LAHORE, Jul 29, 2019 / 17:00 pm
Benish Imran é uma menina cristã de 14 anos que, após ser sequestrada, obrigada a se converter ao islamismo e a se casar com seu sequestrador, declarou que agiu por conta própria. No entanto, seus pais denunciam o contrário.
De acordo com a agência 'Asia News', a adolescente "declarou que tinha 19 anos e que se casou voluntariamente". No entanto, seus pais e o CLAAS (Centre for Legal Aid, Assistance and Settlement), organização que presta apoio jurídico gratuito às vítimas de intolerância religiosa no país, denunciaram o caso em 25 de julho e afirmaram que a jovem "sofre ameaças de morte".
A menina foi sequestrada em 2 de julho pelo muçulmano Waheed Ahmed, que a obrigou a abandonar sua fé. Um dia depois, Imran Masih, o pai de Benish, foi até a delegacia e denunciou o desaparecimento de sua filha.
Dias depois, a polícia avisou aos pais sobre a existência da certidão de conversão e de casamento de sua filha, que precisou "comparecer perante o magistrado do distrito de Lahore para registrar sua declaração no dia seguinte, 12 de julho".
A audiência contou com a presença da menina, acompanhada pelo marido, e o advogado do CLAAS representando o pai de Benish. Durante a audiência, o advogado decidiu impugnar o casamento. No entanto, a menor declarou que tinha 19 anos e que sua conversão à religião islâmica e seu casamento foram feitos por sua livre e espontânea vontade.
Como consequência, o advogado apresentou a certidão de nascimento verdadeira, que data de 8 de outubro de 2005. Assim, enfatizou que uma menor não deveria ter se casado "nem mesmo por sua própria vontade", de acordo com a lei do Paquistão, e pediu que sua declaração "não seja registrada". No entanto, o juiz não deu essa ordem, então a declaração da adolescente foi registrada.
De acordo com CLAAS, é uma prática comum que as jovens que passam por essa situação façam declarações falsas, pois já moram com seus sequestradores e inclusive suas famílias começam a receber ameaças de morte.
Além disso, Nasir Saeed, diretor do CLASS, advertiu que durante os últimos meses "dezenas de mulheres e adolescentes foram sequestradas e convertidas ao Islã à força e o número continua crescendo".
"É normal que a família da menina receba ameaças de morte, então, não há outra opção a não ser dizer ao juiz o que o sequestrador quer. Ao mesmo tempo, apenas tenham a oportunidade, tentam escapar", manifestou a associação a 'Asia News'.
Além disso, indicou que tanto "ativistas cristãos como hindus" protestaram contra a onda de sequestros, que também foram realizados durante a visita aos Estados Unidos do primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan.
"O governo não presta atenção a eles", disse Saeed, que acrescentou que o governo paquistanês deve levar este assunto a sério e tomar todas as medidas necessárias para impedir as conversões forçadas de meninas cristãs e hindus.
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