Cuiabá, Aug 25, 2020 / 13:04 pm
O Bispo de Sinop (MT), Dom Canísio Klaus, condenou as afirmações feitas por Padre Ramiro José Perotto nas redes sociais, o qual declarou que a menina de 10 anos, de São Mateus (ES), que engravidou após sofrer abusos sexuais de seu próprio tio compactuava com este ato.
"O padre Ramiro se manifestou publicamente e deve se retratar publicamente também. Nós repreendemos totalmente a fala e o seu posicionamento infeliz. Ele deve pedir perdão, e essa foi a minha primeira orientação", declarou o Prelado ao site 'PNB Online'.
Na semana passada, Pe. Ramiro, da Paróquia São Paulo Apóstolo, em Carlinda (MT), comentou em suas redes sociais o caso da menina de 10 anos que engravidou após ser estuprada pelo tio, fato que, segundo ela, ocorria há 4 anos. A criança foi submetida a um aborto, em Recife (PE), após uma equipe médica de Vitória (ES)se recusar a realizar o procedimento.
Em seus comentários, o sacerdote afirmou que a menina compactuava com os abusos e, portanto deveria assumir "as consequências". "Duvido uma menina ser abusada com 6 anos por quatro anos e não falar. Aposto minha cara. Ela compactuou com tudo e agora a menina é inocente", escreveu.
As declarações do sacerdote geraram revolta e muitos o criticaram nas redes sociais. Diante disso, Pe. Ramiro excluiu os comentários e, posteriormente, o próprio perfil.
Frente a este caso, o Bispo de Sinop, Dom Canísio Klaus informou ao site 'PNB Online' que pediu ao Pe. Ramiro "que ele deixe de se manifestar através das redes sociais em relação a qualquer assunto que cause comoção ou revolta".
"Ele precisa fazer uma profunda reflexão pessoal sobre esse grave erro. Todo erro precisa de correção, misericórdia e perdão. Ele foi advertido por ter feito algo tão grave e, reincidindo, ele será punido", afirmou.
Após a repercussão de suas declarações, Pe. Ramiro reconheceu o erro e pediu perdão por meio de uma nota enviada à imprensa. "Assumo a responsabilidade de ter proferido palavras desagradáveis, e justifico que compartilho da defesa da vida, nunca condenar e tirar julgamentos", afirmou.
O sacerdote disse ainda: "Não foi minha intenção proferir palavras de baixo calão, as quais não comungam com minha fé e minha crença na pessoa humana".
"Àqueles que se sentiram ofendidos, só resta meu pedido de perdão. Excluí meu facebook por não querer mais ofender e ser ofendido. Precisamos ser fraterno", completou.
Investigação do caso
Por conta de seus comentários, Pe. Ramiro Perotto foi intimado a prestar depoimentos à Polícia Civil na segunda-feira, 24 de agosto, após o Ministério Público Estadual requisitar a instauração de investigação criminal por suposta apologia ao estupro.
Segundo o MP, um ofício foi remetido à Paróquia São Paulo Apóstolo solicitando informações acerca das "providências administrativas de apuração da conduta" do sacerdote.
Na sexta-feira, 21 de agosto, o delegado da Polícia Civil, Pablo Carneiro, determinou a instauração de um Termo Circunstanciado de Ocorrência por crime de apologia supostamente praticado por Pe. Ramiro.
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