17 de dezembro de 2024 Doar
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8 dados que talvez não saiba sobre Santa Sofia

Basílica Santa Sofia. Créditos: Domínio Público

Em 10 de julho, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, assinou um decreto para que Santa Sofia, uma antiga catedral, mesquita e hoje museu, volte a ser um lugar de culto muçulmano.

Apresentamos oito dados que deve saber sobre Santa Sofia, que foi declarada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.

1. Foi a catedral do Império Bizantino por mais de mil anos

Santa Sofia foi construída como catedral de Constantinopla e permaneceu como igreja de 537 a 1453, quando a capital do Império Bizantino caiu nas mãos do exército muçulmano do Império Otomano.

Foi, provavelmente, a maior igreja de toda a cristandade e seu nome se traduz como "a Santa Sabedoria", referindo-se à Segunda Pessoa da Trindade.

2. Antes de Santa Sofia, havia outras igrejas construídas nesse lugar

A Basílica de Santa Sofia foi a terceira igreja construída no mesmo local. A primeira foi construída em 360 durante o reinado do imperador Constâncio II, filho de Constantino o Grande e fundador de Constantinopla.

A "Grande Igreja" foi destruída por um incêndio em 404, quando os apoiadores de São João Crisóstomo protestaram pelo exílio imposto pela imperatriz Aelia Eudoxia, que odiava o santo por suas críticas à corrupção, opulência e imoralidade da corte imperial.

A segunda igreja foi construída por ordem do imperador Teodósio II em 415. Foi uma grande construção de cinco corredores e foi destruída na revolta de Niká, um protesto violento contra o imperador Justiniano I em 532, que terminou com a destruição de grande parte da capital.

3. É honrada como uma das maiores obras-primas da arte e da arquitetura

A construção de Santa Sofia levou cinco anos, de 532 a 537, e envolveu milhares de artesãos e trabalhadores. Os principais arquitetos foram duas das maiores mentes da época: Isidoro de Mileto, físico e matemático; e Antêmio de Trales, matemático e professor de geometria.

O historiador do século VI, Procópio de Cesareia, escreveu que Santa Sofia, que foi a maior catedral do mundo por quase mil anos e o auge da arquitetura bizantina, "distinguia-se por sua beleza indescritível, sobressaindo-se tanto em seu tamanho como na harmonia de suas medidas".

"A igreja está singularmente cheia de luz e sol, como se o local não fosse iluminado pelo sol vindo pelo lado de fora, mas parece que os raios são produzidos dentro da catedral".

4. Sobreviveu a terremotos, incêndios e iconoclastas

Além do terremoto de 557, a Basílica de Santa Sofia sobreviveu a vários desastres naturais. Um incêndio em 859 foi seguido por um terremoto dez anos depois.

Outro terremoto em 989 causou danos à cúpula, e o Imperador Basílio II encomendou ao famoso arquiteto armênio, Trdat, a supervisão das reparações.

O interior também foi afetado no século VIII pelo movimento iconoclasta do imperador Leão III, o Isáurio, que emitiu um decreto proibindo as imagens no império.

5. Foi saqueada durante a Quarta Cruzada

Durante a Quarta Cruzada, em 1204, Santa Sofia foi saqueada pelos cruzados latinos, que tomaram Constantinopla e derrubaram o governo imperial bizantino. O ataque foi orquestrado pelo Doge de Veneza, Enrico Dandolo.

Muitos vasos sagrados e relíquias foram enviados para a Itália, e Santa Sofia serviu como igreja latina até 1261, quando a linha imperial bizantina foi restabelecida. Quando Dandolo morreu em 1205, foi enterrado em Santa Sofia.

6. Foi convertida em mesquita em 1453

Constantinopla caiu em 29 de maio de 1453 nas mãos do exército otomano, que sob o comando do sultão Mehmed II, violaram e mataram os habitantes e saquearam a cidade.

Mehmed II declarou que Santa Sofia passaria a ser a principal mesquita de sua nova capital. Ordenou que os mosaicos fossem cobertos de gesso e depois decorados com caligrafia e desenhos islâmicos. O sultão concluiu a conversão da igreja com a instalação de um minbar (púlpito), mihrab (nicho de oração) e uma fonte para lavar. Durante os séculos seguintes, quatro minaretes foram adicionados para a chamada à oração nos quatro cantos do edifício.

Além das imagens cobertas, a mudança mais significativa no interior foi a instalação de oito enormes medalhões nas colunas da nave, que foram adicionados durante as reformas entre 1847 e 1849, e mostram os nomes de Alá e Maomé, os quatro primeiros califas Abu Bakr, Umar, Uthman e Ali, e os netos de Muhammad Hassan e Hussein.

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7. Foi declarada museu em 1934

Com o início da República da Turquia, Santa Sofia foi fechada em 1931 e, em 1934, o primeiro presidente do país, Mustafa Kemal Atatürk, declarou-a oficialmente como um museu. Como parte do novo estado, os mosaicos foram revelados publicamente pela primeira vez em séculos.

Em 1985, Santa Sofia foi incluída nas "Áreas Históricas de Istambul" e é considerada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.

8. Líderes mundiais condenaram a conversão de Santa Sofia em mesquita

A reação mundial ao decreto do presidente turco de transformar Santa Sofia em uma mesquita foi negativa.

A diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, assinalou que "Santa Sofia é uma obra-prima arquitetônica e um testemunho único das interações entre a Europa e a Ásia ao longo dos séculos. Seu status como museu reflete a natureza universal de sua herança e a torna um símbolo poderoso para o diálogo".

O Patriarca caldeu, cardeal Louis Raphael Sako, declarou que a decisão da Suprema Corte turca é "muito triste e dolorosa" e descreveu que "é grave que o presidente turco não tenha considerado o respeito pelos sentimentos dos bilhões de cristãos no mundo, esquecendo o que eles fizeram pelos muçulmanos. Conceder aquela que era uma igreja apenas à oração islâmica é um ato grave".

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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