Abuja, Dec 30, 2019 / 08:57 am
O Bispo de Sokoto (Nigéria), Dom Matthew Kukah, assegurou que a execução de dez cristãos nas mãos do Estado Islâmico (ISIS), um dia após o Natal, faz parte de um drama mais amplo que o país vive diariamente.
"Isto faz parte um drama muito mais amplo com o qual vivemos diariamente. É muito difícil compreender por que o governo não faz progressos no enfrentamento desta crise; 30 pessoas morrem, 59 pessoas morrem, e esses incidentes só produzem condenações formais por parte dos líderes do país, mas sem um sentido de urgência. Seguimos em frente como se tudo isso fosse normal", disse o Prelado à Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN).
"Onde está a repulsa moral diante dessa tragédia?", questionou em seguida.
Em 26 de dezembro, um vídeo publicado pelo ISIS mostrou a aparente decapitação de 10 cristãos feitos reféns na África Ocidental. Um décimo primeiro homem, identificado como muçulmano, recebeu um disparo.
A BBC assinalou que o vídeo foi produzido pela Amaq, a agência de propaganda do ISIS. O massacre foi cometido pelo Estado Islâmico, composto por membros do grupo terrorista Boko Haram que em 2015 lhe juraram lealdade.
Segundo o rastreador de segurança da Nigéria do Conselho de Relações Exteriores, as insurgências mataram mais de 36 mil pessoas (civis, combatentes do Boko Haram e militares nigerianos) nos últimos 10 anos.
O ISIS proclamou que os assassinatos foram em retaliação pelas mortes no final de outubro de seu líder Abu Bakr al-Baghdadi e do porta-voz do grupo Abul-Hasan Al-Muhajir nas mãos das forças especiais dos EUA.
Segundo a ACN, na véspera de Natal, o Boko Haram atacou uma aldeia perto da cidade de Chibok, no estado nordeste de Borno, matando sete pessoas. Foi em Chibok onde o Boko Haram sequestrou 276 alunas em 2014; 112 meninas permanecem em cativeiro.
Dom Kukah pediu à comunidade internacional que "pressione a Nigéria a fim de proteger vidas".
"As coisas não podem continuar e os autores devem ser levados à justiça", acrescentou o bispo.
Do mesmo modo, disse que os Estados Unidos e os países europeus deveriam prevenir a violência na África, um continente cujos recursos naturais as potências buscam aproveitar.
O bispo rejeitou o argumento das nações ocidentais de ter que se manter às margens dos "assuntos internos" das nações africanas.
"Querem explorar os recursos petrolíferos e minerais do continente, mas não querem proteger as pessoas", disse Dom Kukah.
Acrescentou que "70%" das diversas crises na África são provocadas pelos recursos minerais e acusou as "corporações internacionais por gerar corrupção", que é a raiz dos distúrbios.
"Se as nações ocidentais querem tirar suas tropas da África, também deveriam sair do negócio de recursos minerais, devem estar conosco nos bons e nos maus momentos", disse Dom Kukah.
Além disso, afirmou que os estragos dos islâmicos na África "são o resultado das guerras iniciadas pelas nações ocidentais no Oriente Médio".
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