22 de dezembro de 2024 Doar
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Mães impulsionam oração do Santo Terço em país de maioria muçulmana

Foto referencial. Crédito: Pixabay.

Em Bangladesh, a tradição incentiva as mães católicas a serem promotoras do amor ao Terço em suas famílias, um testemunho notável, especialmente se levar em conta que elas vivem em um país onde 90% da população é muçulmana e no qual não faltam episódios de ataques anticristãos.

Pe. Suresh Purification, coordenador do Ministério do Terço na Diocese de Rajshahi, no norte de Bangladesh, disse a UCA News que todos os anos são organizadas várias atividades para promover a devoção ao Terço e o amor à Virgem Maria.

"Não só em outubro, mas ao longo do ano organizamos programas e encontros de oração. As pessoas amam Maria e creem que Ela ouve suas orações. Ajudamos as pessoas a perceberem como podem ser abençoadas rezando a Maria", disse Pe. Purification.

Segundo a tradição, são as mães que promovem a recitação do Terço nas suas famílias. Para Francisca Palma, mãe católica de 55 anos, professora primária aposentada e membro da Paróquia Maria Virgo Potens da Diocese de Rajshahi, a devoção à Virgem Maria e a oração do Terço todas as noites fazem parte de seu cotidiano e da tradição de sua família e comunidade.

Palma disse que tem "grande estima pela Mãe Maria" e que "reza o Terço todas as noites". "Herdamos essa tradição de nossos antepassados e estamos felizes em continuar", explicou.

Por sua vez, Pe. Elias Palma, diretor nacional dos Ministérios da Família da Santa Cruz, explicou que em cada diocese uma equipe trabalha "com diferentes faixas etárias", das quais nascem as "vocações religiosas".

Explicou que em cada programa, distribuem terços, livros de orações, calendários, imagens e estátuas da Virgem Maria para incentivá-los a continuar a rezar o Terço.

Em outubro, mês que a Igreja Católica dedica à oração do Terço, Francisca Palma disse que se une a centenas de mulheres, homens e crianças das aldeias vizinhas à sua paróquia para rezar de porta em porta todos os mistérios do Terço. "Uni-me a várias orações do terço nas aldeias com meu filho e minha filha. As pessoas vêm para rezar voluntariamente e participam ativamente", disse.

Além disso, assinalou que neste mês se rezou o Terço em comunidade "com intenções especiais: pelo fim da violência contra as mulheres, pela paz no mundo e pelo bem-estar da humanidade". Em relação à violência, Palma se referiu ao alarmante aumento de estupros de mulheres no país.

Por sua vez, Shyamoli Halder, mãe de 42 anos e membro da Catedral de São Patrício, localizada na Diocese de Barishal, disse que em outubro costumam se reunir com os demais fiéis para rezar a oração mariana em comunidade, seja em um santuário , com a família ou na igreja paroquial.

Essa prática devocional "faz parte da rotina familiar diária", disse Halder e incentivou as famílias a rezar o terço, caso ainda não o tenham feito.

No entanto, Francisca Palma lamentou que o interesse pelo Terço esteja diminuindo. "Nem todo mundo está interessado em rezar o terço. Às vezes, vemos pessoas saindo do lugar no meio da oração", disse.

Para ela, isso se deve ao fato de que "os pais não rezam nem oferecem educação moral aos filhos, e às vezes não gostam dos líderes religiosos e não escutam seu chamado para rezar".

Entretanto, considera que a crise pode ser administrada "se as famílias, comunidades e paróquias desempenharem seu papel corretamente".

Por sua vez, Pe. Palma disse a UCA News que a queda do interesse se deve à agressividade da mídia moderna. "É verdade que as orações familiares diminuíram devido à modernidade, à mídia e à vida agitada das pessoas. Continuamos nosso movimento para manter a oração em nossas famílias", declarou.

História do Santo Terço em Bangladesh

Na década de 1950, o movimento do terço familiar começou a se espalhar em Bangladesh graças ao sacerdote irlandês da Santa Cruz, Pe. Patrick Peyton (1902-1992), chamado de "o sacerdote do Terço", por dedicar toda a sua vida a promover sua oração ao redor do mundo.

Pe. Peyton, cuja frase mais memorável é "Família que reza unida permanece unida", visitou o Paquistão Oriental, hoje Bangladesh, em 1955 e pregou em duas paróquias da Arquidiocese de Dhaka sobre a importância da oração do Terço.

Desde então, as dioceses católicas têm se empenhado em difundir essa devoção. Atualmente, as oito dioceses católicas de Bangladesh têm santuários marianos, onde as pessoas vão regularmente para rezar e venerar a Virgem Maria.

A Congregação da Santa Cruz, a maior ordem religiosa em Bangladesh, se encarregou de continuar a missão de Pe. Peyton através dos Ministérios da Família da Santa Cruz (HCFM), que são distribuídos nas paróquias diocesanas sob o nome de "Ministérios do Terço".

Viver entre uma maioria muçulmana

Dos 166 milhões de habitantes de Bangladesh, 90% são muçulmanos. Em seguida, vêm os hindus. Existem apenas 600 mil cristãos no país, dos quais 380 mil são católicos.

Segundo o relatório de 2018 da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), como os cristãos são uma minoria, os muçulmanos do Estado muitas vezes os discriminam por causa de sua fé e grupos terroristas islâmicos costumam atacá-los e ameaçá-los de morte.

De acordo com ACN, os muçulmanos também os segregam por causa de suas raízes indígenas, pois, de acordo com a constituição do país, as minorias étnicas e religiosas têm direitos limitados. Além disso, muitas vezes são vítimas de roubo de terras, devem tolerar injustiças nas escolas públicas e na procura de emprego.

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Nesse contexto, a Igreja Católica é a única instituição que intercede em favor de seus direitos e defende o livre exercício da religião. Também promove a educação, a saúde e o diálogo inter-religioso, já que 100 mil alunos frequentam escolas católicas todos os anos, a maioria dos quais são muçulmanos, disse a ACN.

Embora esta perseguição contínua ameace o livre exercício da fé em Bangladesh, por mais de 50 anos o Terço foi a forma mais comum de oração noturna nas famílias católicas e é frequentemente conduzido pelas mães.

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.

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