Cidade do México, Aug 29, 2019 / 13:30 pm
Ao concluir o II Encontro Nacional de Diretores de Albergues, a Igreja no México denunciou que a Guarda Nacional, criada recentemente pelo presidente do país, Andrés Manuel López Obrador, é um muro humano contra os migrantes.
O II Encontro Nacional de Diretores de Albergues reuniu, de 26 a 28 de agosto, os responsáveis pelas 130 casas e centros de atendimento que a Igreja no México dispõe para atender migrantes que cruzam o país.
Em um comunicado lido durante a coletiva de imprensa, realizada em 28 de agosto, Dom José Guadalupe Torres Campos, Bispo da Diocese de Ciudad Juárez e responsável pela Dimensão Episcopal da Pastoral da Mobilidade Humana da Conferência do Episcopado Mexicano, assinalou que os migrantes que entram no México com o desejo de chegar aos Estados Unidos "são detidos na fronteira sul do México através do muro humano da Guarda Nacional".
"Aqueles que imploram para receber um salvo-conduto para poder continuar seu caminho e são ignorados" também "são perseguidos e extorquidos por agentes de diferentes dependências ou pelo crime organizado", lamentou.
"A migração não tem por que ser vista como ou se tornar um problema social, mas é uma oportunidade de desenvolvimento e convivência que gera uma nova cultura de inclusão e participação, de progresso e crescimento social, de harmonia e criatividade, enfrentando esta indiferença marcante que, como dissemos, já se manifesta em vários setores da sociedade civil", afirmou Dom Torres Campos.
O Prelado assinalou que, "reunidos na sede da Conferência Episcopal Mexicana, os diretores de albergues, refeitórios e centros de atenção para migrantes estivemos refletindo, iluminados pela Palavra de Deus e pela Doutrina Social da Igreja, sobre o tema da migração e a resposta que foi dada à atenção dos migrantes que passaram pelos nossos albergues de maneira individual ou nas caravanas recentes".
Durante o encontro, destacou, "enfatizaram o estudo e a observação das políticas migratórias internacionais, a fim de fornecer melhor acompanhamento e atenção aos irmãos migrantes".
Dom Torres Campos indicou que, como resultado do encontro, foi criada uma "Rede de serviço funcional", dividida nos setores norte, central e sul do México.
"Esta rede conta com a participação de 130 casas e centros de atenção, mantendo estreita comunicação e vínculo com a Dimensão Episcopal da Pastoral da Mobilidade Humana e com o Observatório Nacional da Conferência do Episcopado Mexicano".
"Dessa forma, queremos manifestar nossa comunhão e participação como Igreja, fortalecendo os vínculos entre albergues e centros de assistência", afirmou.
O Bispo de Ciudad Juárez assinalou que, no encontro, apontaram a "ser uma voz profética e de esperança", assim como "manter um posicionamento em torno da linha do Papa Francisco" e "aumentar o diálogo com as instituições".
Dom Torres Campos disse que os albergues são "a primeira porta que os migrantes batem diante de suas próprias necessidades", por isso, "não podemos deixá-los à deriva e os atendemos de acordo com os princípios evangélicos".
"E mesmo quando os albergues estão sobrecarregados em termos de capacidade, não em termos de caridade", destacou.
O Prelado também exortou as autoridades federais, estaduais e municipais a "colaborar na geração de políticas de migração inclusivas, nas quais a vasta experiência da Igreja e de outras instituições possa colaborar para conseguir uma verdadeira migração ordenada".
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