22 de dezembro de 2024 Doar
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Asseguram que Cardeal Pell vetou polêmico empréstimo do Vaticano a hospital

Cardeal George Pell. Crédito: Daniel Ibáñez | ACI Prensa

Fontes vaticanas asseguram que o Cardeal George Pell se opôs a um controverso empréstimo de 50 milhões de euros do Vaticano para um hospital italiano no final de 2014, que finalmente foi feito e teria quebrado alguns acordos regulatórios internacionais.

Segundo informam vários oficiais do Vaticano, no final de 2014, dois cardeais solicitaram que o Instituto para as Obras de Religião (IOR), conhecido como "Banco do Vaticano", fizesse um empréstimo de 50 milhões de euros para um hospital italiano falido, o Istituto Dermopatico dell'Immacolata (IDI), administrado pela Congregação dos Filhos da Imaculada Conceição.

O dinheiro seria usado para pagar parte da dívida milionária do centro médico.

Funcionários do Vaticano indicaram à CNA – agência em inglês do Grupo ACI – que os cardeais Angelo Becciu, então substituto da Secretaria de Estado do Vaticano, e Giuseppe Versaldi, atual prefeito da Congregação para a Educação Católica, estavam envolvidos na operação.

Duas fontes do Vaticano disseram à CNA que a proposta de empréstimo foi rejeitada em 2015, depois que o IOR determinou que o IDI não teria como devolver o dinheiro.

Funcionários da Administração do Patrimônio da Sé Apostólica (APSA) e da Prefeitura de Economia enfatizaram que o Cardeal Pell se expressou claramente contra o empréstimo. Naquela época, o Cardeal estava encarregado, a pedido do Papa Francisco, da reforma das finanças do Vaticano.

Após a rejeição do IOR, o pedido de 50 milhões foi transferido para a APSA e feito a partir daí, o que teria violado diversos regulamentos internacionais.

"Eles estavam desesperados. Simplesmente não havia outra maneira de fazê-lo", disse uma fonte vaticana à CNA.

"Eles não aceitariam um não como resposta", disse uma fonte da APSA à CNA em referência aos cardeais Versaldi e Becciu. "A prefeitura (da Economia) tentou bloquear o acordo, mas mesmo assim foi feito", acrescentou.

Uma fonte do Vaticano também disse à CNA que os cardeais Becciu e Versaldi fizeram seu pedido à APSA, considerando que esta instituição e a Secretaria de Estado resistiam à reforma empreendida pelo Cardeal Pell.

Após as tensões causadas pelo empréstimo, que finalmente foi feito através da APSA, o Papa retirou do departamento do Cardeal Pell a autoridade para revisar os investimentos da instituição financeira do Vaticano. Várias fontes disseram à CNA que a decisão do Santo Padre foi por causa do lobby feito nesse sentido pelo Cardeal Becciu.

O Cardeal Becciu também foi responsável pelo cancelamento de uma auditoria externa que seria realizada pela prestigiada empresa PricewaterhouseCooper em todas as finanças do Vaticano e também se opôs aos esforços do Cardeal Pell para acabar com a prática de manter os ativos e fundos da Santa Sé "fora dos livros".

Fontes confiáveis ​​na Prefeitura de Economia e na APSA indicaram à CNA que o cancelamento da auditoria foi explicado, em parte, pela promessa de outra auditoria independente que nunca foi realizada. No entanto, disseram, houve um "entendimento de boa fé" entre a APSA e a Autoridade de Informação Financeira no Vaticano (AIF).

A AIF foi criada pelo Papa Bento XVI e é a autoridade competente da Santa Sé para a luta contra a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo.

Várias fontes na Prefeitura de Economia e na APSA disseram à CNA que os esforços para alcançar a transparência na APSA e na Secretaria de Estado foram um fator decisivo para a saída do primeiro auditor geral, Libero Milone, em 2017.

Milone disse que foi obrigado a renunciar porque se dedicou a buscar informações sobre as centenas de milhões de euros que não aparecem nos registros curiais.

"Alguns se preocuparam porque estava prestes a descobrir algo que não deveria ver. Chegamos muito perto das informações que queriam manter em segredo, assim, fabricaram uma situação para me tirar de lá", disse Milone ao 'Financial Times', em 2 de novembro.

Quando Milone deixou o cargo, o Cardeal Becciu disse, em 2017, que então auditor "se mostrou contra todas as regras e estava espionando a vida privada de seus superiores, incluindo a minha. Se não tivesse renunciado, o teríamos ajuizado".

O Cardeal Pell está agora detido em uma prisão no estado australiano de Victoria, após uma decisão que o considerou culpado de cinco acusações de abuso sexual. Não é possível entrar em contato com ele para obter uma declaração.

A CNA perguntou ao Cardeal Becciu sobre seu papel no pedido de empréstimo de 50 milhões de euros ao IOR para uso no IDI, mas o Cardeal se recusou a fazer qualquer declaração.

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