35 sacerdotes rezam por migrantes diante do muro que separa México e Estados Unidos

Sacerdotes-scalabrinianos-muro-Mexico-Estados-Unidos-Facebook-Casa-Migrante-Tijuana-050719.jpg Sacerdotes scalabrinianos rezam diante do muro que separa México e Estados Unidos. Crédito: Cortesia Casa do Migrante em Tijuana.

Trinta e cinco sacerdotes da Congregação dos Missionários de São Carlos Borromeo, também conhecidos como Missionários Scalabrinianos, rezaram em Tijuana pelos migrantes e por "um mundo sem barreiras", diante do muro que divide o México e os Estados Unidos.

Os Missionários Scalabrinianos foram fundados pelo Beato Bispo João Batista Scalabrini no final do século XIX, e seu carisma se expressa na atenção aos migrantes em todo o mundo.

Os sacerdotes participantes provinham de comunidades de países como Estados Unidos, México, Canadá, Guatemala, El Salvador, Colômbia, Vietnã, Haiti, entre outros.

Em diálogo com o Grupo ACI, Pe. Patrick Murphy, sacerdote scalabriniano e diretor da Casa do Migrante em Tijuana, disse que os sacerdotes participaram de um encontro internacional nos Estados Unidos "e viriam para visitar a nossa casa. Eu lhes disse: somos 35 padres, seria bom rezar no muro para pedir a ajuda de Deus. Porque não encontramos outras respostas, então devemos colocar as coisas nas mãos do Senhor".

"Para muitos padres, foi a primeira visita ao que é Tijuana e ao muro", disse.

O momento de oração durou cerca de 15 minutos e pediram ajuda e esperança a Deus, assim como "que procuremos soluções humanitárias para o que é uma crise humanitária. Estão chegando aqui em Tijuana, vindos de todos os lados, e precisamos de soluções de compaixão, não apenas de política".

Pe. Murphy indicou que, em média, a Casa do Migrante em Tijuana atende cerca de 120 pessoas por dia. Enquanto na maior parte dos seus 32 anos de funcionamento, chegavam à casa principalmente homens, nos últimos tempos também chegaram mulheres e crianças.

O sacerdote disse que o número de crianças chegou a um ponto que "tivemos que organizar um programa para crianças, um tipo de escola para que elas não passem seu tempo sem fazer nada na casa".

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Muitos dos que chegam solicitaram asilo nos Estados Unidos e aguardam a resposta das autoridades. Mas este processo, indicou Pe. Murphy, pode levar muitos meses.

"É muito tempo e estamos conseguindo trabalho para alguns homens e mulheres. E nós cuidamos das crianças enquanto estão trabalhando", indicou.

Para o sacerdote, a "palavra-chave" do drama dos migrantes é "'desespero', porque arriscam a vida para chegar a Tijuana e todos vêm com a ideia de que vai ser fácil conseguir asilo político, e não recebem bons conselhos no sul, porque não é nada fácil".

"Os dois governos querem que eles voltem para sua casa, não querem que cheguem, nem cruzem, nem nada", disse.

Indicou que a Guarda Nacional chegou à região, é a nova equipe de segurança estabelecida em 1º de julho pelo presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, e que substituirá, entre outras instituições, a Polícia Federal.

A implantação da Guarda Nacional para temas de migração foi parte dos acordos aceitos pelo México para evitar que os Estados Unidos imponham fortes tarifas a diversos produtos.

Pe. Murphy assinalou que, embora digam que a Guarda Nacional chegou "para resgatar pessoas", isso não é exatamente o que estaria acontecendo.

"Estão pedindo papéis e estão deportando. O México está deportando pessoas todos os dias. Estão fazendo o trabalho sujo do governo dos Estados Unidos", criticou.

Para o sacerdote scalabriniano, a solução para o drama dos migrantes é "consertar as coisas no país de origem. Nosso fundador, o Beato Scalabrini, sempre disse que o povo tem o direito de não migrar".

O que é necessário, continuou, "é uma solução regional dos três, quatro países da América Central, Estados Unidos, México e Canadá para consertar as coisas em seus lugares de origem para que não tenham que migrar e arriscar a vida".

Pe. Murphy também recordou o recente drama de Óscar, o pai salvadorenho que morreu afogado com sua filha Valeria, de apenas 23 meses, enquanto tentava atravessar o Rio Grande (conhecido pelos mexicanos como Rio Bravo) para chegar aos Estados Unidos.

"É um forte símbolo do que está acontecendo", disse. "Não são os primeiros a morrer nem os últimos, porque o número de mortes está aumentando", lamentou.

O sacerdote disse que "as pessoas não vêm a Tijuana para atravessar. Se vão atravessar, atravessam pelo deserto, pelas montanhas e passam por caminhos mais perigosos. Agora mesmo no caminho de Mexicali – La Rumorosa (NdR.: No estado mexicano de Baja California), há a Guarda Nacional parando as pessoas. As opções para cruzar são cada vez menos".

"A morte é uma coisa muito forte para nós, porque há outros que morrem que não aparecem na foto, mas morrem no caminho. É por isso que temos que procurar soluções de vida, para que as pessoas não cheguem a este desespero", expressou.

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