Vaticano, Sep 11, 2019 / 09:40 am
No voo de regresso a Roma após sua última viagem à África e a menos de um mês para o início do Sínodo da Amazônia no Vaticano, o Papa Francisco se referiu ao tema da Amazônia e aos recentes incêndios que devastaram a região entre Bolívia e Brasil.
Ao ser perguntado sobre o que os governos fazem para proteger "este pulmão do mundo" diante dos incêndios e do desmatamento, o Santo Padre disse que "há uma palavra que devo dizer e que está na base da exploração ambiental. E a palavra feia, feia é a corrupção".
Francisco explicou depois o que um empresário que deseja explorar a Amazônia poderia pensar diante de um projeto na região: "Eu preciso fazer isso e para fazê-lo devo desmatar e preciso da permissão do governo ou do governo provincial. Vou até o responsável e lhe pergunto".
"Aqui repito literalmente aquilo que me disse um empresário espanhol. E a pergunta que nós ouvimos quando querem aprovar um projeto é 'Quanto para mim?' descaradamente. Isso acontece na África, na América Latina e também na Europa. Em todos os lugares", assinalou o Papa.
O Santo Padre lamentou que, "quando se assume a responsabilidade sociopolítica como um ganho pessoal, ali exploramos valores, a natureza, as pessoas. Pensemos na África que é explorada… Mas pensemos em tantos operários que são explorados nas nossas sociedades".
"Temos o trabalho informal na Europa, os africanos não inventaram. A empregada que recebe um terço daquilo que deveria não foi inventada pelos africanos, as mulheres enganadas e exploradas pela prostituição no centro das nossas cidades, os africano não inventaram. Também aqui há esta exploração, não somente ambiental, mas também humana. E isso é devido à corrupção. E quando a corrupção está dentro do coração, devemos nos preparar, porque chega de tudo", acrescentou.
Depois de comentar que recebeu recentemente capelães marítimos no Vaticano e que um grupo de pescadores lhe disse que coletaram, em poucos meses, seis toneladas de plástico, Francisco lembrou que os cuidados com os mares e oceanos estão em suas intenções de oração para setembro.
"Depois, há os grandes pulmões, na República Centro-Africana, em toda a região Pan-amazônica". "São pequenos pulmões do mesmo tipo. É preciso defender a ecologia, a biodiversidade, que é a nossa vida, defender o oxigênio, que é a nossa vida", afirmou o Papa.
O Santo Padre disse também que "o que me conforta é que são os jovens que levam avante esta luta, que têm uma grande consciência e dizem: 'o futuro é nosso, com o seu faça o que quiser, mas não com o nosso!'. Vamos começar a meditar um pouco sobre isso".
"Creio que ter se chegado ao acordo de Paris foi um bom passo avante. Depois do (encontro de) Katowice (Polônia) também foi bom. São encontros que ajudam a se conscientizar", continuou.
O Acordo de Paris é um tratado no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a mudança climática que estabelece medidas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Sua aplicabilidade seria para o ano de 2020. Por outro lado, a cúpula de Katowice, sobre o mesmo tema, foi realizada no final de 2018.
O Pontífice também incentivou a "nos conscientizar começando pelas pequenas coisas" e disse que no mundo os governos trabalham pela Amazônia "alguns mais, outros menos".
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