BERLIM, Jul 21, 2020 / 10:30 am
O Bispo de Augsburgo (Alemanha), Dom Bertram Meier, afirmou que um ano sem ordenações sacerdotais não é "um desastre".
Assim indicou o Prelado em uma entrevista ao jornal Augsburger Allgemeine, na qual comentou que a diminuição de sacerdotes certamente o faz se sentir "muito decepcionado".
"É claro que, como bispo, fico muito decepcionado, mas também não vejo isso como um desastre, porque sempre houve períodos na história da Igreja" que são assim, disse o Prelado na entrevista.
No ano anterior, entre 2018 e 2019, na Diocese de Augsburgo houve apenas três ordenações. No total, na Alemanha, em 2019, apenas 57 novos sacerdotes foram ordenados.
Em 2000, foram ordenados 154 sacerdotes na Alemanha. Isso quer dizer que em 20 anos diminuiu em 60% o número de ordenações.
Na sua opinião, para reviver as vocações, é preciso ter a coragem de "dirigir-se aos jovens discretamente, porém de uma maneira específica".
Os jovens precisam de modelos confiáveis para seguir e os encontros "vocacionais nas comunidades podem ajudar a se interessarem mais pelo sacerdócio", acrescentou o Bispo.
Segundo informa CNA Deutsch, agência em alemão do Grupo ACI, Dom Meier disse estar preocupado não apenas pela falta de sacerdotes, mas também com a falta de fiéis, e ressaltou que é necessário que a Igreja se renove "espiritualmente com profundidade, pois é algo relevante para a vida das pessoas".
A Diocese de Augsburgo também está passando por um processo de reestruturação até 2025, no qual muitas paróquias se fundirão para ter poucas e grandes paróquias. Isso devido à escassez de sacerdotes e à crescente saída dos fiéis da Igreja Católica.
A grave crise da Igreja na Alemanha
A Igreja Católica na Alemanha teve um número recorde de pessoas que deixou a Igreja em 2019, segundo dados oficiais divulgados pelos bispos do país na sexta-feira, 26 de junho.
As estatísticas mostram que um total de 272.771 pessoas decidiram formalmente deixar a Igreja Católica, um aumento significativo em comparação aos 216.078 que saíram em 2018.
Com isso, o número total de católicos no país é estimado em 22,6 milhões de pessoas. A Alemanha tem aproximadamente 84 milhões de habitantes.
Uma das razões pelas quais os fiéis deixam formalmente a Igreja Católica tem a ver com o desejo de parar de pagar um imposto conhecido como "Imposto da Igreja", com o qual cada fiel contribui com 8-9% de seu imposto de renda para a Igreja.
Em 2019, os matrimônios caíram 10%, as crismas 7% e as primeiras comunhões 3%, segundo o site da Igreja Católica na Alemanha.
Da mesma forma, a Igreja no país realiza o polêmico "processo sinodal", que começou no advento de 2019 e reúne os bispos e vários representantes leigos para debater vários temas.
Entre suas propostas, que são apoiadas por vários cardeais e bispos da Alemanha, estão a ordenação de mulheres, a bênção de casais homossexuais e divorciados em nova união, bem como a possibilidade de que os protestantes recebam a Eucaristia.
Recentemente, dez mulheres de diferentes congregações religiosas na Alemanha publicaram um manifesto exigindo que fossem admitidas na ordem sacerdotal.
"Mulheres religiosas pela dignidade humana" é o nome desse grupo que publicou um manifesto que critica a perspectiva católica sobre a Eucaristia e a linguagem usada na liturgia.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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