21 de novembro de 2024 Doar
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Frente ao coronavírus, Arcebispo pede o fim da guerra civil nos Camarões

Dom Andrew Nkea Fuanya acompanha uma mulher cuja casa foi incendiada. Crédito: Domínio público

O Arcebispo de Bamenda (Camarões), Dom Andrew Nkea Fuanya, pediu que frente à pandemia de coronavírus se alcance a paz e cesse o conflito entre as áreas de língua inglesa e francesa que afeta o país desde 2016.

"Depois de muitos anos de lutar e matar uns aos outros, agora é tempo para a paz" e de alcançar "a justiça e a reconciliação", escreveu o Prelado em uma carta pastoral de 17 de abril intitulada "Agora é tempo para a paz".

As relações entre a maioria de língua francesa e a minoria de língua inglesa são difíceis desde a independência dos Camarões, em 1961, após a unificação da região francesa e britânica.

Um conflito armado sangrento estourou em 2016, após fortes protestos contra a decisão do Governo de Yaoundé de usar apenas o idioma francês nos tribunais e nas escolas, o que fez com que os de língua inglesa proclamassem a independência de sua região à qual chamaram de Ambazonia.

Desde então, a violência não parou e o conflito se agravou com a delinquência comum. Como resultado dos confrontos, mais de 2 mil pessoas morreram, cerca de 700 mil foram deslocadas para países vizinhos, como a Nigéria, e cerca de 800 mil crianças não vão à escola.

Os de língua inglesa representam aproximadamente 20% da população do país e sempre se manifestaram contra a marginalização que sofrem por parte dos de língua francesa que governam o país.

O Arcebispo lamentou que, neste tempo, "cidades e instituições foram incendiadas e deixadas em ruínas. Milhares de pessoas foram deslocadas e outras estão agora refugiadas em países vizinhos e vivem em condições sub-humanas".

"Inclusive, enquanto escrevo esta carta pastoral, os sequestros, os confrontos e os assassinatos continuam em várias áreas de nossa arquidiocese e parece que não há nenhum sinal de que isso acabará em breve. Para piorar tudo, temos o problema do coronavírus", lamentou o Prelado.

O Arcebispo enfatizou que "a paz deve ser constantemente construída. É um caminho que fazemos juntos pelo bem comum, pela verdade e pelo respeito à lei. Escutar-nos uns aos outros pode levar a um entendimento e estima mútuos e inclusive poder ver no inimigo o rosto de um irmão ou irmã".

Depois de incentivar a não recorrer à vingança, o Arcebispo de Bamenda enfatizou que "só podemos alcançar uma paz verdadeira e duradoura se estivermos prontos para o diálogo, um diálogo a serviço da justiça e da paz".

Segundo a Universidade Johns Hopkins, existem 1.163 casos confirmados de coronavírus nos Camarões, com 43 mortes.

Publicado originalmente em ACI África. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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