Buenos Aires, Dec 28, 2020 / 09:30 am
Em uma cerimônia presidida no dia 26 de dezembro, Dom Óscar Vicente Ojea, Bispo de San Isidro e presidente da Conferência Episcopal Argentina (CEA), confiou a Nossa Senhora de Luján, em seu santuário, "a causa da vida" em face da tentativa de legalizar o aborto promovida pelo governo.
A Missa foi concelebrada pelo Cardeal Mario Poli, Arcebispo de Buenos Aires e Primaz da Argentina; pelo Bispo de Chascomús, Dom Carlos Malfa; pelo Arcebispo de Mercedes-Luján, Dom Jorge Eduardo Scheinig; e pelo Bispo Auxiliar de Buenos Aires, Dom Enrique Eguía Seguí.
Dom Ojea assinalou em sua homilia que "levamos ao coração da Virgem este ano que termina, no qual a humanidade está atravessada por uma crise de saúde que nos deixa expostos em todas as nossas fragilidades. Com esta dura provação, mais uma vez ficou em evidência um dos lados mais preciosos de nosso povo, a solidariedade".
"Este espírito de solidariedade continua vigente em tantas pessoas que se entregaram ao serviço e ao cuidado da vida dos demais, embora ao mesmo tempo tenham se revelado as gravíssimas iniquidades, ineficiências estruturais assim como interesses mesquinhos em alguns e a negação da realidade de outros", assinalou.
Diante de tudo isso, frisou, "nos conforta muito saber que o povo argentino optou principalmente por cuidar da vida diante do rigor deste tempo sem precedentes".
No entanto, continuou, "não podemos esconder nossa dor diante da sessão iminente para tratar do projeto de lei do aborto".
"Publicamente expressamos a inoportunidade de tal projeto, não porque pensamos que haja um momento adequado para apresentá-lo, já que a posição de milhões de crentes e não crentes sobre este assunto é bem conhecida, mas quando falamos de um momento oportuno, queremos falar da sabedoria de ler em profundidade o que estamos vivendo, a magnitude e a complexidade da crise que atravessamos".
"Este Natal nos encontra em um momento histórico no qual precisamos de uma árdua reconstrução das fontes do trabalho, da educação, das instituições e dos laços fraternos. Muitas coisas foram quebradas e precisam ser curadas", disse.
O Prelado destacou que na Argentina "não poderemos construir se soltamos a mão do indefeso, se os direitos dos mais frágeis e dos mais pobres não forem reconhecidos. Este é um princípio da ética humana, pré-religiosa, que se baseia na ciência médica e no direito".
O Presidente da CEA lembrou que "quando o Dr. Tabaré Vázquez, ex-presidente do Uruguai recém-falecido, vetou a lei do aborto em seu país, não se baseou em suas crenças, pois se declarou agnóstico, mas na consciência de um médico que sabe perfeitamente quando começa o maravilhoso acontecimento da vida humana e que fez um juramento para defendê-la".
"Maria, nossa mãe, escolheu a vida ameaçada de uma criança no presépio, defendeu-a com coragem de Herodes e de seus soldados, acompanhou-a ao longo da vida pública de Jesus e acompanhou-a até a cruz, o momento mais duro e mais terrível", indicou.
"Este ano o povo argentino cuidou da vida, protegeu-a, alimentou-a, curou-a, chorou por ela, defendeu-a da pandemia, da fome, da falta de trabalho e da miséria. Por isso, estamos convencidos de que, com Maria de Luján, o povo continuará sempre escolhendo toda a vida e todas as vidas", acrescentou.
Ao concluir, Dom Ojea pediu a Nossa Senhora de Luján que "detenha o olhar sobre os legisladores que terão que decidir sobre um assunto de tão extrema delicadeza".
"Que possa provocar uma reflexão serena em suas mentes e em seus corações, que não abandonem as suas convicções mais profundas, para que todos os convidados ao banquete da vida possam ser recebidos por um povo que sabe criar as condições de justiça necessária para que cada um tenha seu lugar nesta grande mesa, sem excluir ninguém nem privilegiar alguns", expressou.
Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
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