27 de dezembro de 2024 Doar
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Bispos da Alemanha se comprometem a “avaliar” doutrina católica sobre moral sexual

Cardeal Reinhad Marx e outros dois bispos alemães. Crédito: Bohumil Petrik | ACI Prensa

No início de seu polêmico "processo sinodal", os bispos da Alemanha expressaram seu compromisso de "avaliar" a doutrina católica sobre a homossexualidade e a moral sexual e o que diz respeito aos sacramentos da ordem sacerdotal e do matrimônio.

Após algumas consultas realizadas em Berlim no início do mês, o chefe da Comissão de Matrimônio e Família da Conferência Episcopal Alemã afirmou que os bispos estiveram de acordo em que a homossexualidade é uma "forma normal" da identidade sexual humana.

"A preferência sexual do homem se expressa na puberdade e assume uma orientação heterossexual ou homossexual. Ambas pertencem às formas normais de predisposição sexual, que não podem ou devem ser alteradas com a ajuda de uma socialização específica", indicou o Arcebispo de Berlim, Dom Heiner Koch, em uma declaração divulgada pela conferência episcopal no dia 5 de dezembro.

O Arcebispo indicou que esses "desenvolvimentos" foram possíveis graças à Amoris laetitia, a exortação apostólica do Papa Francisco sobre o matrimônio e a família. Nesse sentido, disse o Prelado, a Igreja deve considerar os mais recentes avanços científicos e teológicos sobre a sexualidade humana.

A declaração segue uma consulta formal de quatro bispos diocesanos em Berlim sobre o tema "A sexualidade do homem: como deve ser discutida científica e teologicamente; e julgada eclesiologicamente?", realizada em 5 de dezembro.

Além de Dom Koch, os outros prelados assistentes foram Dom Franz-Josef Bode, Bispo de Osnabrück, Dom Wolfgang Ipolt, Bispo de Görlitz, Dom Peter Kohlgraf, Bispo de Mainz, bem como outros bispos auxiliares da Comissão de Fé e Família do Episcopado, teólogos, médicos e especialistas em direito canônico.

Dom Koch disse que o evento consistiu em uma "discussão sólida apoiada pelas ciências humanas e pela teologia" e que, depois de Amoris laetitia, as relações sexuais de pessoas divorciadas em uma nova união "nem sempre podem ser qualificadas como pecado mortal", por isso, não se justifica a exclusão destas pessoas "da recepção da Eucaristia".

O Arcebispo de Berlim também disse que o processo sinodal, que deve durar dois anos e que começou em 1º de dezembro, "deve começar sem qualquer posição preconceituosa" sobre o ensinamento da Igreja e sem pontos de vista fixos, mas com uma abertura para levar em conta "os recentes avanços científicos".

Segundo o Prelado, os participantes do evento concordaram que "a sexualidade humana implica uma dimensão de luxúria, procriação e relacionamento" e, como a orientação sexual é considerada invariável, "qualquer forma de discriminação contra pessoas com orientação homossexual" deve ser rejeitada, como "o Papa Francisco destacou explicitamente" em Amoris laetitia.

O comunicado de imprensa dos bispos alemães indica que também foi discutido se o magistério da Igreja estava "atualizado" em relação aos atos homossexuais e se os métodos contraceptivos para "casais casados ​​e não casados" ainda deveriam ser condenados pela Igreja.

Os resultados desta consulta teológica em Berlim serão compartilhados com o processo sinodal por meio de um fórum intitulado "Vida em relações bem-sucedidas: O amor vivo na sexualidade e os casais", que começará em fevereiro de 2020.

Por outro lado, várias organizações diocesanas e sinodais que são financiadas com o chamado imposto da Igreja ou Kirchensteuer, fizeram diversas exigências públicas para mudar o ensinamento da Igreja a respeito das bênçãos das uniões homossexuais ou da ordenação de mulheres.

Um desses grupos chegou a solicitar inclusive a aprovação do aborto quando "uma mulher ou um casal decidiu fazê-lo".

Em uma entrevista publicada em um site financiado pelos bispos alemães, a subdiretora da Associação das Mulheres Católicas Alemãs (KFD) exigiu que possam receber a ordem sacerdotal e assinalou que "a ordenação sacramental das diaconisas" seria um primeiro bom gesto nesta direção.

A grave crise da Igreja na Alemanha

Nos primeiros dias de setembro, o Cardeal Reinhard Marx, presidente da Conferência Episcopal Alemã, disse que "pode-se chegar à conclusão de que faz sentido, sob certas condições e em certas regiões, permitir sacerdotes casados". Essas declarações se tornam mais importantes já que o Cardeal participou de 6 a 27 de outubro no Vaticano do Sínodo da Amazônia, cujo documento final propõe a possibilidade de ordenar homens casados como sacerdotes.

Os participantes do Sínodo também aprovaram majoritariamente a proposta para a criação de um rito amazônico e expressaram seu apoio à possibilidade de ordenar diaconisas.

O Cardeal também fez outras declarações controversas nas quais encorajou o acesso à comunhão dos divorciados em nova união, promoveu que os sacerdotes católicos concedam a bênção a casais homossexuais e sugeriu que os leigos pregassem na Missa.

Em uma entrevista em 2018, o vice-presidente da Conferência Episcopal Alemã, Dom Franz-Josef Bode, disse que, se a ordenação de sacerdotes casados ​​na Amazônia for autorizada, os bispos alemães insistirão em ter a mesma permissão. Em janeiro desse ano, ele também disse que era a favor de abençoar casais homossexuais.

Por outro lado, Dom Franz-Josef Overbeck, Bispo de Essen e presidente da Adveniat, instituição de ajuda da Igreja na Alemanha para a América Latina, disse que o Sínodo da Amazônia "é um ponto sem retorno" para a Igreja e que "nada será como antes" depois deste encontro.

O Prelado também apoiou publicamente a "greve das mulheres" contra a Igreja na Alemanha, convocada por um grupo de católicas após o não do Papa Francisco à ordenação de diaconisas.

Em meados de julho deste ano, a Conferência Episcopal da Alemanha divulgou algumas estatísticas do ano de 2018, entre as quais destaca que, no período, mais de 216 mil fiéis decidiram abandonar a Igreja Católica.

Além disso, dos 23 milhões de batizados no país, de uma população total de 83 milhões, a porcentagem daqueles que participam da Missa Dominical é de 9,3%, ou seja, cerca de 2,1 milhões.

No caso dos sacerdotes que servem nas dioceses do país, o número caiu para 1.161 em 2018, quando havia mais de 17.000 no ano 2000.

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As estatísticas também indicam que no ano 2000 havia 13.241 paróquias na Alemanha. Em 2018, caíram para 10.045.

As estatísticas de 2018 não fornecem nenhuma informação sobre o sacramento da Reconciliação ou da Confissão, uma prática que parece ter sido quase completamente abandonada pelos católicos do país, incluindo os sacerdotes.

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