21 de dezembro de 2024 Doar
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Maçonaria promove leis de aborto, casamento gay e eutanásia? Ex-maçom responde

Serge Abad Gallardo | National Catholic Register

Um ex-alto funcionário do governo francês que pertenceu à maçonaria durante 24 anos e chegou a ocupar um alto cargo decidiu revelar não apenas as raízes espirituais e ideológicas anticristãs da maçonaria, mas seu impacto na vida política através da promoção de leis a favor do aborto, eutanásia ou "casamento" entre pessoas do mesmo sexo.

O National Catholic Register realizou uma entrevista sobre o tema com o arquiteto Serge Abad Gallardo, de 66 anos, que durante sua juventude ingressou na maçonaria com a convicção de contribuir para tornar o mundo um lugar melhor. No entanto, 24 anos depois, retornou à Igreja Católica, convencido de que havia servido à causa errada e, acima de tudo, ao mestre errado.

Abad foi um "mestre venerável" e um membro de alto grau da ordem maçônica global Le Droit Humain, da qual saiu em 2012 depois de experimentar uma conversão repentina no Santuário de Nossa Senhora de Lourdes. Desde então, dedicou seu tempo a compartilhar sua longa experiência na maçonaria, informando em toda a França os mecanismos e perigos potenciais dessa instituição.

Quando perguntado se os maçons realmente estão na origem de leis sociais como aborto, eutanásia ou "casamento" entre pessoas do mesmo sexo, ele concordou.

"Não é, absolutamente, nenhuma teoria da conspiração dizer que a maçonaria tem um forte poder político sobre a sociedade. Há evidências sólidas. Na França, por exemplo, a lei que permite a pílula anticoncepcional (1967) foi iniciada por Lucien Neuwirth, que era maçom. Além disso, a lei do aborto francesa (1975) foi promovida por Simone Veil. Não sei se ela era maçom, mas pelo menos, abertamente, estava muito próxima dos ideais maçônicos, pois recebeu tributos vibrantes das maiores lojas maçônicas francesas quando morreu em 2017", contou Abad.

Além disso, Abad disse que "o primeiro político que tentou introduzir a legalização da eutanásia na França foi o maçom e senador francês Henri Caillavet, em 1978".

"Da mesma forma, a lei do casamento entre pessoas do mesmo sexo (2013) foi promovida pela política francesa Christiane Taubira, a quem conheci na Guiana, onde trabalhei durante alguns anos, e que é franco-maçônica", acrescentou

Abad afirma que em seu último livro publicado em 2019, "Secret maçonnique ou verité catholique" (Segredo maçônico ou verdade católica), fornece cifras da quantidade de maçons que integram o Senado e a Assembleia Nacional da França.

"Os maçons representam cerca de 0,03% da população francesa e, no entanto, 35% dos deputados e senadores da França são maçons. É 120 vezes mais provável que um maçom se torne deputado ou senador do que alguém que não é ", explicou.

Também contou sobre a existência da chamada "Fraternelle parlementaire", uma organização informal que reúne funcionários eleitos nos mais altos níveis políticos. "São de todos os ramos maçônicos, incluindo alguns que não são necessariamente aliados. A Fraternelle é presidida sucessivamente por pessoas da esquerda e da direita. Não é casualidade que os cidadãos franceses já não saibam em quem votar", comentou Abad.

Em seguida, recordou que o ex-presidente dessa associação, Bernard Saugey, senador dos republicanos – partido político de centro-direita e que ele chamou de "franco-maçom" – disse certa vez: "Se desempenho bem o meu papel, os parlamentares de esquerda e direita votarão juntos sobre problemas sociais".

Abad comentou: "E agora temos uma nova prova disso, com a lei sobre reprodução medicamente assistida (recentemente aprovada pelo Senado, embora predominantemente conservadora)".

"Uma solução para essa grave ameaça à democracia seria abolir o segredo e obrigar os políticos a dizerem publicamente que são maçons. Pelo menos os cidadãos saberiam claramente em quem votam", aconselha o ex-maçom.

Em outro momento da entrevista, quando perguntado sobre por que o catolicismo é incompatível com a maçonaria, Abad respondeu que não se pode pensar "em um Deus que se fez carne" e "morreu na cruz para nos salvar" e por outro lado "considerar, como os maçons acreditam, que Deus é algo abstrato, uma força indefinida chamada O Grande Arquiteto do Universo, que é semelhante a uma força cósmica, a uma espécie de naturalismo".

"Essas duas coisas são doutrinariamente diferentes demais para serem compatíveis. Alguns maçons acreditam no Deus cristão e pensam que é compatível com sua atividade maçônica, mas é um erro teológico profundo", assinalou.

Também indicou que há uma segunda incompatibilidade fundamental: "Não é possível buscar a verdade através do esoterismo, recorrendo a rituais e processos 'mágicos', a alguns elementos cósmicos que não são necessariamente divinos e, ao mesmo tempo, recorrendo ao poder de Deus para caminhar para a Verdade".

"Esses são dois caminhos muito incompatíveis e opostos. Esse conflito é verdadeiro para a maçonaria mundial, incluindo a que se encontra na América ou na Europa", afirmou.

Posteriormente, comentou sobre a relação existente entre o diabo e as organizações maçônicas.

"Um dia, quando era oficial da loja Le Droit Humain, escutei um ritual de primeiro grau que nunca tinha ouvido antes e que presta homenagem a Lúcifer. Também faz parte do rito escocês antigo e aceito. Escutei o venerável mestre dizer: 'Devemos agradecer a Lúcifer por trazer luz aos homens' etc. Surpreendeu-me bastante", disse.

Abad explica que aquele ritual, e a maçonaria em geral, "consideram que as religiões, e o Catolicismo em particular, escondem a verdade aos crentes e a mantêm para si, enquanto a maçonaria fornece chaves para os seres humanos, para que possam se libertar completamente".

"Além disso, nos meus dois últimos livros, citei trechos de um documento que é acessível apenas a membros de alto nível, por isso as chamadas 'lojas azuis' [que reúnem novos membros] não têm acesso a ele. Está tomado de Paroles Plurielles, uma publicação emitida por minha ordem maçônica, na qual se compilam os melhores textos escritos sobre temas sociais ou rituais maçônicos e que são exibidos nas lojas. Neste documento de três ou quatro páginas, há um texto que louva a transgressão e o que a permitiu: Lúcifer. Vale a pena assinalar que os maçons geralmente mencionam a Lúcifer no lugar de Satanás", acrescentou o ex-maçom.

Além de seu livro mais recente, publicado em 2019, Abad ajudou a espalhar sua mensagem sobre a maçonaria com outros dois livros, incluindo Je servais Lucifer sans le savoir (Estava servindo a Lúcifer sem saber, de 2016) e La Franc-maçonnerie démasquée (Expondo a maçonaria, 2017).

Seu último trabalho, Secret maçonnique ou verité catholique, aborda o segredo na maçonaria, especialmente suas consequências nas sociedades e na democracia.

O Código de Direito Canônico de 1983 adverte em seu cânonw 1374 que "quem se inscreve em alguma associação que maquina contra a Igreja seja punido com justa pena; e quem promove ou dirige uma dessas associações seja punido com interdito".

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Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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