22 de dezembro de 2024 Doar
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Mais de 600 cristãos nigerianos foram assassinados em 2020, segundo relatório

Imagem referencial | Pixabay

Os cristãos na Nigéria enfrentam uma crescente perseguição, assim como um aumento no número de mortos nos primeiros quatro meses de 2020, de acordo com um relatório divulgado em 15 de maio pela Sociedade Internacional para as Liberdades Civis e o Estado de Direito (Intersociety).

A Intersociety é uma organização sem fins lucrativos fundada em 2008 na Nigéria, que trabalha para promover as liberdades civis, o estado de direito, a reforma da justiça criminal e a boa governança.

Segundo o seu último relatório, 620 cristãos nigerianos foram assassinados desde o início do ano e começou uma campanha de destruição e incêndios provocados contra igrejas na nação africana.

"Os principais jihadistas islâmicos na Nigéria, os pastores militantes de Fulani e Boko Haram/ISWAP, intensificaram sua violência anticristã nas antigas regiões do Cinturão Médio e Nordeste. As atrocidades contra os cristãos não foram controladas pelas forças de segurança do país, e os atores políticos estão preocupados olhando para o outro lado ou conspirando com os jihadistas", diz o relatório.

Intersociety informa que, apesar de representar quase metade da população do país, cerca de 32 mil cristãos foram assassinados em ataques islâmicos desde 2009.

Os cristãos na Nigéria foram vítimas de uma série de ataques cada vez mais intensos, incluindo sequestros por resgate, desde o início do ano.

Em janeiro de 2020, quatro seminaristas foram sequestrados no Seminário do Bom Pastor. Dez dias após o sequestro, um dos quatro foi encontrado na beira de uma estrada, vivo, mas gravemente ferido. Em 31 de janeiro, um oficial do seminário anunciou que outros dois seminaristas haviam sido libertados, mas o quarto, Michael Nnadi continuava desaparecido e acreditava-se que ainda estivesse sequestrado.

Foi anunciado posteriormente que Nnadi havia sido assassinado.

Em uma entrevista na prisão no início deste mês, o líder do grupo que sequestrou Nnadi assumiu a responsabilidade pelo assassinato e disse à imprensa local que o seminarista de 18 anos "continuou pregando o Evangelho de Jesus Cristo" e pediu que ele "deixasse o caminho do mal".

O Arcebispo de Abuja, Dom Ignatius Kaigama, exigiu que o presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, enfrentasse violência e sequestros contra cristãos no país, em uma homilia de uma Missa celebrada em 1º de março.

"Precisamos ter acesso aos nossos líderes; presidente, vice-presidente. Precisamos trabalhar juntos para erradicar a pobreza, os assassinatos, o mau governo e todos os tipos de desafios que enfrentamos como nação", afirmou Dom Kaigama.

Em uma carta divulgada na Quarta-feira de Cinzas, Dom Augustine Obiora Akubeze, Arcebispo de Benin, pediu aos católicos que se vistam de preto em solidariedade às vítimas e que rezem, como resposta às repetidas execuções de cristãos pelo grupo terrorista islâmico Boko Haram e os "incessantes" sequestros "vinculados aos mesmos grupos".

Outras cidades cristãs foram atacadas, fazendas foram incendiadas e homens e mulheres foram sequestrados e assassinados. As mulheres foram tomadas como escravas sexuais e torturadas, no que o Prelado considerou um "padrão" de ataque aos cristãos.

Em 27 de fevereiro, o Embaixador Geral dos Estados Unidos para a Liberdade Religiosa Internacional, Sam Brownback, disse à CNA, agência em inglês do Grupo ACI, que a situação na Nigéria estava piorando.

"Há muitas pessoas assassinadas na Nigéria, e tememos que isso se espalhe muito nessa região", disse. "É algo que realmente apareceu nas telas do meu radar nos últimos dois anos, mas particularmente no ano passado".

Brownback assinalou que o governo nigeriano poderia "fazer mais" pois "não estão levando essas pessoas à justiça".

"Parece que eles não têm o sentido de urgência para agir", criticou.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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