Vaticano, Jul 31, 2019 / 11:00 am
Os estudantes do Pontifício Instituto João Paulo II divulgaram a carta que, em 25 de julho, enviaram às autoridades desta casa de estudos para expressar suas preocupações sobre as mudanças feitas e pelos novos estatutos que causariam "a perda da perspectiva formativa e, portanto, da identidade" do centro.
Em seu site, os alunos publicaram, em 30 de julho, a carta enviada ao Arcebispo Vincenzo Paglia, Grão-Chanceler do Instituto, e a seu presidente, Mons. Pierangelo Sequeri, para "informar ao público sobre a grave situação que o nosso Instituto está experimentando agora. Nosso desejo também é pedir justiça e ver nossos direitos e os de nossos professores garantidos de maneira clara".
"Como não tivemos, até agora, nenhuma resposta satisfatória e clara a esta carta por parte das autoridades acadêmicas do nosso Instituto, nem do presidente nem do Grão-Chanceler, como tampouco recebemos, por escrito e publicamente, a garantia absoluta do cumprimento concreto do artigo 89 dos novos estatutos (sobre a continuidade dos antigos programas e sobre a situação dos docentes) decidimos publicar nossa carta", indicaram.
Os estudantes indicaram que a carta foi escrita em 24 de julho e enviada em 25 de julho às 11h para os e-mails de Mons. Sequeri, com cópia para Dom Paglia. Além disso, "na sexta-feira, 26 de julho, a carta foi enviada pelo correio (carta registrada), às 10h".
O texto foi assinado até o momento por mais de 240 estudantes e ex-alunos que expressam sua "imensa preocupação após a publicação inesperada dos novos estatutos e do novo currículo para nosso novo instituto, junto com a triste notícia da expulsão de dois professores cujas cátedras desempenham um papel central na formação oferecida pelo instituto".
A carta, enviada logo após a aprovação dos novos estatutos, refere-se aos peritos em Moral, Mons. Livio Melina e Pe. José Noriega, que não voltarão a ensinar no Instituto João Paulo II no próximo ano.
A missiva também lamenta a suposta eliminação da cátedra de Teologia Moral, pois "sabemos da importância do estudo da ação humana para o Papa João Paulo II, ao ponto de ter confiado esta cátedra precisamente ao seu primeiro presidente, Cardeal Carlo Caffarra".
Mons. Sequeri responde
Embora o instituto tenha respondido, em 29 de julho, com um comunicado em italiano, Mons. Sequeri concedeu uma entrevista publicada na terça-feira, 30, por Vatican News, na qual afirma que a secretaria "me notificou hoje sobre o recebimento de uma carta assinada por algumas dezenas de 'estudantes e ex-alunos' que expressam preocupação com a possibilidade de perder o sólido sustento formativo garantido pelo instituto e sobre a incerteza relativa" aos novos ensinamentos.
Segundo Mons. Sequeri, receberam também expressões de confiança nas mudanças realizadas no instituto, que respondem "ao grande impulso do Papa Francisco, que desde o início do instituto incentivou a dotar-se de todos os instrumentos necessários para cumprir a missão que lhe foi confiada com a criação de João Paulo II, no novo contexto no qual a Igreja vive seus vínculos de amor no âmbito da transmissão da vida humana e da fé cristã que compreendem o matrimônio e a família, segundo o desenho de Deus".
Mons. Sequeri disse que ficou surpreso porque a carta "foi publicada antes que os destinatários respondessem e tivessem tempo material para responder". O presidente do Instituto João Paulo II assegurou que "será elaborada uma resposta resumida, baseada nos dados reais".
No entanto, um porta-voz dos estudantes indicou que "publicamos a carta apenas hoje pela manhã" porque "no comunicado de imprensa que o instituto publicou ontem, 29 de julho, mencionam a carta enviada pelos representantes (dos estudantes). No ponto 5 do comunicado de ontem fazem referência à nossa carta".
O Pontifício Instituto João Paulo II para o Matrimônio e a Família foi fundado em 1981 para desenvolver os temas que estão no livro "Amor e responsabilidade" que João Paulo II publicou em 1960, quando era Cardeal Karol Wojtyla, assim como a teologia do corpo que desenvolveu em seu pontificado.
Embora a sede do Instituto esteja em Roma, possui outros centros em diversas partes do mundo, como Estados Unidos, Nigéria, Espanha, Brasil, México, Índia e Coréia do Sul. Ainda não se sabe como os novos estatutos afetarão esses centros.
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