19 de dezembro de 2024 Doar
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Arcebispo teme novo êxodo cristão após ofensiva da Turquia na Síria

Pessoas fogem da guerra na fronteira entre Síria e Turquia. Crédito: Captura de vídeo (EWTN Noticias)

O Arcebispo siro católico Emérito de Hassake-Nisibi (Síria), Dom Jacques Behnan Hindo, expressou sua preocupação com a possibilidade de que ocorra um novo êxodo de cristãos sírios como resultado da ofensiva militar da Turquia, porque, embora todos tenham seus interesses, "seremos nós, os cristãos, que pagaremos as consequências".

Depois que os Estados Unidos retirou, no domingo, 6, os efetivos que tinha no nordeste da Síria, a Turquia começou, na segunda-feira, sua operação "Primavera da Paz", com uma série de bombardeios aéreos e de artilharia, para ingressar na quarta-feira com tropas e tanques.

A Turquia e seu aliado rebelde Exército Livre Sírio (FSA, na sigla em inglês) querem expulsar os curdos da região para instalar no local os cerca de três milhões de refugiados sírios que estão em território turco e, assim, afastar a reivindicação de criar o Grande Curdistão.

Assim, a operação "Primavera da Paz" quer expulsar da fronteira o grupo rebelde curdo Forças Democráticas da Síria (SDF), criado em 2015, e que também inclui as Unidades de Proteção Popular Curda (YPG), consideradas pelos turcos como o braço sírio do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), uma organização política e guerrilheira que opera na Turquia e é considerada terrorista.

O PKK foi fundado em 1978 e seu objetivo é a criação do Grande Curdistão, que abrangeria as áreas habitadas por curdos na Turquia, Síria, Irã e Iraque. Somente neste último país, essa etnia tem alguma autonomia política em uma região chamada Curdistão Iraquiano.

Tanto a FSA quanto as SDF são considerados grupos rebeldes que também lutam contra o governo sírio de Bashar Al Asad, em uma guerra iniciada em 2011. Além disso, os curdos da SDF foram os principais aliados dos EUA na derrota do grupo terrorista Estado Islâmico (ISIS).

Em declarações divulgadas em 10 de outubro pela Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), Dom Hindo expressou sua dor pela situação e disse que, "como sempre, cada um tem seus próprios interesses, mas seremos nós, os cristãos, que pagaremos as consequências".

Nesse sentido, recordou que em março conheceu os líderes do Partido Democrata Curdo (PYD) e os convidou a "desistir de seus planos" de uma região autônoma na Síria.

"Eles acreditam que têm direito a uma região autônoma, assim como há um Curdistão iraquiano e um turco. Mas a população curda nessa área da Síria é de apenas 10%. Além disso, são pessoas que chegaram como requerentes de asilo depois de 1925, que têm nacionalidade turca ou iraquiana. Eles não têm nenhum direito", expressou.

O Prelado considera que os curdos perderão diante das tropas turcas, especialmente após a retirada dos Estados Unidos. Mas, também expressou preocupação com as cinco mil famílias na Diocese de Hassake-Nisibi.

"Agora, o conflito é mais grave e temo que muitos procurem emigrar. Desde o início da guerra na Síria, 25% dos católicos de Qamishli e 50% dos fiéis de Hassake deixaram o país junto com 50% dos ortodoxos. Temo um êxodo semelhante, se não maior", indicou.

Do mesmo modo, disse que a preocupação também é grande devido à presença de simpatizantes do ISIS na região. "Esta manhã, soube que a prisão de Chirkin havia sido atingida, onde jihadistas do Estado Islâmico estão detidos". "Qual a finalidade? Desta forma, grande parte deles será liberada. Este é um plano para destruir a Síria e não apenas isso. Agora, os terroristas também chegarão à Europa através da Turquia e com o apoio da Arábia Saudita", alertou.

Dom Hindo exigiu que a comunidade internacional assuma sua responsabilidade. "Estados Unidos, Itália, França, Reino Unido, Alemanha, todos devem fazer um mea culpa. Agiram na Síria por seus interesses, escondendo-se atrás dos ideais de liberdade e democracia. E eles não fizeram nada além de enfraquecer nosso país à custa da população. Por que eles não lutam pela liberdade e democracia na Arábia Saudita?", questionou.

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