22 de dezembro de 2024 Doar
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Papa Francisco visita mosteiro de clausura Carmelita em Madagascar

Papa Francisco no Mosteiro Carmelita de Antananarivo. | VAMP Pool

O Papa Francisco visitou um mosteiro de clausura de monjas carmelitas descalças em Madagascar neste sábado, 7 de setembro, no marco de sua viagem apostólica que está realizando na África.

Após sua visita de cortesia ao presidente da República, seu encontro com as autoridades civis e o corpo diplomático de Madagascar, o Santo Padre se dirigiu de carro para o Mosteiro das Carmelitas Descalças de Antananarivo, onde foi recebido por quase 100 religiosas contemplativas procedentes de diferentes mosteiros do país e, no lado de fora da capela, cerca de 70 noviças.

Ao chegar, o Pontífice foi recebido pela priora do mosteiro, Ir. Maria Magdalena da Anunciação, que disse em francês algumas palavras de boas-vindas.

Depois, o Papa Francisco rezou a hora média com elas e pregou uma breve homilia espontânea em italiano, que era traduzida por um sacerdote de Madagascar, enquanto entregou seu discurso preparado às pessoas presentes para que pudessem refletir sobre ele.

A seguir, a homilia do Papa que tinha sido preparada para a visita a este Mosteiro de Carmelitas Descalças e que foi entregue às religiosas:

Dileta Madre Madalena da Anunciação,
Irmãs muito amadas!

Agradeço-vos a recepção calorosa e as palavras da Madre que dão voz a todas as monjas contemplativas dos diferentes mosteiros deste país. Obrigado a todas e cada uma de vós, queridas Irmãs, por terdes deixado brevemente a clausura para manifestar a vossa comunhão comigo e com a vida e a missão de toda a Igreja, especialmente a de Madagascar.

Agradeço a vossa presença, a vossa fidelidade, o testemunho luminoso de Jesus Cristo que ofereceis à comunidade. Neste país, há pobreza; é verdade, mas existe também tanta riqueza! É rico de belezas naturais, humanas e espirituais. Também vós, Irmãs, fazeis parte desta beleza de Madagáscar, do seu povo e da Igreja, pois é a beleza de Cristo que resplandece nos vossos rostos e nas vossas vidas. Graças a vós, a Igreja em Madagáscar é ainda mais bela aos olhos do Senhor e também aos olhos do mundo inteiro.

Os três salmos da Liturgia de hoje expressam a angústia do salmista num momento de provação e perigo. Permiti que me detenha no primeiro salmo, ou seja, numa secção do Salmo 119, o mais longo do Saltério, composto de oito versículos por cada letra do alfabeto hebraico. O autor é, sem dúvida, um homem de contemplação, alguém que sabe dedicar longos e maravilhosos momentos à oração. Na estrofe de hoje (Sal 119/118, 81-88), a palavra que aparece mais vezes e dá o tom ao conjunto é «suspirar», usada principalmente em dois sentidos.

O orante suspira pelo encontro com Deus. Vós sois o testemunho vivo deste anseio inextinguível que habita no coração de todos os homens. No meio das múltiplas ofertas que pretendem – mas não conseguem – satisfazer o coração, a vida contemplativa é a tocha que conduz ao único braseiro eterno, «a chama viva de amor que docemente fere» (São João da Cruz). Vós representais «visivelmente a meta para onde caminha a comunidade eclesial inteira, que avança pelas estradas do tempo com o olhar fixo na futura recapitulação de tudo em Cristo, preanunciando assim a glória celeste» (Francisco, Const. ap. Vultum Dei quaerere, 2).

Somos sempre tentados a satisfazer o anseio de eternidade com coisas efémeras. Estamos expostos aos mares revoltos que acabam apenas por afogar a vida e o espírito: «Como o marinheiro no mar alto precisa do farol que indique a rota para chegar ao porto, assim o mundo tem necessidade de vós. Sede faróis para os que estão perto e sobretudo para os afastados. Sede tochas que acompanham o caminho dos homens e mulheres na noite escura do tempo. Sede sentinelas da manhã (cf. Is 21, 11-12) que anunciam o nascer do sol (cf. Lc 1, 78). Com a vossa vida transfigurada e com palavras simples ruminadas no silêncio, indicai-nos Aquele que é caminho, verdade e vida (cf. Jo 14, 6), o único Senhor que oferece plenitude à nossa existência e dá vida em abundância (cf. Jo 10, 10). Gritai-nos como André a Simão: "Encontramos o Messias" (cf. Jo 1, 40); anunciai, como Maria de Magdala na manhã da ressurreição: "Vi o Senhor!" (Jo 20, 18)» (Ibid., 6).

