22 de dezembro de 2024 Doar
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Arcebispo cujo pai foi assassinado se pronuncia contra a pena de morte

Quarto de execuções nos Estados Unidos. Crédito: Departamento de Correções e Reabilitação da Califórnia Wikipedia CC 2.0.

O Arcebispo de Kansas City, Dom Joseph. F. Naumann, cujo pai foi assassinado quando sua mãe estava grávida dele, protestou contra a pena de morte nos Estados Unidos e pediu ao governo que suspenda as execuções federais, que foram retomadas em julho depois de estarem 17 anos suspensas.

Segundo informa a CNA, agência em inglês do Grupo ACI, Dom Naumann, que também atua no Comitê Pró-Vida do episcopado dos Estados Unidos, teve seu pai assassinado em 1948 pelas mãos de um funcionário que o esfaqueou como vingança por ter sido demitido.

Fred Naumann, pai do Arcebispo, tinha 31 anos quando morreu. "Meu próprio pai foi assassinado. Meu irmão tinha dois anos e minha mãe estava grávida de mim", disse o Prelado em um vídeo publicado por Catholic Mobilizing Network.

"Sim, eu vi minha mãe lutar para sustentar nossa família sem a ajuda de meu pai e vi a dor que sofreu por perder o amor de sua vida. Também sei como é crescer sem pai", compartilhou o Arcebispo.

Dom Naumann disse que "o assassinato é um mal indescritível. Os autores deste crime cometeram uma grande injustiça, não só à pessoa assassinada, mas também aos seus entes queridos".

Diante dessa realidade, "o sistema de justiça criminal tem a responsabilidade de proteger os inocentes da vitimização e de impedir a prática de crimes violentos. No entanto, nos Estados Unidos em 2020, temos a capacidade de proteger a sociedade de criminosos violentos sem recorrer à pena de morte".

"Ao pedir a abolição da pena de morte e pedir ao governo federal que não continue retomando a pena de morte, não é minha intenção minimizar a dor e a perda de indivíduos e famílias que sofreram a morte de um ente querido em consequência de um crime violento", continuou.

Dias antes de publicar o vídeo, os bispos norte-americanos criticaram o governo federal por retomar as execuções, aplicando a pena de morte a cinco pessoas entre julho e agosto. Duas outras sentenças de morte estão programadas para setembro.

Em um comunicado de 27 de agosto, Dom Naumann disse em nome dos bispos que "a oposição da Igreja à pena de morte é clara e temos feito muitos pedidos para que o governo federal não retome essas execuções. No entanto, o Governo não só as realizou como já tem várias outras programadas".

O assassino de uma santa se converteu

Em seu vídeo, o Arcebispo de Kansas City relembrou o caso de Santa Maria Goretti, a adolescente italiana que foi assassinada por um homem que tentou estuprá-la.

"Em nossa tradição católica, veneramos alguns santos como modelos de virtude heroica, como a adolescente italiana que viveu no século XX chamada Maria Goretti. Em 1902 foi atacada por um homem chamado Alessandro, que tentou estuprá-la. Quando disse que preferia morrer a ceder, ele a esfaqueou várias vezes e em sua agonia Maria perdoou Alessandro, que ficou preso por 27 anos".

O Prelado explicou que, durante o período em que esteve na prisão, Alessandro "se converteu e lamentou profundamente o grande mal que causou a Maria e a sua família. Após sua libertação, foi diretamente procurar a mãe de Maria para pedir perdão".

"Inspirada pela compaixão de Maria ao morrer, sua mãe também perdoou Alessandro", continuou o Arcebispo.

Na cerimônia de canonização de Maria Goretti, em 1950, na Praça de São Pedro no Vaticano, "Alessandro estava entre a multidão de 250 mil pessoas que se reuniram para celebrar a curta vida terrena de Maria Goretti".

O Arcebispo disse que olhando para a conversão do assassino de Santa Maria Goretti, pode-se entender que "a pena capital é a resposta errada para crimes horríveis".

"É errado responder à violência com violência aprovada e estabelecida pelo Governo. Ao matar em nome da justiça, nossa sociedade se rebaixa ao nível de um assassino", destacou.

"Nosso sistema deve se concentrar na transformação e mudança dos criminosos, não em sua execução", acrescentou Dom Naumann.

Finalmente, o Prelado ofereceu suas orações por "nossa nação para que protejamos os inocentes, atendamos melhor as famílias, trabalhemos pela justiça e não respondamos ao assassinato de inocentes seguindo o ciclo de violência com assassinatos sancionados pelo Estado".

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.

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