Peoria, Dec 4, 2019 / 13:30 pm
A Diocese de Peoria (Estados Unidos) anunciou na terça-feira, 3 de dezembro, que se decidiu adiar a beatificação do venerável Arcebispo Fulton J. Sheen, que foi estrela de televisão, depois que vários bispos no país pediram para examinar a causa por mais tempo.
Um funcionário da Igreja vinculado ao processo de beatificação disse à CNA – agência em inglês do Grupo ACI – que a decisão de adiar a data para elevar o Arcebispo aos altares não tem a ver com uma acusação contra ele de encobrimento de abusos.
"A acusação de um processo nos Estados Unidos esteve na internet por dez anos. Tudo o que foi dito sobre a vida de Sheen foi examinado durante o processo de beatificação", destacou a fonte.
A data que foi anunciada em 18 de novembro para a beatificação estava marcada para 21 de dezembro. Agora, com este adiamento, não tem mais uma data específica.
"Com grande pesar, Dom Daniel Jenky, CSC, Bispo de Peoria, anuncia que a Santa Sé o informou que a beatificação de Fulton Sheen será adiada", diz um comunicado de imprensa da Diocese de Peoria.
Em 2 de dezembro, "a Santa Sé decidiu adiar a data de beatificação a pedido de alguns membros da Conferência Episcopal que solicitaram maior consideração" da causa.
A declaração da Diocese de Peoria dizia que "o bispo está muito preocupado com os muitos fiéis que são devotos de Sheen e que serão afetados por esta notícia".
Depois de assinalar que está convencido da santidade de Sheen, o comunicado da Diocese de Peoria afirma explicitamente que "é importante que os fiéis saibam que não há e nunca houve nenhuma acusação contra Sheen referente a abusos de menores".
A diocese também enfatizou que, durante "a investigação da vida de Sheen, demonstrou-se definitivamente que ele foi um modelo exemplar de conduta cristã e um modelo de liderança na Igreja. Em nenhum momento sua vida de virtude foi questionada".
Acusam Dom Sheen de encobrir um caso de abuso
Robert Hoatson, um ex-sacerdote expulso do estado clerical que trabalhava na Arquidiocese de Newark, entrou com uma ação em 2007, na qual afirma que Fulton Sheen testemunhou e encobriu um caso de abuso sexual. Isso teria acontecido quando era Bispo auxiliar de Nova York.
O processo assinalava que Hoatson "aconselha uma vítima de um sacerdote da Arquidiocese de Nova York, cujos abusos continuaram por mais de dez anos. Um dia, quando a vítima era abusada nos escritórios de propagação da fé na cidade de Nova York, o bispo Fulton Sheen entrou no local e viu o abuso, chamou a vítima de prostituta, disse ao sacerdote para vestir a calça e não fez nada para relatar o incidente ou confortar a vítima. O Bispo Sheen encobriu o crime".
Em 3 de dezembro, Hoatson disse à CNA – agência em inglês do Grupo ACI – que, a pedido da suposta vítima, não comentará as acusações e disse que a mulher quer permanecer anônima. "A vítima só quer estar tranquila com isso e me pediu que não diga mais nada", destacou.
No processo de 2007, Hoatson assegurou que "o sacerdote abusador continua sendo pastor e teve um papel de destaque na cobertura televisiva do funeral do Papa João Paulo II. Quando o demandante escreveu ao promotor da causa da canonização do Bispo Sheen para informá-lo sobre as ações do Bispo, sua carta foi ignorada e não foi respondida. A santidade do Bispo Sheen segue adiante apesar de seu encobrimento de abuso sexual de menores, enquanto o demandante é assediado, sofre represálias e é demitido".
O mesmo processo assinala que o ex-cardeal Theodore McCarrick era um "homossexual ativo" e também menciona o Arcebispo John Myers, o Cardeal Edward Egan e o Bispo Howard Hubbard.
"Esses bispos estiveram comprometidos em suas posições e status como empregadores de predadores e pedófilos no ministério. Viram-se motivados a fazer represálias contra o demandante por expor seus atos criminosos, corrupção, imoralidade, hipocrisia e atos criminosos de depredadores e entre bispos", acrescentava a medida legal.
O processo foi apresentado inicialmente a nível federal e arquivado. O advogado que o apresentou foi sancionado pela corte, que sugeriu que o processo só visava a publicidade e foi "catalogado como totalmente irrelevante e incendiária sobre acontecimentos vergonhosos relacionados aos acusados e não acusados que não têm vínculos com as ações apresentadas".
Finalmente, o caso foi arquivado em um tribunal estadual.
Hoatson foi expulso do estado clerical em 2011 e agora lidera uma organização chamada Road to Recovery (Caminho de Recuperação), através da qual oferece ajuda às vítimas de abusos sexuais cometidos por sacerdotes e com a qual promove mudanças no ensinamento e na disciplina da Igreja em assuntos do clero.
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