Vaticano, Feb 13, 2020 / 20:58 pm
Na tarde desta quinta-feira, 13, o Papa Francisco recebeu em encontro privado, o ex-presidente brasileiro Luis Inácio Lula da Silva, condenado a 8 anos e 10 meses de prisão, quem teve que pedir à justiça brasileira a postergação de uma audiência no âmbito da Operação Zelotes, na qual é acusado de corrupção, para comparecer à reunião com o Pontífice.
O encontro que durou quase uma hora foi na Casa Santa Marta, onde reside o Papa. O encontro não estava na agenda do Papa para esta quinta-feira, divulgada pela Sala de Imprensa do Vaticano pelas manhãs, por seu caráter privado e porque a visita não teve caráter oficial.
Fontes diplomáticas afirmaram a ACI Digital que Lula, eleito presidente do Brasil por dois mandatos consecutivos pelo Partido dos Trabalhadores (PT) visitava o Pontífice na qualidade de cidadão e não de ex-mandatário. Foi através da mediação do presidente argentino Alberto Fernandez que o Pontífice atendeu o pedido de Lula que expressou o desejo de conhece-lo quando estivesse em liberdade. Esta foi a primeira vez que Lula deixou o Brasil desde que deixou a prisão em Curitiba, recordando que a condenação segue pesando sobre o petista mas ele recorre em liberdade da sentença.
Os advogados de Lula e o ex-chanceler do governo Celso Amorim acompanharam Lula na visita ao Papa. Através do seu site oficial, o Partido dos Trabalhadores afirmou que os temas da conversa com Pontífice foram "o combate à desigualdade, que será tema em março de um encontro mundial de jovens economistas convocado pelo papa, e também a questão ambiental".
"A minha visita teve como objetivo principal discutir com o Papa Francisco a questão da desigualdade e a questão da sua luta na defesa de uma boa política ambiental", disse Lula em entrevista aos jornalistas.
"Então eu vim, fiquei muito satisfeito com o encontro com o Papa Francisco. Acho que, se todo ser humano, ao atingir 84 anos, tiver a força, a disposição e a garra que ele tem de levantar temas instigantes para o debate, eu acho que a gente pode encontrar soluções mais fáceis", afirmou.
Ainda segundo informações do site do PT, "o ex-presidente também se encontrou com os organizadores do encontro "A Economia de Francisco", que reunirá jovens economistas a convite do papa, em março, na cidade de Assis".
Em sua conta de twitter Lula afirmou que visitou o Papa Francisco "para conversar sobre um mundo mais justo e fraterno".
Audiência na operação Zelotes
A notícia da visita de Lula da Silva ao Vaticano gerou polêmica no Brasil, já que devido à data da viagem, o ex-presidente teria que faltar a uma audiência pública em um processo no qual é acusado de corrupção passiva pela suposta venda da Medida Provisória (MP) 471, de 2009. Esta teria favorecido com incentivos fiscais algumas montadoras de veículos no Brasil, o que é considerado crime no Código Penal do país.
O Processo corre na 10ª Vara Criminal Federal de Brasília e os advogados de Lula solicitaram formalmente ao juiz Vallisney de Oliveira que a audiência seja postergada. A instância acolheu a petição da defesa de Lula remarcando a audiência para o próximo 19 de fevereiro.
Os advogados de Lula argumentaram que, "conforme se procedeu durante todo o tramitar do feito, o peticionário declara que não deixará de comparecer a nenhum ato judicial para o qual a sua presença seja obrigatória".
Lula e o Papa Francisco
Lula já recebeu comunicações do Pontífice em mais de uma ocasião durante os 19 meses em que esteve preso em Curitiba.
No dia 3 de maio de 2019, Lula recebeu uma carta em resposta a uma missiva sua enviada ao Papa Francisco no 29 de março, na qual o ex-presidente do Brasil agradecia ao Santo Padre por sua "contribuição para a defesa dos direitos dos mais pobres e desfavorecidos dessa nobre nação".
Além disso, Francisco diz que na missiva recebida, Lula lhe "confidenciava seu estado de ânimo e comunicava a sua avaliação sobre o atual contexto sócio-político brasileiro".
O texto segue com menção à mensagem para o 52º Dia Mundial da Paz, na qual o Papa lembra ter assinalado que "a responsabilidade política constitui um desafio permanente para todos aqueles que recebem o mandato de servir a seu país, de proteger as pessoas que habitam nele e de trabalhar para criar as condições de um futuro digno e justo".
"Tal como meus Antecessores, estou convencido de que a política pode tornar-se uma forma eminente de caridade, se for implementada no respeito fundamental pela vida, a liberdade e a dignidade das pessoas", acrescenta.
Tendo sido redigida durante o Tempo Pascal, a carta assinala ainda que "nestes dias, estamos celebrando a Ressurreição do Senhor". Nesse sentido, recorda que "o triunfo de Jesus Cristo sobre a morte é a esperança da humanidade".
"A sua Páscoa, sua passagem da morte à vida, é também a nossa páscoa: graças a Ele, podemos passar da escuridão para a Luz; das escravidões deste mundo para a liberdade da Terra prometida; do pecado que nos separa de Deus e dos irmãos para a amizade que nos une a Ele; da incredulidade e do desespero para a alegria serena e profunda de quem acredita que, no final, o bem vencerá o mal, a verdade vencerá a mentira e a Salvação vencerá a condenação", diz o texto do Papa enviado a Lula.
*** Atualização: Nota atualizada às 13:30h (GMT) substituindo audiência privada pelo termo encontro privado.
Confira:
Papa Francisco se reúne com presidente da Argentina Alberto Fernández https://t.co/T6R92ZNKur
- ACI Digital (@acidigital) January 31, 2020
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