Mas o salmo fala de «suspirar» também noutro sentido e tem a ver com a intenção dos ímpios, daqueles que pretendem destruir o justo; perseguem-no, preparam-lhe ciladas e querem deitá-lo ao chão. Um mosteiro é sempre um espaço, onde chegam as dores do mundo, as da vossa gente. Sejam os vossos mosteiros – no respeito do vosso carisma contemplativo e das vossas constituições – lugares de guarida e escuta, especialmente para pessoas muito infelizes. Hoje acompanham-nos duas mães que perderam os seus filhos e representam todas as tribulações dos vossos irmãos insulares. Permanecei atentas ao clamor e às misérias dos homens e mulheres ao vosso redor, que vêm ter convosco consumidos pelo sofrimento, a exploração e o desânimo. Não sejais daquelas que escutam apenas para matar o tédio, satisfazer a curiosidade ou arranjar temas de conversa.

A este respeito, tendes uma missão fundamental a desempenhar. A clausura situa-vos no coração de Deus e, consequentemente, no lugar onde Ele colocou o seu coração. Escutais o coração do Senhor para O ouvir também nos vossos irmãos e irmãs. Com frequência, as pessoas ao vosso redor são muito pobres, frágeis, agredidas e feridas de mil maneiras; mas estão cheias de fé e, instintivamente, reconhecem em vós testemunhas da presença de Deus, preciosas referências para O encontrar e obter a sua ajuda. Para tanta tribulação que as consome interiormente, lhes rouba a alegria e a esperança, fá-las sentir-se estrangeiras, vós podeis ser um caminho para aquele rochedo de que fala outro Salmo: «Ó Deus, ouve o meu clamor, atende a minha oração. Dos confins da terra grito por Ti, com o meu coração desfalecido. Coloca-me sobre o rochedo que me é inacessível» (Sal 61/60, 2-3).

A fé é o maior bem dos pobres! É muito importante que esta fé seja anunciada e fortalecida neles, que os ajude realmente a viver e a esperar. E que a contemplação dos mistérios de Deus, manifestada na vossa Liturgia e nos vossos tempos de oração, vos permita descobrir melhor a sua presença ativa em cada realidade humana, mesmo a mais dolorosa, e dar graças porque, na contemplação, Deus vos oferece o dom da intercessão. Pela vossa oração, como mães carregais às costas os vossos filhos, levando-os para a Terra Prometida. «A oração será mais agradável a Deus e mais santificadora, se nela procurarmos, através da intercessão, viver o duplo mandamento que Jesus nos deixou. A intercessão expressa o compromisso fraterno com os outros, quando somos capazes de incorporar nela a vida deles, as suas angústias mais inquietantes e os seus melhores sonhos. A quem se entrega generosamente à intercessão, podem-se aplicar estas palavras bíblicas: "Eis o amigo dos seus irmãos, aquele que reza muito pelo povo" (2 Mac 15, 14)» (Francisco, Exort. ap. Gaudete et exsultate, 154).

Sem vós, queridas Irmãs contemplativas, que seria da Igreja e de quantos vivem nas periferias humanas de Madagáscar? Que aconteceria a todos aqueles que trabalham na vanguarda da evangelização e, lá de modo particular, em condições muito precárias, difíceis e, por vezes, perigosas? Todos se apoiam na vossa oração e no dom sempre renovado da vossa vida; um dom, muito precioso aos olhos de Deus, que vos faz participar no mistério da redenção desta terra e das queridas pessoas que nela vivem.

«Estou como um odre exposto ao fumo»: diz o Salmo (119/118, 83), referindo-se ao tempo decorrido enquanto vive este duplo modo de ser consumido: suspirando por Deus e suspirando por causa das dificuldades do mundo. Às vezes, quase sem querer, afastamo-nos caindo «na apatia, na rotina, na desmotivação, na acédia paralisadora» (Const. ap. Vultum Dei quaerere, 11). Pouco importa os anos que tendes ou a dificuldade em andar ou de chegar a tempo ao serviço! Não somos odres expostos ao fumo, mas troncos que ardem até se consumir no fogo que é Jesus, Aquele que nunca falha e que cobre todas as dívidas.

Obrigado por este tempo de partilha, confio-me às vossas orações. Confio-vos todas as intenções que trago durante esta viagem a Madagáscar; rezemos juntos para que o Espírito do Evangelho possa germinar nos corações de todo o vosso povo.

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