7 de dezembro de 2024 Doar
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Bispos pedem a presidente de Camarões iniciar diálogos de paz para acabar com guerra civil

Soldados camaroneses em Bamenda, em maio de 2019 | Domínio Público

Bispos de todo o mundo assinaram uma carta aberta ao presidente dos Camarões, Paul Biya, pedindo-lhe que participe dos diálogos de paz propostos para acabar com a guerra civil iniciada em 2017 entre o governo e os separatistas de língua inglesa.

"Estamos motivados por nossa preocupação frente ao sofrimento de civis desarmados e a estabilidade e prosperidade dos Camarões", escreveram 16 bispos estrangeiros em uma carta de 17 de fevereiro, coordenada pela Campanha Global pela Paz e Justiça nos Camarões.

Os bispos acreditam "que as conversas propostas pela Suíça oferecem o melhor caminho para uma solução política adequada através de negociações inclusivas".

"O sucesso desses diálogos será fundamental na viagem dos Camarões para garantir a paz e seu legado como líder eficaz em uma região problemática. Esperamos sinceramente que todas as partes interessadas participem dessas conversas e demonstrem espírito de cooperação, pragmatismo e realismo para garantir que essas negociações tenham êxito", indicaram.

Acrescentaram que "apenas a verdadeira paz permitirá que as dioceses, clínicas e escolas católicas sirvam mais uma vez com segurança aos fiéis paroquianos e cidadãos dos Camarões de língua inglesa".

A crise dos Camarões tem suas raízes no conflito entre as áreas de língua inglesa e francesa do país. Os conflitos estão em andamento desde 2016, quando a comunidade de língua inglesa do país começou a protestar para exigir o retorno do federalismo depois que o governo aumentou o uso do francês nas escolas e nos tribunais.

Cerca de três mil pessoas morreram desde o início dos combates. Segundo a ONU, estima-se que existam 679 mil deslocados internos nos Camarões e 60 mil refugiados camaroneses na Nigéria.

Pelo menos 600 mil crianças não puderam frequentar a escola nas regiões de língua inglesa do sudoeste e noroeste, e a maioria das escolas foi fechada.

Os bispos disseram ao presidente Paul Biya, que governou os Camarões por 37 anos, que "não haverá vitória militar para nenhum dos lados".

Da mesma forma, que "uma solução duradoura para os problemas dos Camarões deve vir de um processo mediado que inclua os grupos armados separatistas de língua inglesa e os líderes não violentos da sociedade civil. Se todas as partes se tratarem como desejam ser tratadas, é possível uma solução".

Assinalaram também que o Diálogo Nacional Maior realizado em outubro de 2019 foi louvável, mas que não deteve a violência.

O diálogo havia proposto que as regiões de língua inglesa recebessem maior autogoverno e a eleição de governadores locais. Além disso, Biya ordenou que fossem retiradas as acusações contra cerca de 300 pessoas detidas em relação ao conflito anglófono, e o líder da oposição Maurice Kamto foi libertado após nove meses de prisão.

Pelo menos 22 pessoas morreram em um ataque a Ntumbo, uma vila na Região Noroeste, em 14 de fevereiro. Os separatistas culparam o governo pelo ataque, mas este negou a sua participação.

A área que agora são os Camarões era uma colônia alemã no final do século XIX, mas o território foi dividido em mandatos britânicos e franceses após a derrota do Império Alemão na Primeira Guerra Mundial. Os mandatos se uniram em um país independente em 1961.

Atualmente, há um movimento separatista nas regiões sudoeste e noroeste, que antes eram britânicos do sul dos Camarões.

Os Camarões realizaram eleições parlamentares em 9 de fevereiro, que segundo os bispos locais ocorreram em um ambiente tranquilo, mas com pouca participação.

Os bispos dos Camarões observaram que "quatro meses após a celebração do Diálogo Nacional Maior, que propôs soluções para acabar com a crise" nas regiões de língua inglesa, "ainda não estamos satisfeitos com a situação nessas regiões".

Acrescentaram que "a insegurança persiste apesar de tudo e impediu muitos cidadãos que vivem nessas áreas de exercer seus direitos civis".

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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