MOSSUL, Jul 12, 2019 / 13:00 pm
Pe. Amanuel Adel Kloo é o único sacerdote em Mossul (Iraque), que voltou para a cidade depois que esta foi libertada do terrorismo do Estado islâmico em 2017. Sente que a sua missão é "servir sob a cruz e manter e salvar o legado histórico do povo cristão", e realiza um chamado a todos os católicos para que voltem à cidade.
No dia 10 de julho, fez dois anos desde que foi declarada a derrota do Daesh (ISIS). Mossul, uma cidade no norte do Iraque, foi libertada depois de três anos sendo submetida à estrita lei da Sharia, que incluía "conversões forçadas, execuções em massa e o ressurgimento da escravidão".
Em entrevista à Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), Pe. Kloo explicou que "ninguém acreditava que os cristãos retornariam a Mossul" quando ocorreu a libertação. No entanto, voltou.
Contudo, disse que apenas 30 ou 40 cristãos retornaram a Mossul; mas há uma grande comunidade de "viajantes itinerantes", os quais espera que retornem em breve para a cidade.
"Aproximadamente, mil estudantes cristãos viajam diariamente de cidades próximas para a Universidade de Mossul. A isto, acrescentam-se centenas de trabalhadores, muitos dos quais trabalham para o governo na reparação do sistema de água e da rede elétrica de Mossul, que ainda estão muito danificados", explicou o sacerdote à ACN.
O religioso siro-católico está reconstruindo a igreja da Anunciação, que seria a primeira igreja em Mossul a ser restaurada. O sacerdote tem a esperança de que este seja o "renascimento do cristianismo" em Mossul.
"As pessoas ainda estão com medo. No entanto, quando a igreja e outros edifícios estiverem abertos, as pessoas se sentirão seguras... e muita gente retornará", expressou o clérigo, que espera que o templo esteja pronto em três meses.
Além disso, Pe. Kloo também pretende construir um complexo com alojamento para estudantes universitários e pessoas necessitadas; bem como uma escola cristã que incentive as famílias católicas a retornarem à cidade, já que quase um milhão de habitantes professam a religião muçulmana.
De acordo com a fundação, em 2003, a comunidade cristã era composta de 35.000 fiéis e este número caiu drasticamente por causa da perseguição aos cristãos, ocorrida nos onze anos seguintes, no início da guerra para derrubar Sadam Hussein.
"Muitas das igrejas caldeias fecharam antes mesmo da invasão do Daesh porque um grande número de pessoas deixou Mossul após o assassinato, em 2008, do bispo caldeu Raho e do padre Ragheed. Em 2014, restavam na cidade cerca de 15.000 fiéis de diferentes igrejas: caldeus, siro-ortodoxos, siro-católicos e algumas famílias armênias", explicou ACN.
Do mesmo modo, a chegada dos jihadistas do Estado Islâmico fez com que milhares de cristãos deixassem a cidade. Aqueles que não puderam fugir foram executados ou forçados a se converter ao islamismo.
Esta cidade é a sede "nominal" de duas dioceses do país e recebeu recentemente novos bispos. Em janeiro, foi nomeado como Arcebispo da Arquieparquia Católica Caldeia de Mossul, Dom Najeeb Michaeel Moussa, e em junho como Arcebispo Coadjutor de Petros Mouche da Arquieparquia Católica Siríaca de Mossul, Dom Nizar Semaan.
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