24 de novembro de 2024 Doar
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Bispos respondem a exigência de López Obrador e pedirão perdão por abusos na conquista

Imagem referencial | Andrés Manuel López Obrador. Crédito: Site oficial / lopezobrador.org.mx

Após a exigência do presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, para que a Igreja Católica peça perdão pelos abusos cometidos durante a conquista da América há 500 anos, Dom Rogelio Cabrera López, presidente da Conferência do Episcopado Mexicano (CEM) e Arcebispo de Monterrey, garantiu que o farão em 2021.

Através de uma carta levada ao Vaticano por sua esposa, Beatriz Gutiérrez Müller, em 10 de outubro, López Obrador reiterou recentemente sua exigência ao Papa Francisco para que peça perdão em nome da Igreja Católica.

Em sua carta, o presidente do México disse ao Santo Padre que "tanto a Igreja Católica, a Monarquia espanhola e o Estado mexicano devemos apresentar um pedido público de desculpas aos povos originários que padeceram as atrocidades mais vergonhosas para saquear seus bens e terras e submetê-los".

A repetida exigência de López Obrador foi recebida com críticas por diferentes âmbitos da Igreja Católica, entre os quais o reitor da Universidade Pontifícia do México (UPM), Pe. Mario Ángel Flores Ramos, que advertiu sobre a "ignorância" ou "certa maldade" na solicitação do mandatário.

Por sua vez, Dom Miguel Ángel Alba Díaz, Bispo da Diocese de La Paz, no estado de Baja California Sur, respondeu a López Obrador, lembrando que o governo do México deve pedir "perdão por fatos mais recentes, que peça perdão pelas leis, pela Constituição de 17 e a Lei Calles, que violara a liberdade religiosa de 90% da sua população, dos seus próprios cidadãos, que obrigava os cristãos a viverem na clandestinidade".

"Que peça perdão por todos aqueles que foram sumariamente assassinados pelas autoridades durante a CRistiada", disse o Prelado, lembrando os crimes cometidos durante a Guerra Cristera no início do século XX.

Em coletiva de imprensa no dia 15 de outubro, Dom Cabrera López disse que "honestamente, não sei se o Papa dirá alguma palavra sobre este pedido da carta. O que posso dizer como presidente da Conferência Episcopal é que faremos um pronunciamento, um comunicado a tempo, sabendo que a data para o fazer é no próximo ano, 2021, que é o 200º aniversário da consumação da independência" .

"Queremos fazê-lo, mas também queremos traçar uma rota, como sempre fizemos em favor dos povos originários", afirmou o presidente da CEM.

Dom Cabrera López acrescentou que "é claro que as pessoas e as instituições devem saber pedir perdão" e destacou que "os povos originários têm uma longa história de sofrimento. Não foi só o início da conquista, mas ao longo de todos os séculos e até hoje ainda há muitos danos aos seus direitos".

"Sem dúvida há acontecimentos dolorosos e trágicos", indicou, como "a conquista de Tenochtitlan", a atual Cidade do México.

"Mas também nos últimos tempos no México existem questões que lastimam o olhar, que obscurecem o panorama. É o caso de Ayotzinapa. E assim poderíamos listar muitos outros acontecimentos que quebraram a comunhão, a comunidade humana", disse, lembrando o desaparecimento de 43 jovens na cidade de Ayotzinapa, no estado de Guerrero, em 2014.

"A Igreja Católica no México está sempre disposta não só a pedir perdão, mas a ter uma memória sempre penitencial para continuar neste caminho de reconciliação", afirmou.

O presidente da CEM recordou que "os Papas já o fizeram em seu momento", mas "cabe também a nós, neste momento, assumir esta responsabilidade".

Para Dom Cabrera López, "não podemos ter um olhar farisaico: os maus foram antes e os bons estamos agora. Não, não, todos temos que assumir a nossa responsabilidade".

"Não sei se é necessário que o Papa responda ou não, mas a Igreja Católica no México com certeza sempre quer endossar esse pedido ao povo e, claro, temos que fazer isso com todas as instituições: as instituições governamentais que também são herdeiras, mesmo que se distanciem, são herdeiras do passado, assim como nós também somos herdeiros de um passado que temos que meditar, que temos que interpretar e acima de tudo temos que mudar", assinalou.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.

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