21 de novembro de 2024 Doar
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Papa Francisco pede libertar a figura de Maria da influência das máfias

Papa Francisco. Crédito: Daniel Ibáñez (ACI | Nossa Senhora

O Papa Francisco agradeceu à Pontifícia Academia Mariana Internacional (PAMI) pela instituição de um Departamento de análise e estudo dos fenômenos criminosos e mafiosos, "para libertar a figura de Nossa Senhora da influência das organizações criminosas".

"A devoção mariana é um patrimônio religioso-cultural a ser protegido na sua pureza original, liberando-o de superestruturas, poderes ou condicionamentos que não respondem aos critérios evangélicos de justiça, liberdade, honestidade e solidariedade", escreveu o Santo Padre em uma carta enviada no dia 15 de agosto, Solenidade da Assunção da Virgem Maria, ao Pe. Stefano Cecchin, OFM, Presidente da Pontifícia Academia Mariana Internacional.

Segundo informa Vaticano News, na carta o Papa Francisco lembrou que entre os exemplos de espiritualidade distorcida que se relacionam com a Virgem, estão os "arcos" das estátuas de Maria em frente às casas dos chefes das máfias durante as procissões.

O Papa Francisco também expressou seu desejo de que os santuários marianos se tornem cada vez mais "cidades de oração, centros de ação do Evangelho, lugares de conversão e de referência da piedade mariana".

Em declarações ao Vaticano News, Pe. Cecchin explicou que infelizmente na Itália "há uma religiosidade frágil que é manipulada por quem sabe manipular o coração e os sentimentos das pessoas, não apenas do ponto de vista da criminalidade, mas também de outras formas, incluindo os mágicos, curandeiros e gurus".

O sacerdote explicou que "a figura de Maria usada precisamente para manter as pessoas escravizadas, exagerando a figura de 'Maria como uma mulher submissa a Deus' que se resigna ao destino do Filho que morre em face a um poder. E, assim, existe toda essa realidade de escravizar e não ajudar as pessoas a viver uma verdadeira religiosidade".

Sobre o novo Departamento de análise e estudo dos fenômenos criminais e mafiosos, Pe. Cecchin especificou que "envolve um grande número de magistrados, criminologistas, pessoas do exército, do Estado e da Igreja precisamente para trabalhar juntos pelo bem da pessoa humana e da sociedade, da 'Casa Comum, como diz o Papa Francisco.".

Sobre as reverências das imagens marianas nas procissões diante das casas dos mafiosos, o presidente do PAMI foi enérgico: "Isso não é religião! É superstição. Como a religião é lida por esses líderes, por essas máfias? Como é uma realidade para a qual também Deus se submete a eles? E inclusive a Virgem se curva diante deles e da sua autoridade? Eles quase querem ensinar ao povo que Deus está com eles. Portanto, eles também querem usar o sentimento religioso das pessoas para levá-las a não serem livres, mas escravas".

Em sua carta, o Papa Francisco saudou também os promotores, palestrantes e participantes da jornada de estudos que acontecerá no dia 18 de setembro para identificar "respostas efetivas" a uma necessária "operação cultural de sensibilização das consciências ".

Padre Cecchin disse que "em 18 de setembro, todo o caminho e os projetos serão apresentados. Iniciaremos os cursos já em outubro. A ideia é que, todo ano, no dia 13 de maio", festa de Nossa Senhora de Fátima, "seja realizada uma conferência nacional que divulgue os frutos desse trabalho".

"O Papa nos disse que a academia deve ser um lugar de encontro, um lugar de diálogo. Também estamos trabalhando com os muçulmanos. Criamos a Comissão Mariana Cristã Muçulmana. E também iniciaremos cursos com a mesquita de Roma. Inclusive com eles, sobre esses aspectos das más interpretações da religião ou de como a religião está sendo usada para dividir e criar problemas. Deus, ao contrário, é amor e não medo ou punição", concluiu Pe. Cecchin.

A Pontifícia Academia Mariana Internacional (PAMI) explica em seu site que é "uma instituição científica da Santa Sé dedicada a promover e favorecer a ciência 'mariológica' em vista da promoção de uma autêntica piedade mariana".

A PAMI foi instituído pelo Papa São João XXIII com a carta apostólica Maiora in Dies, de 8 de dezembro de 1959, na qual se explica que a academia pontifícia tem a tarefa de animar os estudos mariológicos através dos congressos mariológicos internacionais e qualquer outro tipo de reunião acadêmica, assim como a posterior publicação dos estudos.

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