23 de novembro de 2024 Doar
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Bento XVI se distancia de comunidade católica investigada por abusos

Papa Emérito Bento XVI em uma imagem de arquivo. | Fundação Ratzinger

O Papa Emérito Bento XVI se distanciou da Comunidade de Católicos Integrados (IG, na sigla em alemão), grupo com o qual manteve estreitos vínculos por décadas, mas agora está sob investigação canônica por abuso psicológico sobre seus membros.

De acordo com a revista alemã "Herder Korrespondenz", o Papa Emérito tomou esta decisão em 25 de outubro.

Segundo a publicação alemã, Bento XVI teria declarado que "obviamente não fui informado sobre algumas coisas da vida interna de IG, inclusive fui enganado, o que lamento".

O agora Papa Emérito concedeu a este grupo o reconhecimento eclesiástico quando era Arcebispo de Munique e Freising, entre 1977 e 1982.

A agência em alemão do Grupo ACI, CNA Deutsch, informou que Bento XVI assegurou que, "a princípio, não percebi que na tentativa de moldar integralmente elementos da vida cotidiana a partir da fé, também podiam se produzir terríveis distorções da fé".

"Lamento profundamente que isso tenha transmitido a impressão de que todas as atividades da comunidade foram aprovadas pelo Arcebispo", assinalou.

A Comunidade Católica Integrada foi fundada em 1948 com a intenção, segundo sua própria descrição, de ser "um lugar para um cristianismo luminoso e íntegro".

A Comunidade obteve o reconhecimento eclesiástico em 1978 por parte dos Arcebispos de Paderborn e Munique. Em 1985, foi estabelecida como uma associação pública para crentes cristãos sob o direito canônico.

Em novembro de 2019, a Arquidiocese de Munique e Freising publicou um relatório interno no qual antigos membros do grupo descreviam intervenções em suas vidas privadas.

Essas intervenções incluíam a escolha do local de residência e o número de filhos por família, assim como atos de pressão psicológica sobre os familiares.

Um porta-voz da Arquidiocese de Munique e Freising informou que a decisão de investigar a comunidade mais profundamente foi tomada depois que IG obteve a confirmação por parte do Arcebispo de um presidente de seu comitê executivo. Essa etapa, que é exigida das associações públicas da Igreja, ocorreu em novembro de 2010.

Além disso, a Arquidiocese entrou em contato com antigos membros que fizeram acusações contra o grupo.

Ao mesmo tempo, o porta-voz disse que "estas conversas continuam hoje e seus resultados, por enquanto, estão incluídos no relatório provisório da visita. Nas duas reuniões realizadas em 2016 e 2018, realizadas entre antigos membros e a Arquidiocese, nenhum membro ativo de IG participou, embora tenham sido convidados".

Em novembro de 2019, um ex-membro da Comunidade expressou sua satisfação com a investigação e disse a CNA Deutsch que "foi um golpe de sorte e uma bênção para a Igreja e para os últimos membros de IG, pelos quais só se pode sentir lástima".

Sobre as possíveis consequências de uma hipotética recusa por parte do grupo em contribuir para o esclarecimento da situação, a Arquidiocese afirmou que IG, como associação pública da Igreja, pode ser solicitada a cooperar com os visitadores.

"Se continuar se evadindo no futuro, tomaremos as medidas adequadas que poderiam chegar à dissolução", disse o porta-voz da Arquidiocese.

No site de IG, que atualmente está desativado, a comunidade descrevia as acusações do relatório interno como "completamente infundadas".

Segundo a revista "Herder Korrespondenz", um membro do grupo afirmou que a comunidade havia decidido cessar totalmente suas "atividades como associação da Igreja". No entanto, a investigação da publicação alemã mostra que o grupo tem pensado em continuar com suas atividades "sob uma nova forma legal".

Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão.

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