da Igreja", "Na crise do compromisso comunitário", "O anúncio do Evangelho", "A dimensão social da evangelização" e "Evangelizadores com espírito".

Na entrevista ao LOR, o Arcebispo de Reims explicou que os sacerdotes têm três tarefas essenciais: "Ensinar, santificar e governar. Com frequência nos concentramos muito no terceiro aspecto, enquanto no espírito do Senhor e do Concílio Vaticano II, eu acho, é necessário, acima de tudo, anunciar a Boa Nova, assim como estimular e fortalecer os cristãos onde quer que estejam".

O Concílio Vaticano II foi provavelmente o evento eclesial e mundial mais importante do século XX. Promovido pelo Papa São João XXIII para buscar o "aggiornamento", isto é, a atualização da Igreja para aproximá-lo do mundo atual. Começou em 1962 e foi dividido em quatro etapas. Participaram cerca de dois mil padres conciliares de todo o mundo.

O presidente da CEF também refletiu sobre o papel dos sacerdotes africanos que vêm à França para estudar e colaborar com o ministério pastoral.

"Os sacerdotes africanos que vêm para a França nos consideram o país que levou o Evangelho a sua terra, por isso estão convencidos de que a França é um país cristão, fervoroso, próximo à imagem dos missionários que partiram para evangelizar o continente africano", disse.

"Quando chegam, podem ver sinos e campanários em toda parte e imaginar que as igrejas estão cheias de fiéis. Eles têm uma grande surpresa quando percebem que apenas cerca de 30 pessoas vão à Missa, em uma igreja que, além disso, pode ser fria", lamentou.

Diante deste e de outros desafios atuais na França e em outros países, continuou o Arcebispo, "é necessário encontrar as soluções que se adequem melhor. O Papa Francisco também nos encoraja a proclamar o Evangelho, cuidando menos de nossas estruturas".

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