Roma, Sep 2, 2020 / 11:59 am
O Arcebispo de Minsk-Mogilev e Presidente do Episcopado da Bielorússia, Dom Mogilev Tadeusz Kondrusiewicz, disse que é "completamente incompreensível" que as autoridades não tenham permitido sua entrada ao país, sem explicar o porquê, por isso solicitou a permissão para entrar para continuar seus trabalhos pastorais.
"Em 31 de agosto de 2020, enquanto cruzava a fronteira em Kuźnica Białostocka-Bruzgi, fui impedido de regressar a Bielorrússia sem nenhuma explicação, embora os guardas fronteiriços tenham se comportado muito corretamente", disse em uma carta publicada em 1° de setembro o também presidente dos Bispos Católicos da Bielorrússia.
Apesar disso, o Arcebispo assegurou que "a decisão da Guarda de Fronteira é completamente incompreensível para mim como cidadão da República da Bielorrússia".
Nesse sentido, explicou que a "Lei da República da Bielorrússia nº 49-3 de 20 de setembro de 2009", afirma em seu artigo 3 que "o direito de um cidadão entrar na República da Bielorrússia não pode ser limitado".
"Solicitei ao Comitê Estatal de Fronteiras da República da Bielorrússia que esclareça a situação e cancele a decisão de proibir meu retorno à minha terra natal para cumprir meus deveres pastorais. Espero que seja apenas um mal-entendido incômodo, que será corrigido o mais rápido possível", escreveu o Prelado.
Em outro ponto, disse que essa "proibição de entrada" o impede de realizar seu "ministério pastoral e participar de eventos eclesiásticos planejados".
Disse ainda que nas "condições da atual crise sócio-política" no país, fez um "apelo" e continua "apelando ao diálogo e à reconciliação". "Eu absolutamente não quero que a decisão injustificada e sem lei da Guarda de Fronteiras agrave a tensão em nossa pátria", afirmou.
No final de sua carta, confiou seu povo à Virgem Maria e a São Miguel Arcanjo. "De todo o coração, os abençoo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo", acrescentou Dom Kondrusiewicz.
No mesmo dia 1° de setembro, o Bispo Auxiliar de Minsk-Mogilev, Dom Yuri Kasabutsky, disse ao Catholic.by que a situação de seu Arcebispo "é complicada e incompreensível" e que "neste momento, ainda não há explicações oficiais das autoridades".
"De Białystok, onde o arcipreste é obrigado a ficar agora, dirigiu um apelo ao rebanho da nossa Igreja, exortando-nos a rezar por uma solução para esta lamentável situação e para toda a crise sócio-política do nosso país. O nosso Metropolita não quer que o fato de não ter podido regressar a casa piore a já difícil situação da sociedade", disse o Prelado.
Dom Kasabutsky disse que "até que o arcebispo possa retornar, nossa arquidiocese ficará sem pastor e o episcopado católico da Bielorrússia sem cabeça".
"Portanto, devemos estar especialmente unidos neste momento difícil, e Deus não nos deixará", acrescentou.
O Arcebispo de Minsk-Mogilev, Dom Kondrusiewicz, é um cidadão bielorrusso, nascido em uma família de etnia polonesa. Ele se pronunciou recentemente em defesa dos manifestantes após uma eleição presidencial acirrada em 9 de agosto.
Na semana passada, exigiu uma investigação sobre as informações de que a tropa de choque bloqueou as portas de uma igreja católica em Minsk ao remover manifestantes de uma praça próxima.
Além disso, em 19 de agosto, rezou do lado de fora de uma prisão onde manifestantes presos foram supostamente torturados.
Bielorrússia, um país de 9,5 milhões de habitantes que faz fronteira com a Rússia, Ucrânia, Polônia, Lituânia e Letônia, tem sido palco de protestos generalizados desde que Alexander Lukashenko foi declarado vencedor das eleições presidenciais com 80% dos votos.
Lukashenko é o presidente da Bielorrússia desde 1994, três anos depois que o país declarou sua independência da União Soviética.
Autoridades eleitorais disseram que a candidata da oposição, Sviatlana Tsikhanouskaya, obteve 10% dos votos. Foi detida por várias horas depois de se queixar ao comitê eleitoral e fugiu para a Lituânia.
Além disso, a Polícia prendeu milhares de manifestantes que exigiam a recontagem dos votos. Apesar da repressão severa, os protestos continuaram em todo o país.
Em 21 de agosto, Dom Kondrusiewicz se encontrou com o ministro do Interior, Yuri Karaev, para expressar sua preocupação com a dura resposta do governo aos protestos.
Os católicos são a segunda maior comunidade religiosa na Bielorrússia, depois dos cristãos ortodoxos, que representam cerca de 15% da população.
O Papa Francisco pediu justiça e diálogo na Bielorrússia depois de rezar o Ângelus em 16 de agosto.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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