21 de novembro de 2024 Doar
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Síria: Alertam sobre sistema de saúde precário frente ao COVID-19

Imagem referencial | Ismael Martínez Sánchez - ACN

Um sacerdote sírio revelou à Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) que em seu país, o aumento percentual de idosos e o sistema de saúde precário são os principais fatores de preocupação na luta contra a pandemia de coronavírus COVID -19.

"A cidade síria perdeu muitos hospitais e centros de saúde, destruídos por terroristas, por exemplo, o Hospital Al-Kindi e o hospital oftalmológico. Muitos dos equipamentos e suprimentos médicos foram roubados, e muitos médicos migraram porque os terroristas sequestraram alguns deles ou ameaçaram matar outros. Como consequência, o sistema de saúde está em um estado precário e essa é a raiz do medo de que o vírus se espalhe na população, principalmente entre os soldados árabes e sírios", explicou à ACN o sacerdote católico armênio Antoine Tahhan.

O sacerdote também acha que os respiradores que há nos hospitais, "especialmente nas unidades de cuidados intensivos, não são suficientes para combater o vírus".

"Também precisaríamos de uma grande quantidade de máscaras cirúrgicas, esterilizadores e outras ferramentas. No entanto, precisamos conscientizar mais a população sobre a saúde. Até agora, muitas pessoas caminham pelos parques, ficam de mãos dadas ou se cumprimentam sem levar em conta as medidas recomendadas pela saúde pública", assegurou.

Em 19 de março, o Governo sírio ordenou o fechamento de todas as lojas por medo da propagação do COVID-19 e impôs um toque de recolher a partir das 18h até 6h. Em 22 de março, os bispos católicos de Aleppo também decidiram fechar as igrejas. Desde então, Pe. Antoine vai e vem todas as manhãs à Igreja Católica Armênia da Santa Cruz, em Aleppo, para celebrar a Missa e depois volta para casa para cumprir a quarentena.

ACN indicou que, embora o coronavírus tenha se apresentado menos agressivo no país, não poupa a maltratada cidade de Aleppo, que foi duramente atingida durante a guerra e ainda está se recuperando desde que foi libertada em 24 de dezembro de 2016.

"Muitas pessoas dizem que sofreram por nove anos e sobreviveram à guerra e à fome. Algumas pessoas são mais cautelosas e usam esterilizadores, máscaras cirúrgicas, antissépticos e luvas de segurança para prevenção, mas a maioria não tem medo da disseminação do coronavírus. Eles já sofreram muito", continuou Pe. Antoine.

O êxodo causado pela guerra teve efeitos devastadores, explica o padre. Recordou que o número de famílias cristãs em Aleppo antes da guerra "era de cerca de 30 mil".

"Agora esse número caiu para cerca de 10 mil. Além disso, estamos vivendo um envelhecimento massivo: o número de idosos aumentou para dois terços da população, não apenas em Aleppo, mas em toda a Síria. E a falta de força de trabalho jovem se agrava devido ao serviço militar", lamentou.

O presbítero conta que "quando a cidade de Aleppo foi libertada, havia otimismo e por três anos muitos colocaram suas esperanças no trabalho, mas a situação econômica em geral vai de mal a pior".

"Muitos estão desempregados e os salários não são suficientes para sustentar uma família de quatro pessoas. As sanções econômicas estão fazendo a população sofrer muito e a má situação econômica no Líbano afetou a economia síria, o dólar disparou e, com isso, o custo de vida. A ajuda que entrava na Síria pelo Líbano também foi suspensa", afirmou.

Por esta razão, "para incentivar as famílias a voltarem à Síria, precisamos suspender as sanções econômicas - como o Papa pediu em seu discurso de Páscoa - e ajudar os jovens a encontrar emprego".

"Também precisamos de segurança, assistência médica e abolir a reserva militar, para que os jovens possam trabalhar, construir seu futuro e criar uma família", acrescentou Pe. Antoine.

Desde a libertação de Aleppo, 75 famílias armênio-católicas voltaram. Estas foram deslocadas de outras áreas do país e não da Europa.

Embora o coronavírus seja uma preocupação adicional entre muitas outras, a pandemia global na Síria é especialmente assustadora por causa das consequências econômicas.

"Do contato que temos com as dioceses do Oriente Médio, surge, sobretudo, uma preocupação, atribuível ao que foi descrito pelo Pe. Antoine Tahhan em relação ao aumento da idade média da comunidade cristã na Síria e no Iraque", comentou Alessandro Monteduro, diretor da ACN Itália.

Nesse sentido, disse que "uma população predominantemente mais velha, assistida por sistemas de saúde precários, é particularmente vulnerável ao coronavírus".

Se o vírus "se espalhar ainda mais, teme-se que possa causar um massacre. Ajuda à Igreja que Sofre nestas horas está intensificando o apoio às Igrejas do Oriente Médio para que este risco seja, na medida do possível, imobilizado", concluiu Monteduro.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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