5 de dezembro de 2024 Doar
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Levem o Papa muito a sério, adverte Cardeal a bispos alemães

Arcebispo de Colônia, Cardeal Reiner Maria Woelki | Paul Badde – EWTN

O Arcebispo de Colônia (Alemanha), Cardeal Reiner Maria Woelki, alertou os bispos alemães reunidos em sessão plenária, na manhã de 24 de setembro, que devem "levar o Papa muito a sério" e, sob sua liderança e a da Igreja universal, revisar seus planos sinodais polêmicos.

"Levemos o Papa muito a sério!", disse o Cardeal Woelki, enquanto pedia que fossem feitas mudanças importantes nos planos do sínodo para alinhá-los às recomendações de Francisco.

O Purpurado lembrou que o Papa Francisco lhes havia oferecido um "conselho paternal" essencial em sua carta de junho à Igreja na Alemanha.

Os bispos alemães se reúnem na cidade de Fulda, de 23 a 25 de setembro. Nesta quarta-feira, 25 de setembro, espera-se que votem para escolher o esboço com os estatutos do "processo sinodal vinculante" anunciado pelo presidente da Conferência Episcopal da Alemanha, Cardeal Reinhard Marx, no início de 2019.

Em meados de setembro, o Cardeal respondeu ao Vaticano, através de uma carta, afirmando que o polêmico processo sinodal alemão continuará como planejado, apesar das críticas da Santa Sé e do Papa Francisco, e discutirá questões que têm a ver com o ensinamento universal da Igreja e sua disciplina.

A missiva se refere ao "processo sinodal", no qual os bispos planejam criar uma assembleia sinodal na qual seriam uma minoria com 69 membros entre 200, para discutir temas como a separação de poderes na Igreja, a vida sacerdotal, o acesso das mulheres a diversas funções na Igreja e a moral sexual.

Durante a sessão da assembleia plenária de terça-feira, 24, o Cardeal Woelki se referiu a vários temas-chave da carta do Papa que, segundo ele, os bispos devem honrar, especialmente seu chamado para se centrar na evangelização e comunhão com a Igreja em geral.

A Igreja na Alemanha deve começar por "re-evangelizar a si mesma", é um "pré-requisito indispensável" para sua missão mais ampla, disse o Purpurado, acrescentando que a carta de Francisco deixou claro que os bispos devem permanecer enraizados na unidade essencial da fé, em Cristo e com toda a Igreja universal.

"Este é o sinal indispensável para o nosso caminho sinodal, que precisa correr como um fio através dele, para que o caminho sinodal possa dar frutos verdadeiros. A carta do Papa não deixa dúvidas sobre isso", disse o Cardeal Woelki.

A carta do Papa se tornou um ponto importante para o debate, à medida que os bispos alemães continuam suas deliberações sobre a criação de uma Assembleia Sinodal em associação com o Comitê Central dos Católicos Alemães.

Em 23 de setembro, o Núncio Apostólico na Alemanha, Dom Nikola Eterovic, escreveu aos bispos alemães para recordar que, com a carta de junho, é a primeira vez que um Papa escreve a todos os fiéis alemães desde o surgimento do nazismo, e que é essencial que escutem o Santo Padre.

O Cardeal Woelki assegurou que a advertência do Papa contra um sínodo inspirado em um "novo pelagianismo", centrado na reforma estrutural e em colocar a Igreja em conformidade com o espírito da época, é uma exortação importante.

"Não é casualidade que o Santo Padre advirta contra uma tendência que parece típica da Alemanha", disse o Cardeal Woelki, citando o Papa, ao descrever "essa antiga e sempre nova tentação dos promotores do gnosticismo que, querendo fazer seu próprio nome e expandir sua doutrina e fama, procuraram dizer algo sempre novo e diferente do que a Palavra de Deus lhes presenteava".

O Purpurado disse que, embora seja importante permitir a ampla participação dos fiéis na vida da Igreja, isso não pode ser confundido com a autoridade legítima de ensinamento e governo dos bispos "garantia da apostolicidade e da catolicidade".

Referindo-se à recente avaliação do Vaticano sobre o esboço com os estatutos da Assembleia do Sínodo, o Cardeal lembrou aos bispos que existe uma diferença crucial entre um enfoque "parlamentar" para o governo da Igreja e o papel adequado da discussão e consulta antes do exercício da autoridade legítima para a tomada de decisões.

"O caminho sinodal não deve ser percorrido sem a Igreja universal. A carta (do Papa) exorta essa perspectiva quando diz: 'Trata-se de viver e de sentir com a Igreja e na Igreja (...). A Igreja universal vive nas e das Igrejas particulares, assim como as Igrejas particulares vivem e florescem na e da Igreja universal, e se são separadas de todo o corpo eclesial, enfraquecem, murcham e morrem".

Os planos sinodais alemães incluem a formação de vários grupos de trabalho formados em associação com o Comitê Central dos Católicos Alemães. Estes já começaram a trabalhar e se espera que apresentem propostas em desacordo com o ensinamento universal da Igreja, algo que o Cardeal Woelki disse que iria contra as claras instruções do Papa.

