27 de dezembro de 2024 Doar
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Jovem cristã sequestrada por muçulmano e obrigada a se casar fugiu no Paquistão

Maira Shahbaz, uma jovem cristã paquistanesa sequestrada e forçada a se casar. Crédito: Ajuda à Igreja que Sofre.

Maira Shahbaz é uma menina cristã paquistanesa que foi sequestrada, forçada a se casar com seu sequestrador e a se converter ao Islã. A jovem fugiu da casa de Mohamad Nakash, um homem que, segundo o Tribunal de Lahore (Paquistão), é seu marido legítimo.

Depois de fugir, Maira foi a uma delegacia de polícia e declarou, entre outras coisas, que havia sido filmada enquanto era estuprada por seu sequestrador. Fontes próximas à família garantem que a jovem foi obrigada a se prostituir.

Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) recebeu uma cópia das declarações de Maira por parte de seu advogado, Khalil Tahir Sandhu. Nelas, a jovem descreve à polícia como foi sequestrada e as atrozes crueldades que sofreu no cativeiro.

Agora ela, sua mãe e três irmãos estão em fuga e seu paradeiro é desconhecido por medo de represálias.

"Eles ameaçaram matar toda a minha família. Minha vida estava em jogo, nas mãos dos sequestradores. Nakash repetidamente me estuprou com força", assegurou em sua declaração.

Maira também garantiu às autoridades que foi forçada a se converter ao Islã, foi enganada e obrigada a assinar documentos em branco, além de ser extorquida pelo sequestrador.

Também afirmou que foi ameaçada por Nakash e outros cúmplices a publicar na internet o vídeo em que é estuprada, caso não cumprisse suas exigências.

Lala Robin Daniel, amiga da família de Maira, garantiu numa entrevista à ACN que "Maira está traumatizada. Ela não pode falar. Queremos levá-la ao médico, mas temos medo de sermos vistos. Todos nós estamos com muito medo, mas colocamos a nossa confiança em Deus".

A família pediu a prisão de Nakash por crimes sexuais envolvendo uma menor e seu advogado pediu aos tribunais o cancelamento de seu casamento e o reconhecimento do uso da violência para obter a conversão.

Por sua vez, o suposto sequestrador reagiu solicitando a prisão da mãe da vítima e de seus tios, alegando que haviam sequestrado a menina.

Esses eventos ocorrem quase três semanas depois que a Corte de Lahore (Paquistão) sentenciou a favor de Nakash.

Em 28 de abril de 2019, Nakash, junto com dois outros cúmplices armados, sequestrou a jovem Maira Shahbaz perto de sua casa em plena luz do dia. A família impugnou sistematicamente o suposto casamento de Nakash com Maira, o advogado de Maira apresentou no tribunal uma certidão de nascimento oficial para provar que a menina tinha 13 anos no momento da suposta cerimônia que teria ocorrido em outubro passado.

O clérigo muçulmano mencionado na certidão de casamento considerou-a falsa e foi à polícia para registrar uma denúncia.

Segundo o último Relatório sobre Liberdade Religiosa no Mundo, publicado pela Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), o sequestro e a conversão forçada de mulheres de minorias religiosas, muitas vezes acompanhados de estupro e outras formas de violência sexual, é um grave problema de violações dos direitos humanos em vários países, especialmente no Paquistão e no Egito.

Esses sequestros não seguem um padrão estabelecido, alguns são oportunistas e outros são realizados por grupos organizados. Uma parte importante deles não é motivada exclusivamente pela fé religiosa, mas por uma combinação de fatores, incluindo, em alguns casos, incentivos financeiros.

Organizações não governamentais no Paquistão estimam que pelo menos 1.000 mulheres cristãs e hindus são sequestradas a cada ano e forçadas a se converter ao islamismo e se casar com seu agressor. No Egito, cerca de 550 mulheres cristãs entre 14 e 40 anos desapareceram de 2011 a 2014 e continuam sequestrando meninas regularmente.

De acordo com a Comissão de Direitos Humanos do Paquistão e o Movimento pela Solidariedade e Paz do Paquistão, os sequestros de mulheres estão aumentando. As autoridades costumam dizer aos pais que a menina se converteu e se casou por vontade própria. Muitas famílias nem sequer denunciam o crime ou retiram a denúncia devido às ameaças contra outros membros da família.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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