20 de dezembro de 2024 Doar
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Arcebispo de Tóquio explica os desafios da Igreja para evangelizar o Japão

Imagem referencial. Crédito: Unsplash

Os esforços da Igreja Católica para evangelizar a população japonesa chocaram muitas vezes com obstáculos, segundo o Arcebispo de Tóquio, Dom Isao Kikuchi, mas a Igreja ainda continua encontrando algumas formas de proclamar o Evangelho.

Dom Kikuchi, em entrevista à CNA, agência em inglês do Grupo ACI, falou sobre o Japão, a evangelização e por que encontrar espaço na sociedade japonesa convencional é tão difícil para uma religião que sobreviveu à perseguição e genocídio no país desde 1549.

Segundo os dados disponíveis mais recentes, aproximadamente 35% dos japoneses afirmam ser budistas, enquanto cerca de 3-4% reconhecem fazer parte do xintoísmo ou de religiões populares japonesas associadas. Apenas 1-2% dos japoneses se identificam como cristãos, e apenas metade deles são católicos.

"Na sociedade japonesa, é difícil encontrar um sucesso tangível nas atividades missionárias", comentou o Prelado. "No passado, missionários estrangeiros conseguiram abrir cursos, reunindo pessoas através de aulas culturais e de inglês. No entanto, estes foram substituídos por iniciativas das empresas comerciais".

A educação em idiomas estrangeiros demonstrou ser uma ferramenta poderosa para a interculturalidade depois da Segunda Guerra Mundial, pois era exigido para os cargos bem remunerados nos negócios e na política internacional, embora apenas uma fração da população o falasse nativamente.

No entanto, a educação em inglês se tornou obrigatória na maioria das escolas. As aulas de inglês geralmente começam no ensino fundamental ou mesmo antes e continuam até o ensino médio.

Além disso, o Japão agora está repleto de escolas para praticar idiomas estrangeiros com falantes nativos, conhecidos como "eikaiwa", os quais, em combinação com o aumento da educação obrigatória em inglês, mataram em grande parte a comunidade que oferece aulas amadoras de língua estrangeira, alguma vez um elemento básico da atividade missionária católica.

"As escolas católicas podem ser um local para conhecer muitos jovens, mas, infelizmente, com exceção de algumas, não é mais um local para atividades missionárias", disse o Prelado.

Historicamente, as escolas foram vistas como o último ponto forte do catolicismo para evangelizar os japoneses. Enquanto as paróquias estão diminuindo com o resto da população e a escassez de clérigos está se tornando um problema crescente, o prestígio do ensino médio e da universidade católica persiste e até se fortalece no Japão desde a Restauração Meiji.

Apreciadas anteriormente por seu acesso à educação de estilo ocidental e pelos instrutores estrangeiros, em uma época em que o país estava apenas começando a interagir com o mundo exterior, hoje as universidades católicas ainda são muito respeitadas.

"Embora as escolas devessem ser independentes da política nacional, infelizmente estão vinculadas por subsídios do país e, portanto, estão gradualmente perdendo sua particularidade e tendo apenas o nome de 'católico'", disse Dom Kikuchi, referindo-se ao alto custo que as instituições católicas tiveram que pagar para se destacar.

Nos últimos anos, a Igreja no Japão também investe muito tempo em projetos de ajuda em casos de desastres.

Através desses esforços, o Arcebispo comentou que "a Igreja dá prioridade ao testemunho do Evangelho de maneira visível através dessas firmes obras de misericórdia. Certamente, essas atividades podem não levar imediatamente à recepção do batismo, mas existe a esperança de que muitas pessoas que foram tocadas pelo espírito do Evangelho sejam levadas à Igreja".

A segunda ferramenta mais poderosa de evangelização, disse Dom Kikuchi, é a população católica que veio do exterior para o Japão e se estabeleceu no país.

"Em segundo lugar, o Evangelho é pregado pela presença de católicos estrangeiros que vieram para o Japão. Em particular, aqueles que se casaram e construíram seus lares em áreas rurais tornam possível que o Evangelho seja levado para áreas onde a Igreja nunca teve a oportunidade de se envolver".

Os imigrantes das Filipinas compõem uma grande parte dos novos estrangeiros nos últimos anos, sendo a quarta maior comunidade do Japão. Estima-se que cerca de 250 mil filipinos moram e trabalham em todo o Japão.

A população das Filipinas é aproximadamente 90% cristã e 86% especificamente católica, constituindo uma grande porcentagem de leigos no Japão, participando de Missas e integrando-se em comunidades religiosas, tanto em áreas rurais como urbanas.

"Portanto, uma tarefa importante que deve ter prioridade é incentivar os estrangeiros que se estabeleceram no Japão a tomarem consciência de sua vocação missionária como católicos".

Dom Kikuchi acredita que o clero tem a responsabilidade de inculcar esse senso de espiritualidade missionária nos estrangeiros.

"O cuidado pastoral de cidadãos estrangeiros na Igreja japonesa não é simplesmente um serviço de boas-vindas [aos convidados], mas também é um dever de tornar conhecida sua vocação como missionários".

Esta entrevista foi realizada semanas antes da visita do Papa Francisco ao Japão, de 23 a 26 de novembro.

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