18 de dezembro de 2024 Doar
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Reino Unido anuncia planos para proibir cirurgia de mudança de sexo em crianças

Imagem referencial. Crédito: Unsplash.

A ministra do Reino Unido para Mulheres e Igualdade, Liz Truss, anunciou em 22 de abril planos para proibir que os menores se submetam a qualquer procedimento permanente de mudança de sexo.

Em um comparecimento perante o Comitê Selecionado de Mulheres e Igualdade da Câmara dos Comuns, Truss disse que estava comprometida em garantir que "os menores de 18 anos estejam protegidos das decisões que possam tomar e que sejam irreversíveis no futuro".

Embora Truss tenha indicado que os adultos são livres para fazer o que quiserem com seus corpos, afirmou que "é muito importante que, enquanto as pessoas ainda estejam desenvolvendo suas capacidades de tomar decisões, as protejamos de tomar decisões irreversíveis".

No entanto, as declarações da ministra foram criticadas pelos setores que defendem essa prática.

Mermaids, uma organização que apoia "crianças, jovens e suas famílias transgêneros e com diversidade de gênero", acusou a ministra de apoiar "a introdução de uma nova forma de desigualdade na prática médica britânica".

Para esta organização, "os jovens transgêneros devem ter o mesmo direito de tomar decisões pessoais importantes que as pessoas que não são trans".

O 'Serviço de Desenvolvimento de Identidade de Gênero (GIDS)', que faz parte da terceirizada de saúde mental com sede no norte de Londres, Tavistock na Portman NHS Trust, é a clínica de gênero para crianças no Reino Unido.

Tavistock, como costuma ser chamada a clínica, foi objeto de um escrutínio público cada vez maior devido ao número vertiginoso de crianças, especialmente mulheres, que são derivadas para seus serviços.

Entre 2009 e 2010, um total de 72 meninos, 32 meninas e 40 meninos, foram encaminhados para Tavistock. Segundo números publicados no site da clínica, em 2019, esse número havia aumentado para 2.590, com 1.740 meninas e 624 meninos. Das referências, todas, exceto 30, tinham menos de 18 anos.

Um total de 1.814 eram menores de 16 anos, que é a idade do consentimento médico na lei do Reino Unido; 171 tinham menos de 10 anos.

No Reino Unido, um menor é autorizado a obter cirurgia de redesignação de sexo com permissão dos pais, mesmo que os regulamentos do Serviço Nacional de Saúde o limitem. No entanto, a distribuição de "bloqueadores da puberdade" e tratamentos hormonais, que fazem o corpo não se desenvolver naturalmente e imitar as características do sexo oposto, são mais comuns. Embora alguns afirmem que os bloqueadores da puberdade são "totalmente reversíveis", alguns especialistas médicos negam essa afirmação.

Atualmente, Tavistock está sendo processada por um grupo de ex-clientes e suas famílias que tentaram reverter seus tratamentos de redesignação sexual.

A ex-paciente de Tavistock, Kiera Bell, que durante um tempo se identificou como homem, é uma das principais demandantes contra a clínica. O processo foi aberto em janeiro de 2020 e afirma que Tavistock agiu de forma irresponsável em seu modelo de atendimento.

Bell, que recebeu tratamentos hormonais aos 17 anos e uma mastectomia dupla aos 20 anos, referiu-se aos tratamentos que recebeu como "um caminho tortuoso e desnecessário, que é permanente e que muda a vida".

"Não acho que as crianças e os jovens possam consentir no uso de medicamentos hormonais potentes e experimentais como eu o fiz", disse.

Bell recebeu medicamentos bloqueadores da puberdade aos 16 anos, após apenas três consultas de uma hora em Tavistock. Apesar de não receber hormônios há cerca de um ano, Bell ainda tem pelos faciais.

"Acho que o sistema atual estabelecido por Tavistock é inadequado, já que não permite a exploração desses sentimentos disfóricos de gênero, nem busca encontrar as causas subjacentes dessa condição", acrescentou.

Bell disse que hormônios e cirurgias não funcionam para todos, e "eles certamente não devem ser oferecidos a menores de 18 anos, quando são emocionalmente e mentalmente vulneráveis".

Publicado originalmente em CNA. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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