18 de dezembro de 2024 Doar
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Igreja pede que Estado argentino declare emergência alimentar e nutricional

Imagem referencial. Crédito: Simedblack, Pixabay (Domínio público).

A Cáritas Argentina aderiu ao pedido feito em 30 de agosto pela Comissão Episcopal de Pastoral Social (Cepas) para que o Estado declare emergência alimentar e nutricional.

A Cepas expressou em um comunicado que meses atrás, na Semana Social da Argentina, houve um alerta sobre "o grau de desigualdade social" "grande e muito perigoso" do país.

"Alertamos que, diante do aumento severo da indigência, da pobreza, do desemprego e do aumento indiscriminado do preço dos alimentos na cesta básica, estamos em uma situação de emergência alimentar e nutricional, que afeta essencialmente os mais vulneráveis, especialmente os pequenos", frisou a Cepas.

Nesse sentido, a Comissão Episcopal de Pastoral Social pediu que o "Estado disponha as medidas necessárias para declarar emergência alimentar e nutricional em todo nosso país de modo que possam cumprir sem demoras metas como as propostas".

Uma das sugestões é que o Estado implemente com urgência "uma Cesta Básica de Primeira Infância com produtos essenciais que possam ser distribuídos gratuitamente e/ou a um custo subsidiado para garantir a segurança alimentar e nutricional, a saúde e os cuidados de qualidade de meninas e meninos, incluindo medicamentos, vitaminas, leite líquido e em pó fortificado e outros produtos lácteos, carnes, peixes, frutas, verduras, ovos, legumes, outros nutrientes e fraldas, entre outros produtos essenciais".

Além disso, que o Estado aumente "o orçamento destinado a restaurantes populares e a hortas escolares, comunitárias e familiares, e a empreendimentos de agricultura familiar e social, garantindo a equidade e a qualidade federal dos serviços de assistência alimentar e nutricional", explicou a Cepas.

"O Papa Francisco recorda que a fraternidade é o principal fundamento da solidariedade e que também são necessárias políticas eficazes que promovam esse princípio de fraternidade, garantindo que as pessoas – iguais em sua dignidade e direitos fundamentais – tenham acesso a bens para que todos tenham a oportunidade de se desenvolver plenamente como pessoas", afirmou.

Do mesmo modo, a instituição incentivou "as comunidades e a Cáritas, a esse grande voluntariado, a serem 'artesãos de fraternidade e solidariedade", concluiu a mensagem.

Por sua vez, o presidente da Cáritas, Dom Carlos Tissera, disse que a ajuda alimentar do Estado "não é suficiente para aliviar as deficiências deste tempo".

Diante da emergência, "a Cáritas coloca a disposição da comunidade os seus recursos humanos e materiais para que mais ajuda possa chegar rapidamente, através de seus restaurantes populares, refeitórios, centros de bairro e equipes de voluntários de todo o país", afirmou.

O também Bispo de Quilmes lembrou que a instituição "está dia a dia junto com as comunidades mais vulneráveis, gerando esperança e incentivando todos a reconhecer sua dignidade, promovendo a cultura do trabalho, a solidariedade e o bem comum".

Da mesma forma, Dom Tissera encorajou "a continuar os esforços para alcançar o desenvolvimento humano integral e a unidade de nosso povo diante dos desafios impostos pela delicada situação social".

Aumento da pobreza

O último relatório do Observatório da Dívida Social da Pontifícia Universidade Católica Argentina Santa Maria de Buenos Aires (UCA) e da Defensoria do Povo de Buenos Aires, determinou as dificuldades de crianças e adolescentes em ter acesso à água potável e alimentos que forneçam os nutrientes essenciais para o seu desenvolvimento.

Outras estatísticas mostraram que a Argentina tem 35% de pobreza e 22,8% de inflação no primeiro semestre do ano.

A isso se acrescenta a reação dos mercados financeiros após as eleições primárias de 11 de agosto, que apresentaram um cenário favorável para Alberto Fernández e a ex-presidente Cristina Fernández de Kirchner, assumirem a presidência e a vice-presidência, respectivamente, no período 2019-2023.

O resultado inesperado, de acordo com pesquisas anteriores, fez com que o peso argentino caísse 16,86%, enquanto o dólar aumentou 33%.

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