NÁPOLES, Dec 9, 2020 / 19:41 pm
O Cardeal Crescenzio Sepe, Arcebispo de Nápoles, afirmou no seu discurso anual à cidade por ocasião da Solenidade da Imaculada Conceição que talvez "nada volte a ser como antes" e por isso, assinalou a possibilidade de que a pandemia de covid-19 nos estimule a ser mais fraternos que nunca, tal como nos convida o Papa Francisco em sua Encíclica Fratelli Tutti.
"Mudar a situação não pode ser apenas fruto do resultado de projetos e esforços humanos. As ansiedades da nossa existência são demasiado profundas para serem curadas apenas por expedientes humanos. Precisamos de uma intervenção da livre iniciativa de Deus", destacou o purpurado.
"Dado que este vírus atingiu toda a humanidade, semeando pânico, sofrimento e morte, ouvimos muitas vezes que nada será o mesmo que antes. Mas será verdade que nada será como antes? Com todos estes sacrifícios, dores, desconfortos e sofrimentos que estamos a viver, não teremos aprendido a ser um pouco mais irmãos e irmãs, como convidou o Papa Francisco? ".
Segundo o Cardeal Sepe "para algumas pessoas o "eu" continua a prevalecer, enquanto o vírus, nivela a todos, e isto convida-nos a unir-nos, à fraternidade na hora do perigo e na busca de uma sinergia indispensável sem a qual não será suficiente uma vacina que nos contenha nem hospitais para receber-nos e curar-nos, não há futuro para ninguém. "O vírus está nos levando a compreender que somos pessoas frágeis e inconsistentes, levando-nos a semear terror e dor, fazendo-nos continuar a contar dezenas e centenas de mortes todos os dias", pontuou.
"Se as prescrições dadas - ressaltou - devem ser observadas por cada um de nós, aqueles que têm a responsabilidade de governar a comunidade têm, portanto, a obrigação de unir forças, encontrar os entendimentos certos e trabalhar pelo bem comum, colaborando e integrando-se na busca de possíveis soluções e medidas necessárias para satisfazer os direitos de cada indivíduo e de todos. Afinal de contas, a saúde de cada pessoa deve ser protegida em primeiro lugar, mas é também obrigatório assegurar trabalho e rendimentos para todos, condições prévias para uma vida viável e digna. O verdadeiro risco é que, se não se morre do vírus, se morre de miséria e fome", asseverou o arcebispo.
"Pensemos seriamente - concluiu o Arcebispo de Nápoles – sobre aquilo de que "nada será como antes" e digamos com coragem que nada tem que ser como antes e tornemo-nos mais fraternos do que nunca, abrindo espaço para uma maior solidariedade, respeitando-nos mutuamente e apertando as mãos para nos colocarmos juntos ao serviço do bem de todos".
"Mostremos que o sofrimento e a dor, juntamente com sacrifícios e desconforto, nos tornaram homens diferentes, reais, mais responsáveis, mais dispostos a interagir e, na medida do possível, de satisfazer as necessidades e os direitos dos outros; de compreender o estado de espírito daqueles que são forçados a pedir ajuda. Então, até mesmo as mortes, que temos lamentado com tanta dor, tornar-se-ão geradores de vida nova em cada um de nós e em toda a comunidade, para que assim possamos ter mais saúde, mais trabalho, mais bem comum, mais justiça e mais paz".
Publicado orginalmente em ACI Stampa, traduzido e adaptado por Fabio Loutfi.
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