Vaticano exorta ONU a fazer progresso genuíno em direção ao desarmamento nuclear

BasilicaSanPedro_Vaticano_AlexeyGotovskiy_ACI.jpg Basílica de São Pedro no Vaticano. | Alexey Gotovskiy / ACI Prensa

Um representante do Vaticano indicou às Nações Unidas que é imoral o uso de armas nucleares como meio de dissuasão e pediu "progresso genuíno" em direção ao desarmamento nuclear completo.

O Observador Permanente da Santa Sé ante as Nações Unidas, Dom Gabriele Caccia, assinalou no dia 19 de outubro, no primeiro debate geral do comitê da ONU em Nova York, que "buscar a segurança pelas armas... só nos faz cada vez mais inseguros".

"As doutrinas estratégicas dos Estados Possuidores de Armas Nucleares têm contribuído para fomentar esse clima de medo, desconfiança e hostilidade que aflige o mundo hoje", lamentou.

Dom Caccia destacou que o desarmamento completo deve começar "com uma renúncia às estratégias de defesa que confundem a distinção entre armas nucleares e convencionais".

"Se é imoral ameaçar usar armas nucleares para fins de dissuasão, é ainda pior fingir usá-las como mais um instrumento de guerra, como proposto por algumas doutrinas nucleares", ressaltou o Prelado, citando o discurso do Papa Francisco em 2017.

Atualmente, nove países possuem ogivas nucleares: Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido, Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte.

A Federação de Cientistas Americanos (FAS) assinalou que, entre esses países, Estados Unidos, Rússia e Reino Unido vêm reduzindo seus estoques nucleares, enquanto China, Paquistão, Índia e Coreia do Norte estão ampliando seus arsenais.

Embora o número de armas nucleares no mundo tenha diminuído significativamente de seu pico estimado de mais de 70 mil em 1986, a FAS informou que havia aproximadamente 13.410 ogivas no mundo no início de 2020.

Dom Caccia pediu a todos os estados que possuem armas nucleares que façam "uma promessa de No-First-Use", o que mostraria o compromisso dos países de não usar essas armas até que sejam atacados primeiro.

Além disso, elogiou o Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares (TPNW) de 2017 por fornecer "pleno reconhecimento às enormes consequências humanitárias que resultariam de um conflito em que armas nucleares fossem usadas".

"Enquanto esperamos o dia da entrada em vigor do TPNW, é imperativo seguir incentivando, por meio de uma atividade diplomática concertada, a participação de todos os estados possuidores de armas nucleares nas negociações para estabelecer limites, senão reduções, em suas armas nucleares", acrescentou.

Dom Caccia citou o Santo Padre e assinalou que o verdadeiro progresso em direção ao "desarmamento geral e completo deve liberar recursos muito necessários 'que podem ser usados ​​para beneficiar o desenvolvimento integral dos povos e proteger o meio ambiente'".

"A Santa Sé pede para renovar a consideração de estabelecer 'um Fundo Global', como exortou pela primeira vez o Papa Paulo VI, para ajudar os povos mais pobres com uma porcentagem dos gastos militares: uma expressão contemporânea e muito necessária de 'transformar espadas em arados e lanças em foices", acrescentou.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.

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