LOS ANGELES, Jun 22, 2020 / 12:00 pm
Diversos líderes da Igreja afirmaram que é importante trabalhar para superar o racismo, mas quando se faz um protesto para pedir justiça, isso não significa necessariamente assumir as posições das organizações que compõem o movimento Black Lives Matter.
A frase #BlackLivesMatter começou a ser usada após a morte de Trayvon Martin, em 2012. Dois anos depois, em 2014, o movimento surgiu com vários protestos em Ferguson, Missouri, depois que um policial matou o afro-americano Michael Brown.
Black Lives Matter se tornou o lema de um movimento social mais amplo, mas existem organizações diferentes com esse nome. A maior e mais bem financiada é a Black Lives Matter Global Network Foundation, com uma rede de capítulos locais em vários lugares dos Estados Unidos e em outros países, que administra o site blacklivesmatter.com.
A Black Lives Matter Global Network Foundation promove a ideologia de gênero e se opõe à família constituída pelo casamento entre um homem e uma mulher. O grupo busca "desmantelar o privilégio cisgênero" e "descompor a estrutura familiar nuclear do ocidente".
Para a ideologia de gênero, o termo "cisgênero" refere-se aos indivíduos cuja identidade de gênero é a mesma que seu sexo natural.
"Promovemos uma rede de afirmações queer (gay). Quando nos reunimos, fazemos isso com a intenção de nos libertar do jugo do pensamento heteronormativo", assinala seu site.
Além disso, pelo menos um dos afiliados da rede Black Lives Matter incorporou nos protestos rituais espirituais retirados de religiões animistas nos quais invocam os ancestrais. Em Los Angeles, os líderes do grupo dizem que, embora sejam a favor da justiça racial, na verdade são um "movimento espiritual".
Harold Burke Sivers, um diácono negro da diocese de Portland, escritor e coapresentador do programa de Rádio Manhã de Glória, na EWTN, disse que a organização deve se distinguir do movimento que exige a justiça racial.
"Marchar para protestar contra o tratamento desigual de parte das autoridades em relação aos negros está bem", disse o diácono à CNA, agência em inglês do grupo ACI.
No entanto, alertou, as políticas das organizações de Black Lives Matter sobre a família e a sexualidade constituem "uma agenda radical feminista apresentada como um movimento pela Black Lives Matter".
"Nenhum católico pode apoiar a organização nacional", alertou.
Para Gloria Purvis, apresentadora afro-americana de rádio da EWTN, "é um erro dizer que a organização Black Lives Matter é a líder desse movimento. É como dizer que uma organização é a líder do movimento pró-vida".
"Eu sou uma católica devota e uma filha fiel da Igreja. Não tenho problema em dizer 'Black Lives Matter', mas isso não me torna um membro da organização", disse à CNA.
Alguns católicos questionam se devem participar nos protestos pacíficos ou outros eventos porque entendem que não apenas as "vidas negras importam", mas "todas as vidas importam".
Na sua opinião, o que esta frase ou lema busca é lembrar que, na prática, "o que vemos é que as vidas negras não importam".
Ryan Bomberger, um ativista pró-vida negro e cofundador da Radiance Foundation, disse à CNA que "toda a vida tomada injustamente merece justiça. O assunto é como buscamos essa justiça? Eu, como cristão, não posso buscar justiça abraçando um movimento secular injustificadamente hostil ao cristianismo".
"Eles não estão buscando perdão ou reconciliação, estão buscando poder político", alertou. "O que eu acredito é que a Igreja deveria liderar, em vez de simplesmente seguir um movimento secular quebrado", acrescentou.
Dom Shelton Fabre, chefe do comitê sobre o racismo do Episcopado dos EUA, disse à CNA que os católicos devem se unir para buscar justiça racial.
"Black Lives Matter tem uma agenda mais ampla que abrange vários aspectos sociais, alguns dos quais não estão em harmonia com a doutrina católica. No entanto, no assunto de estar juntos diante da injustiça do racismo, acho que o ensinamento da Igreja e Black Lives Matter estão de acordo", disse o Bispo.
Os protestos do Black Lives Matter ocorreram nas últimas semanas após a trágica morte de George Floyd, um afro-americano, de 46 anos, que morreu em Minneapolis depois que um policial colocou o joelho no seu pescoço por quase 9 minutos.
O Bispo Emérito de Belleville, Dom Edward Braxton, também negro, escreveu uma carta pastoral, em 2016, sobre a Igreja Católica e o movimento Black Lives Matter.
Em sua carta, o Prelado comenta que a maioria dos líderes do movimento com os quais se encontrou rejeita os ensinamentos da Igreja sobre sexualidade, matrimônio e aborto. Outros no mesmo movimento não querem trabalhar com a Igreja porque acreditam que a Igreja não fez o suficiente para combater o racismo, indicou.
Os líderes do Black Lives Matter, disse Dom Braxton, "abraçam uma teologia radical da inclusão inspirada por um Jesus revolucionário". No entanto, incentivou os líderes da Igreja a entrarem em contato com o movimento para dialogar.
Nesse diálogo, explicou, ele mesmo conseguiu apresentar o que a Igreja ensina sobre a pobreza, a raça, o matrimônio, a sexualidade e a dignidade humana.
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"A Igreja tem uma urgente responsabilidade de contribuir para a constante conversão e transformação espiritual de todos nós. Trabalhando incansavelmente dia após dia, somos colaboradores de Cristo", destacou o Prelado.
"Precisamos buscar esse papel único que Deus pode estar pedindo à Igreja Católica para transformar uma oportunidade em um momento de graça para erradicar o racismo", enfatizou o Bispo.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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