MOSSUL, Aug 19, 2019 / 13:00 pm
Um mosteiro da igreja católica síria no Iraque, que foi destruído pelo Estado Islâmico (ISIS) em 2014, foi novamente consagrado ao Senhor na última quinta-feira para a celebração paroquial da Solenidade da Assunção de Maria.
O Mosteiro dos Mártires Mar Behnam e Marth Sarah, na cidade iraquiana de Qaraqosh, deu as boas-vindas ao Arcebispo de Mossul, Dom Yohanna Petros Mouche, bem como aos sacerdotes e à comunidade católica local para celebrar a solenidade.
Dom Mouche voltou a dedicar o altar do mosteiro que havia sido queimado pelo Estado Islâmico. Após reformas e reconstruções, o templo foi pintado por dentro de branco, pois havia sido queimado pelo fogo.
"Todas essas pessoas não veem a comunidade renascer apenas como pedras, mas como fé em torno a Cristo que celebrou a Ressurreição. Portanto, a Ressurreição de Cristo é a ressurreição da própria comunidade que segue em frente. A nossa comunidade tem cerca de 800 famílias", disse o sacerdote iraquiano, Pe. George Jahola, a Vatican News, em uma entrevista publicada em 15 de agosto.
Há cinco anos, na Festa da Transfiguração do mês de agosto, o Estado Islâmico devastou a cidade de Qaraqosh nas planícies de Nínive do Iraque, o que levou os cristãos a fugirem da região.
"Em 2014, tivemos que abandonar nossas igrejas e nossas casas. A cidade contava com cerca de 50 mil habitantes cristãos", contou Pe. Jahola.
Agora, a população cristã na cidade foi reduzida à metade. Cerca de 26 mil cristãos retornaram a Qaraqosh, explicou o sacerdote.
Durante a ocupação, o Estado Islâmico profanou as igrejas em Qaraqosh, em alguns casos, escrevendo instruções para a guerra nas paredes da igreja. A Igreja Católica Síria de São Jorge se tornou uma fábrica de bombas e foi usada como depósito para o fornecimento de produtos químicos mortais. A Igreja da Imaculada Conceição foi usada como campo de tiro, de acordo com a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN).
O Mosteiro de Mar Behnam e Mart Sarah foi carbonizado e seu campanário foi demolido.
"Mas nós nunca paramos de imaginar como nossa igreja seria bela, uma vez que fosse consertada", expressou Pe. Jahola.
A Missa de Natal foi celebrada no templo em dezembro de 2018 durante o processo de reconstrução. O campanário foi reconstruído em 2019.
"Começamos o projeto de reconstrução antes mesmo da libertação da cidade, na Planície de Nínive, quando éramos refugiados. Trabalhamos para reconstruir as casas e as comunidades como fiéis, porque este é o sentido de pertença tanto geográfica a uma paróquia, quanto espiritual a uma comunidade", assinalou o presbítero iraquiano.
O Estado Islâmico foi expulso de Mossul em 2017 e a última cidade remanescente do califado original na Síria caiu no início de 2019. No entanto, muitos cristãos que fugiram do ataque do Estado Islâmico, em 2014, não voltaram para suas casas em Mossul e na região de Nínive.
Embora o califado territorial do ISIS tenha desaparecido, as ameaças à segurança contra cristãos e yazidis permanecem na região. De acordo com os cálculos da Comissão Internacional de Liberdade Religiosa dos Estados Unidos (USCIRF), estima-se que até 15 mil combatentes do ISIS permaneceram no Iraque.
O cristianismo está presente na Planície de Nínive no Iraque, entre Mossul e o Curdistão iraquiano, desde o primeiro século.
"O que aprendemos do Evangelho, do Senhor, é ser instrumentos da paz, mas também viver a paz. Procuramos de todas as formas realizar isso aqui, onde a maioria é muçulmana, onde ainda há alguém que carrega ódio. Nós realmente acreditamos nisso, no perdão e em deixar o passado para trás e prosseguir em direção ao futuro", concluiu Pe. Jahola.
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