19 de dezembro de 2024 Doar
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Bispo responde a ativista qualifica imagens de Jesus e Maria como racistas

Imagem referencial. Créditos: Pixabay

O Bispo de Madison, em Wisconsin (Estados Unidos), Dom Donald Hying, denunciou na terça-feira, 23 de junho, o chamado de um manifestante para destruir estátuas de Jesus Cristo e de Nossa Senhora, em meio aos protestos que danificaram imagens e figuras históricas no país.

Em uma carta, Dom Hying se referiu aos danos causados ​​às estátuas durante os protestos no país e respondeu ao tweet do apresentador de podcasts e ativista Shaun King, que em 22 de junho escreveu que "as estátuas de europeus brancos que dizem que são as representações de Jesus", são uma forma de "supremacia branca" e devem ser demolidas, junto com "todos os murais e vitrais de Jesus branco, sua mãe europeia e seus amigos brancos".

Dom Hying destacou que cada cultura, país, etnia e raça "adotou Jesus e a Santíssima Virgem Maria como seus", representando suas imagens com a cor de sua pele e as roupas de sua cultura.

O Prelado colocou o exemplo de Nossa Senhora de Guadalupe, uma devoção mariana na qual Maria apareceu como uma "mestiça"; a arte da África, onde Jesus é representado como negro e Maria em trajes culturais africanos; e as numerosas representações asiáticas de Nossa Senhora.

"Nesse contexto, as representações brancas de Cristo e sua mãe são inerentemente sinais de supremacia branca? Eu creio que não. Pela encarnação do Filho de Deus em nossa carne humana, não têm todas as raças, tribos e línguas a capacidade espiritual para representá-lo através das lentes particulares de sua própria cultura?", perguntou.

Dom Hying indicou que as representações de Jesus são sagradas para os cristãos, são manifestações físicas do amor de Deus e lembram a "proximidade do divino".

"A iconoclastia secular do momento presente não trará reconciliação, paz e cura. Tal violência apenas perpetuará o preconceito e o ódio que supostamente visam acabar", afirmou o Prelado. "Somente o amor de Cristo pode curar um coração ferido, não um pedaço de metal quebrado", acrescentou.

Em todo o país, os manifestantes nos últimos dias demoliram estátuas de líderes dos Estados Confederados e figuras associadas à escravidão, embora em alguns lugares também tenham danificado esculturas de santos católicos, abolicionistas e outras figuras.

A violência em Madison atingiu seu ponto mais alto na noite de terça-feira, quando manifestantes atacaram e feriram o senador Tim Carpenter (D-Milwaukee) perto do capitólio do estado de Wisconsin, aparentemente porque o político estava filmando os protestos com seu telefone.

Em declarações à CNA – agência em inglês do Grupo ACI - na terça-feira, Dom Hying enfatizou que muitos dos protestos de maior sucesso da era dos direitos civis se basearam em ideias cristãs de não-violência e em uma compreensão bíblica da pessoa humana.

O Prelado indicou que os princípios da doutrina social católica, como a dignidade da pessoa humana, o valor da solidariedade e uma opção preferencial pelos pobres, devem estar presentes na resposta de qualquer católico à injustiça.

Se a ação não se baseia nisso, "torna-se uma luta pelo poder, em vez de um relacionamento transformador, baseado em como Deus quer que vivamos como irmãos e irmãs", acrescentou.

Algumas figuras católicas nas redes sociais pediram que os bispos participem de manifestações em suas cidades e evitem fisicamente que os manifestantes derrubem estátuas.

Dom Hying disse que qualquer ato que um bispo pratique em público deve ser baseado em uma "resposta espiritual e de oração", e não em nenhuma motivação política.

"Acho que nossa presença deve estar sempre relacionada à presença de oração", acrescentou. "Caso contrário, acho que pode ser cooptado pela política do momento."

Muitos católicos e inclusive alguns bispos participaram e rezaram em manifestações pacíficas em todo o país.

Dom Hying assinalou que é claro que a violência e os maus-tratos de nativos americanos e a opressão dos afro-americanos pela escravidão são duas das maiores falhas morais do país.

O Prelado escreveu em sua carta que a situação requer uma melhor compreensão da história e discussões respeitosas sobre estátuas, edifícios e monumentos.

"Precisamos estudar e conhecer essa história para transcendê-la, aprender com ela e nos comprometer com a justiça, a igualdade e a solidariedade", disse Dom Hying.

"Ao mesmo tempo, mesmo os piores aspectos da história devem ser lembrados e mantidos diante de nossos olhos. Auschwitz permanece aberto como monumento e museu, para que a humanidade nunca esqueça o horror do Holocausto", acrescentou.

Os manifestantes no Golden Gate Park de São Francisco demoliram uma estátua de São Junípero Serra, em 20 de junho, junto com as estátuas de Francis Scott Key e Ulysses S. Grant. Em Los Angeles, no mesmo dia, manifestantes demoliram uma estátua de Serra no centro da cidade.

Embora muitos ativistas hoje associem Serra aos abusos sofridos pelos nativos americanos, as biografias e os registros históricos sugerem que Serra, na verdade, lutou pelos direitos dos nativos contra o exército espanhol e contra a invasão de assentamentos europeus.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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