"O Papa Francisco lembra que a fé das Igrejas particulares sempre se encontra na fé de toda a Igreja e deve ser encontrada lá. Em longo prazo, não pode e não deve haver maneiras diferentes de lidar com questões fundamentais de fé e moralidade que não apenas colocariam em perigo, mas possivelmente violariam, o alto bem da unidade que professamos no Credo como um atributo da Igreja", afirmou.

"As estipulações da fé, que pertencem à existência imutável da doutrina da Igreja, não podem e, portanto, não devem ser objeto de debate no caminho sinodal. A impressão não deve ser transmitida de que haveria uma votação quase parlamentar sobre a fé", insistiu o Arcebispo de Colônia.

As críticas do Vaticano aos planos alemães, apresentadas em uma carta datada de 4 de setembro ao Cardeal Reinhard Marx pelo Cardeal Marc Ouellet, Prefeito da Congregação para os Bispos, levantaram uma série de preocupações. A principal delas é o plano de conceder à Assembleia Sinodal "poder deliberativo" para aprovar resoluções sobre questões que afetam o ensinamento e o governo da Igreja.

O Cardeal Woelki também disse que escutar as instruções do Papa não significa interromper o processo sinodal.

"A carta do Papa enfatiza que isso não significa 'não caminhar, avançar, mudar e inclusive não debater e discordar'. Mas isso deve ser feito com a consciência, como diz o Papa, de 'que somos essencialmente parte de um corpo maior que nos exige, espera e precisa e que também nós exigimos, esperamos e precisamos'".

O Cardeal concluiu exortando os outros bispos alemães a fazer as mudanças necessárias nas estruturas e temas sinodais para consideração, assinalando a versão alternativa que apresentou em agosto, na qual explicitou que o corpo sinodal tinha um papel estritamente consultivo e sugeriu temas alternativos centrados na evangelização.

"Junto com o Santo Padre, novamente advirto contra seguir um caminho substancial e formal que nos retiraria do corpo universal de Cristo. Nossa participação na fé da Igreja universal, cuja integridade servimos nada menos que no ministério episcopal, exclui qualquer negociação ou votação sobre assuntos de fé. Isso também se aplica à disciplina eclesiástica, na medida em que está inserida no contexto geral da Igreja", afirmou.

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"Levemos o Papa realmente a sério. Não precisamos de um ativismo agitado, mas da serenidade de todos os que estão totalmente comprometidos com Cristo. É crucial que a Igreja na Alemanha mostre com palavras e ações como é belo viver na presença do Senhor, saber que Ele nos acompanha e nos rodeia: porque a alegria do Senhor é a nossa força", concluiu o Cardeal Woelki.

A grave crise da Igreja na Alemanha

Nos primeiros dias deste mês de setembro, o Cardeal Marx disse que "pode-se chegar à conclusão de que faz sentido, sob certas condições e em certas regiões, permitir sacerdotes casados".

O Cardeal também fez outras declarações contrárias à doutrina da Igreja, nas quais encorajou o acesso à comunhão dos divorciados em nova união, promoveu que os sacerdotes católicos concedam a bênção a casais homossexuais e sugeriu que os leigos pregassem na Missa.

Além disso, e no âmbito do Sínodo dos Bispos para a Amazônia que será realizado em outubro, em uma entrevista em 2018, o vice-presidente da Conferência Episcopal Alemã, Dom Franz-Josef Bode, disse que, se a ordenação de sacerdotes casados ​​na Amazônia for autorizada, os bispos alemães insistirão em ter a mesma permissão.

Em janeiro desse ano, ele também disse que era a favor de abençoar casais homossexuais.

Da mesma forma, Dom Franz-Josef Overbeck, Bispo de Essen e presidente da Adveniat, instituição de ajuda da Igreja na Alemanha para a América Latina, disse que o Sínodo da Amazônia "é um ponto sem retorno" para a Igreja e que "nada será como antes" depois deste encontro.

O Prelado também apoiou publicamente a "greve das mulheres" contra a Igreja na Alemanha, convocada por um grupo de católicas após o não do Papa Francisco à ordenação de diaconisas.

Em meados de julho deste ano, a Conferência Episcopal da Alemanha divulgou algumas estatísticas do ano de 2018, entre as quais destaca que, no período, mais de 216 mil fiéis decidiram abandonar a Igreja Católica.

Além disso, dos 23 milhões de batizados no país, de uma população total de 83 milhões, a porcentagem daqueles que participam da Missa Dominical é de 9,3%, ou seja, cerca de 2,1 milhões.

No caso dos sacerdotes que servem nas dioceses do país, o número caiu para 1.161 em 2018, quando havia mais de 17.000 no ano 2000.

As estatísticas também indicam que no ano 2000 havia 13.241 paróquias na Alemanha. Em 2018, caíram para 10.045.

As estatísticas de 2018 não fornecem nenhuma informação sobre o sacramento da Reconciliação ou da Confissão, uma prática que parece ter sido quase completamente abandonada pelos católicos do país, incluindo os sacerdotes.

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