ALEPPO, Sep 23, 2020 / 11:39 am
O Vigário Apostólico de Aleppo, Dom Georges Abou Khazen, lamentou a morte por COVID-19 de dois sacerdotes franciscanos em Aleppo e disse que as sanções internacionais contra a Síria prejudicam os cuidados de saúde e minam a capacidade da Igreja de ajudar.
Em declarações a Asia News, Dom Khazen assinalou que os padres franciscanos pertenciam ao Colégio da Terra Santa, localizado em Aleppo, metrópole econômica e comercial da Síria. Indicou que o sacerdote mais velho, Pe. Edward Tamer, de 82 anos, gozava de boa saúde e que o Pe. Firas Hejazin tinha apenas 49 anos.
O Prelado informou que ambos faziam parte dos cinco sacerdotes franciscanos que pertenciam à cidade de Aleppo e destacou que dos três que permanecem vivos, dois estavam infectados com COVID-19 e apenas um, o Pe. Ibrahim Alsabagh, pároco da paróquia Latina, em Aleppo, não contraiu a doença.
Explicou que as sanções internacionais contra a Síria "atingiram mais uma vez os segmentos mais frágeis da população", pois não só tornam a situação de saúde ainda mais crítica devido à pandemia, mas também afetam a capacidade da Igreja para fornecer assistência e ajuda humanitária aos mais necessitados.
"Não temos meios, recentemente conseguimos um centro em Aleppo e Damasco para examinar os resultados dos testes de coronavírus. Este é o efeito das sanções internacionais contra a Síria", afirmou.
Cada vez mais, "ouvimos as pessoas dizerem que erraram ao não fugir. Com este vírus é cada vez mais difícil levar nossa solidariedade às famílias e isso faz com que as pessoas sofram ainda mais", assinalou Dom Khazen. Às vezes, "nós, líderes cristãos, não sabemos o que dizer, mas tentamos ficar com o povo e ajudar o máximo possível", acrescentou.
Segundo a Universidade Johns Hopkins, até o momento a Síria tem 3.800 casos confirmados de pessoas com COVID-19 e 172 mortes.
O Prelado especificou que no auge da pandemia de COVID-19 entre junho e agosto, todos os dias sepultavam "10 cristãos vítimas do coronavírus". Além disso, indicou que tiveram que "fechar as igrejas e transmitir as celebrações e a Eucaristia pela Internet" para evitar contágios.
Assinalou que a situação em Aleppo "é uma tragédia dentro de uma tragédia". As pessoas dizem que a vida era melhor durante a guerra, pois "hoje temos que lutar contra o vírus, a inflação, o custo de vida... Comprar gasolina pode demorar três ou quatro dias. Pode levar horas para comprar algum pão".
Apesar de tudo, Dom Khazen afirmou que as medidas "como a obrigação de usar máscaras, manter o distanciamento social e cancelar os eventos e encontros massivos funcionaram". Após o pico mais alto registrado, a taxa de mortalidade parece ter diminuído e o número de mortes está diminuindo constantemente.
A este respeito, informou que há quatro semanas os serviços paroquiais foram retomados "com todas as precauções possíveis" e embora "os funerais tenham sido realizados nos cemitérios, os batismos e os casamentos se reservam a familiares diretos".
Além disso, afirmou que "desde 13 de setembro as escolas foram reabertas" e que "ainda estamos tentando ver quais seriam os efeitos".
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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