15 de dezembro de 2024 Doar
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Sacerdote leva o Evangelho a tribo nômade da África: É o melhor que me aconteceu

Pe. Kenneth com crianças da tribo Borana na Etiópia. Crédito: ACN

A Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) compartilhou o testemunho de um sacerdote missionário nigeriano de 45 anos que serve a uma tribo nômade em uma região remota da Etiópia, na África.

"É a melhor experiência que tive como sacerdote. Minha fé se fortaleceu ainda mais. Posso ajudar as pessoas que não conseguem se ajudar a si mesmas. Posso ajudá-las a conhecer melhor a Deus e, assim, dou-lhes vida. É a melhor coisa que poderia ter acontecido comigo", compartilhou Pe. Kenneth, sacerdote espiritano, no testemunho divulgado pela ACN.

"Quando eu ainda era seminarista, um sacerdote voltou da Etiópia. Era uma pessoa muito boa e modesta, pensei que eu também queria ir para a Etiópia. Eu não sabia nada sobre esse país, mas queria ir. Antes de sermos ordenados, pudemos escolher três lugares no mundo onde gostaríamos de realizar nosso ministério, escrevi em primeiro e segundo lugar a Etiópia; em terceiro lugar, Nigéria", narrou.

Há sete anos, o sacerdote é missionário entre os boranas, uma tribo nômade tradicional do sul da Etiópia. Embora atualmente muitas famílias já sejam sedentárias, algumas delas ainda se deslocam com seus rebanhos pela região.

"Minha primeira impressão foi que realmente é uma área muito remota. Faz parte do carisma de nossa ordem trabalhar em regiões remotas onde a Igreja tem dificuldades".

Hoje, este sacerdote é pároco da paróquia da Santa Cruz de Dhadim. Dos nove mil habitantes do local, cinco mil já são católicos e muitos outros querem ser batizados.

Pe. Kenneth ressalta que, "para os Boranas, o maior atrativo no cristianismo é que toda pessoa é amada. Também ficam impressionados com a universalidade da Igreja, por isso querem pertencer a ela. Da mesma forma que celebramos a Santa Missa aqui, é celebrada em Roma ou em outro lugar".

O sacerdote também conta que, entre os frutos de seu trabalho, já existem duas jovens Borana que querem ser religiosas e cinco rapazes que estão considerando o sacerdócio.

Os jovens são particularmente ativos: 250 participam regularmente da paróquia.

Graças à ACN, que anualmente contribui com cerca de seis mil dólares, todos os anos, entre 65 e 100 jovens podem participar de um programa pastoral em outras dioceses, de três dias de duração.

"A maioria deles nunca saiu de sua aldeia. É uma experiência importante para eles, conhecer e compartilhar experiências com jovens de outras tribos. Não falam o mesmo idioma, mas garantimos que alguém atue como intérprete. Os jovens crescem na fé e têm uma nova experiência na Igreja. Também é positivo, porque depois estão mais motivados a aprender outro idioma, como o inglês, e ir à escola. Esses dias não são benéficos apenas para eles, mas também para toda a Igreja", disse o sacerdote.

Há também uma pastoral com os casais e Pe. Kenneth colabora com eles para que possam celebrar o sacramento. "É um grande alívio para os casais quando eles finalmente se casam pela Igreja e podem receber a comunhão", disse.

O presbítero também disse que ajudam a melhorar a situação das mulheres. "Tradicionalmente, as mulheres boranas são muito tímidas, a tradição não lhes permite fazer nada fora de casa. A Igreja está tentando ajudá-las a sair mais, damos a elas a oportunidade de serem catequistas e ensinarem. As pessoas aceitaram e agora elas gostam. Também incentivamos as meninas a frequentarem a escola, desta maneira, o número de casamentos muito precoces diminuiu consideravelmente. Confiamos na evangelização através da educação", indicou.

O sacerdote também explicou que querem fazer alguns cursos de paz e reconciliação para ajudar a superar as disputas tribais que são cada vez menos na região, que tem vários problemas no transporte.

"As estradas são muito ruins, a maioria das vias só podem ser percorridas a pé, de moto ou de bicicleta. Às vezes tenho que percorrer entre 25 e 30 quilômetros. Quando tenho que atravessar a floresta sozinho, às vezes fico com medo, pois há leopardos, serpentes enormes e muitas hienas. Quando me chamam para uma emergência, muitas vezes tenho que viajar sozinho à noite", concluiu o sacerdote nigeriano.

A Fundação ACN apoia na Etiópia com uma média de 40 projetos anuais. Em 2018, entregou uma ajuda de mais de 1 milhão de euros.

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