23 de novembro de 2024 Doar
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Por que o Vaticano não participa da conferência da população em Nairóbi?

Vaticano. Crédito: Daniel Ibáñez | ACI

A Santa Sé enviou um comunicado ao governo do Quênia para explicar as razões pelas quais não participa da conferência internacional de população que teve início em 12 de novembro, em Nairóbi, 25 anos depois da realizada no Cairo (Egito). Aqui, explicamos as razões para esta decisão.

No evento conhecido como ICPD 25, que durará três dias, cerca de 5 mil especialistas de 150 países se reúnem em Nairóbi, convocados pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e pelos governos do Quênia e Dinamarca.

Um comunicado datado de 24 de outubro e assinado pelo Núncio Apostólico no Quênia e no Sudão do Sul, Dom Bert van Megen, afirma que é um sucesso fazer esse evento na África, mas esclarece que é "lamentável" a decisão dos organizadores de "concentrar a conferência em alguns temas controversos, que causam divisão, que não têm consenso internacional e que não refletem bem a ampla agenda de desenvolvimento que se deve destacar na ICPD".

Entre estes temas controversos estão os "direitos sexuais e reprodutivos", nos quais o acesso ao aborto está incluído; e a "educação na sexualidade compreensiva", que inclui a promoção da ideologia de gênero e estilo de vida homossexual.

O tempo investido nestes temas, assinala o documento enviado pelo Núncio à ACI África, agência do Grupo ACI, poderia ser melhor utilizado em outros temas críticos, como "mulheres e crianças vivendo em extrema pobreza, migração, estratégias para o desenvolvimento, formação e educação, promoção de uma cultura de paz, apoio à família como célula da sociedade, fim da violência contra a mulher, acesso ao emprego, terra, capital e tecnologia ", entre outros.

O documento também assinala que é "lamentável" que o evento ocorra "fora da estrutura das Nações Unidas". Embora pareça haver "negociações transparentes entre governos" por trás disso, o tipo de consenso que pode ser alcançado pode ser "confuso".

Por outro lado, o Núncio realizou uma reunião com alguns políticos católicos de Catholic Members of Parliament Spiritual Support Initiative (CAMPSSI), na qual encorajou a estar "alerta aos conceitos e palavras codificadas usadas na cúpula que geralmente significam coisas que vão além do seu significado natural".

Entre esses conceitos, disse o Arcebispo, estão "diversidade, direitos, inclusivos, compassivos, humanos".

A posição da Santa Sé é compartilhada pela organização Kenyan Christian Professionals' Forum (KCPF), uma organização que, com a ajuda dos bispos católicos, organiza uma conferência paralela à ICPD25.

"Não acreditamos que os temas da ICPD25 sejam os assuntos que realmente preocupam o desenvolvimento das mulheres e da humanidade em geral", disse o presidente da Conferência Episcopal do Quênia, Dom Philip Anyolo, em uma coletiva de imprensa em 8 de novembro.

Da mesma forma, os prelados indicaram que os temas da ICPD25 são contrários à "nossa cultura africana e a nossa herança religiosa".

"Vemos essa agenda como uma tentativa de corromper nossos jovens e escravizá-los a ideologias estrangeiras, como, por exemplo, a das uniões entre pessoas do mesmo sexo ou o estilo de vida homossexual", ressaltaram.

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