21 de dezembro de 2024 Doar
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Líder de Schoenstatt propõe profunda investigação histórica sobre o fundador

Pe. José Kentenich. Crédito: Site oficial do processo de beatificação do fundador do Movimento Apostólico de Schoenstatt.

Pe. Diogo Barata, superior dos Padres de Schoenstatt na Espanha, garantiu seu compromisso com a realização de uma "profunda investigação histórica que nos leve a conhecer toda a verdade", após as denúncias de abusos de poder e sexual por parte de seu fundador, Pe. José Kentenich.

Em um artigo publicado no site Schoenstatt.org, o Pe. Barata apontou que as denúncias feitas recentemente pela renomada historiadora italiana Alexandra von Teuffenbach já haviam sido incluídas "desde o início do processo de beatificação na documentação fornecida à Congregação para as Causas dos Santos".

Em 2 de julho, o Vaticanista Sandro Magister em seu blog Settimo Cielo e o jornal alemão Die Tagespost publicaram uma reportagem da Dra. Von Teuffenbach, renomada especialista em história da Igreja, que inclui denúncias contra o Pe. Kentenich que datam de meados do século XX.

Padre José Kentenich e sua fundação

Nascido em 1885, em Gymnich (Alemanha), o Pe. Kentenich ingressou na Sociedade do Apostolado Católico (Padres Palotinos) em 1904 e foi ordenado sacerdote seis anos depois.

Em 18 de outubro de 1914, Pe. Kentenich fundou seu movimento em uma capela em Schoenstatt, Alemanha. Segundo o site oficial do processo de beatificação, naquela ocasião o sacerdote, juntamente com um grupo de seus alunos, "selam uma Aliança com Maria, a 'Aliança de Amor'".

Em 1º de outubro de 1926, Pe. Kentenich fundou o Instituto Secular das Irmãs de Maria de Schoenstatt, uma comunidade de mulheres que "vivem uma vida consagrada a Deus no meio do mundo".

Denúncias de abusos

Em sua investigação, realizada em documentos recentemente disponíveis, graças à abertura dos arquivos do pontificado de Pio XII, Von Teuffenbach encontrou denúncias e investigações de abusos sexuais e de poder supostamente cometidos pelo Pe. Kentenich contra membros das irmãs de Maria de Schoenstatt.

As denúncias levaram o Pe. Kentenich a ser enviado aos Estados Unidos em 1951 e separado de sua fundação, em um período conhecido pela instituição religiosa como "exílio". Somente em 1965, três anos antes de sua morte, o Vaticano permitiu que o sacerdote retornasse à Alemanha e se reunisse com a Família Schoenstatt.

Incentivam uma "investigação profunda"

Em seu artigo, Pe. Barata indicou que "o Padre José Kentenich – como é conhecido de todos – foi afastado da sua Obra como resultado de uma Visitação Apostólica no início dos anos 50. Parece que no âmbito desta investigação houve várias acusações de membros da comunidade das Irmãs de Maria que tinham sofrido abuso de poder, de consciência e, num caso, também abuso sexual".

"Os documentos mencionados nas notícias do Die Tagespost de 1º de Julho de 2020, inacessíveis até agora aos próprios e a outros, podem oferecer novos dados que enriqueceriam o conhecimento sobre este período da vida do Fundador", acrescentou.

O Superior dos Padres de Schoenstatt, na Espanha, enfatizou que esse processo "requer um tempo de profunda investigação dos fatos e da referida documentação, o que nos levará a compreender, tanto a situação das pessoas afetadas como, as ações do Padre Kentenich".

"Que outras dimensões do que aconteceu durante esses anos sejam conhecidas, só pode ser uma coisa boa. Para o Movimento e para a Igreja", assegurou.

Pe. Barata explicou que "uma parte do itinerário formativo na preparação para o sacerdócio dos Padres de Schoenstatt é precisamente o conhecimento histórico do que aconteceu nesses anos conflituosos de exílio, que foram motivados por várias causas".

"Mas, como vimos, este conhecimento é limitado porque não tivemos acesso a certas informações reservadas, nem sobre a vida interna de outras comunidades, nem sobre o processo de beatificação do Padre Kentenich", afirmou.

O sacerdote também pediu "desculpa por não termos transmitido a todo o Movimento tudo o que sabíamos. Faltou-nos coragem, dada a natureza delicada da informação e o respeito pelas pessoas e comunidades envolvidas".

"Compreendemos a confusão e incerteza que tem ocorrido em toda a Família de Schoenstatt e também fora dela. Na dor partilhada, estamos convencidos de que o acesso a toda a verdade nos permitirá ter um conhecimento mais profundo do carisma do nosso Fundador", acrescentou.

O Superior dos Padres de Schoenstatt na Espanha também disse que "nossa visão providencialista encoraja-nos a ter esperança e compromete-nos a uma profunda investigação histórica que nos levará a conhecer toda a verdade".

"Unimo-nos ao Papa Francisco na sua tarefa de guiar e purificar a Igreja. E imploramos com Maria, nossa Mãe e Rainha, os dons do Espírito Santo", concluiu.

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