LONDRES, Jul 24, 2019 / 09:37 am
O Supremo Tribunal do Reino Unido concordou em escutar, em setembro, os pais de Tafida Raqeeb, uma menina de cinco anos em estado de coma, a qual querem transferir para a Itália para receber um tratamento e, assim, impedir que médicos britânicos desconectem o seu suporte vital.
A decisão do tribunal foi tomada em 22 de julho. Indicou-se que uma audiência será realizada sobre o caso Tafida durante uma semana inteira. Também revisarão a recusa do Royal London Hospital, onde a menina recebe tratamento.
Tafida Raqeeb permanece em coma desde 9 de fevereiro de 2019, após sofrer uma malformação arteriovenosa que provocou o rompimento de um vaso sanguíneo em seu cérebro. Seus pais assinalaram que ela estava "completamente saudável" antes da lesão.
Em 16 de julho, os pais, Mohammed Raqeeb e Shelina Begum, pediram ao Superior Tribunal de Justiça da Inglaterra que lhes permita sair do país, mas os médicos proibiram a sua transferência. Estes últimos indicaram que qualquer tratamento médico adicional é inútil e que se deve colocar fim ao "tratamento com suporte vital" da menina.
No entanto, dois médicos do hospital pediátrico italiano L'Istituto Giannina Gaslini, em Gênova, examinaram Tafida através de uma chamada de vídeo no início de julho e aceitaram tratar dela na Itália; indicaram que não acreditam que a menina padeça de morte cerebral.
O Bispo Auxiliar de Westminster e representante dos bispos ingleses e galeses em assuntos de defesa da vida, Dom John Sherrington, disse em 18 de julho que "devemos enfrentar dilemas difíceis".
"Nesse processo, espero que deem todo o peso possível aos desejos de seus pais, respeitando, ao mesmo tempo, o julgamento clínico dos médicos que cuidam dela. Como não temos todas as informações relevantes, o melhor que temos a fazer é reservar o nosso juízo".
"Confio em que os médicos do hospital infantil de Gaslini, em Gênova, terão tempo e oportunidade de apresentar uma visão bem informada e compartilhar seu prognóstico com seus colegas aqui em Londres", indicou.
O Prelado disse que "essa cooperação internacional é uma boa prática essencial para o cuidado de vidas em situações difíceis".
Também ofereceu suas orações para que a menina e seus pais tenham fortaleza.
Uma campanha on-line, apoiada pela família, também solicitou ao Royal London Hospital a transferência da menor e que ela deve permanecer com o suporte vital.
"Depois de uma extensa cirurgia cerebral no hospital King's College, os médicos informaram aos seus pais que ela tinha morte cerebral e consideraram que sejam feitos os preparativos para seu funeral. Um teste do tronco encefálico indicou que Tafida não tinha todos os requisitos de 'morte cerebral', pois fez movimentos ofegantes e, por isso, não se pôde remover o respirador artificial dela", diz a campanha do CitizenGO.
Desde então, Tafida permanece com um respirador. Segundo a família, um neurologista declarou que ela está em um "coma profundo", do qual começa a sair. Seus pais dizem que a menina pode abrir os olhos e mover as extremidades, além de poder engolir e reagir à dor.
A mãe da menor, Shelina, disse que os médicos inicialmente propuseram submeter a criança a uma traqueostomia e permitir que retorne para casa para continuar a recuperação.
"A equipe médica agora mudou de opinião e quer retirar a ventilação para acabar com sua vida", escreveu Shelina, como parte de outra campanha on-line organizada pela família.
Shelina disse que quer "exercer seus direitos como mãe".
A família de Tafida está sendo representada pelo advogado Yogi Amin, que disse que "a família desconsolada não quer ficar presa em uma situação na qual o Estado invalida as boas intenções dos pais de providenciar tratamento em um hospital de sua escolha para sua filha com uma deficiência".
Acrescentou que "não há provas de que Tafida sofrerá danos durante a transferência ou no exterior, e seus pais amorosos devem ter o direito legal de escolher transferir sua filha para outro hospital para receber cuidados médicos privados".
O caso de Tafida é semelhante ao de Charlie Gard e Alfie Evans, que eram crianças com doenças terminais sob responsabilidade do Serviço Nacional de Saúde, uma entidade de serviço de saúde pública do Reino Unido (NHS)
Em 2017, os médicos removeram o suporte vital de Charlie Gard, apesar dos desejos de seus pais de transferi-lo para um hospital na cidade de Nova York. Faleceu, aos 11 meses, em um hospital.
Menos de um ano depois, os pais de Alfie Evans também se opuseram às tentativas do NHS de remover o suporte vital dele, dizendo que desejavam transferi-lo para um hospital na Itália. O suporte foi retirado e sobreviveu cinco dias respirando por conta própria antes de morrer.
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